Após 1 ano da morte, Justiça libera corpo de belga casado com cônsul alemão
A Justiça do Rio de Janeiro liberou o corpo do belga Walter Henri Maximilien Biot, encontrado morto na varanda de um apartamento em Ipanema em agosto do ano passado. Ele era marido do cônsul alemão Uwe Herbert Hahn, que chegou a ser preso sob suspeita de ter matado o companheiro, mas foi solto em agosto de 2022, por decisão do TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro).
O que aconteceu
O juiz Gustavo Gomes Kalil, da 4ª Vara Criminal, atendeu ao pedido do consulado da Bélgica, que havia questionado as autoridades brasileiras sobre a demora para a liberação do corpo.
O magistrado reconheceu que houve um "longo lapso de permanência" no IML. O juiz afirmou que a devolução é necessária para o "direito fundamental/natural da família de se despedir de seu ente querido".
Laudo apontou mais de 30 lesões no corpo. De acordo com os exames feitos pelo IML, o corpo de Biot tinha lesões como equimoses (manchas roxas), escoriações e outros tipos de ferimentos, espalhados pelos braços, pernas, tronco e cabeça.
No rosto, o laudo apontou ao menos quatro ferimentos. Na região do tronco, o IML identificou seis lesões. Ainda há mais dez ferimentos na região dos braços e das mãos. Os peritos também encontraram ferimentos no ânus e nas pernas.
Laudo contraria versão do cônsul
Para a Polícia Civil, a versão apresentada pelo cônsul de que o marido havia passado mal e batido a cabeça após um tropeço está na contramão do que indicam as conclusões do laudo pericial. Segundo a corporação, foram encontrados vestígios de sangue em vários lugares do apartamento onde o corpo de Biot foi encontrado.
Um amigo do casal disse que o cônsul era controlador e humilhava o marido. A polícia colheu os depoimentos de um amigo espanhol de Biot e da faxineira que trabalhava para o casal. Os nomes foram preservados, mas os relatos destacam a rotina de brigas entre o casal.
Devido a essas desavenças, Biot chegou a romper o casamento e viajar para a Bélgica, com despesas pagas por um amigo belga. Mas, depois de três meses, ele voltou para o Brasil e retomou o casamento.
A diarista também narrou à polícia a rotina de desavenças. Segundo ela, "em abril ou maio" a porta da despensa e um vidro do armário da cozinha estavam quebrados, como se houvessem sido atingidos por um murro ou algum objeto.
A mulher também afirmou que "por duas ou três vezes" notou manchas de sangue na fronha do travesseiro usado por Biot, e em julho notou um corte na testa do belga.
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