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'Tinha mais crianças, tragédia podia ter sido maior', diz membro da Alerj

Havia mais crianças na casa em que a menina Eloá Passos, de 5 anos, foi morta na manhã deste sábado (12), na Ilha do Governador, na zona norte do Rio de Janeiro. A "tragédia poderia ter sido maior" e a família da vítima está "indignada", diz João Luis Silva, articulador da ONG Rio de Paz e membro da Comissão de Direitos Humanos da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro).

O que aconteceu

Eloá foi baleada em casa. Havia outras crianças no local no momento, segundo Silva, que esteve com familiares da vítima neste sábado.

A família de Eloá Passos está vivendo um momento de "tristeza, indignação e revolta", diz o articulador da ONG Rio de Paz. O nome dela será colocado no mural em memória das crianças e policiais mortos fixado na ciclovia da Lagoa Rodrigo de Freitas, segundo a Rio de Paz.

A menina Eloá Passos, de 5 anos, foi morta na manhã deste sábado
A menina Eloá Passos, de 5 anos, foi morta na manhã deste sábado Imagem: Reprodução

Nos dois últimos anos, 15 crianças morreram baleadas por armas de fogo no estado do Rio de Janeiro, segundo levantamento da Rio de Paz.

Além da menina, um jovem de 17 anos morreu baleado hoje. Segundo a Polícia Militar, o rapaz estava armado e foi atingido em uma troca tiros com policiais do Batalhão da Ilha do Governador.

O que diz a polícia

A Polícia Militar afirmou que uma equipe do 17° BPM abordou dois homens em uma motocicleta, na rua Paranapuã, na Ilha do Governador. Na versão da corporação, "o ocupante de carona portava uma pistola."

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"O indivíduo [na carona] disparou contra a equipe [policial], e houve revide", de acordo com os policiais que atuaram na ação,

O homem que estava na carona da moto, na verdade, tinha 17 anos. Ele morreu. O homem que pilotava a motocicleta foi levado à 37ª DP para prestar esclarecimentos, segundo a Secretaria de Estado de Polícia Militar.

Após a troca de tiros, um grupo de manifestantes "ateou fogo em um ônibus na rua Paranapuã", diz a PM. O Batalhão de Rondas e Controle de Multidão (RECOM) e o Corpo de Bombeiros foram acionados.

O 17° BPM foi informado "sobre uma criança baleada no interior da comunidade do Dendê e que foi socorrida por familiares".

Segundo a PM, "não havia operação policial no interior da comunidade."

A corporação disse também que "o comando da unidade instaurou um procedimento apuratório para averiguar a conjuntura das ações e a corregedoria da corporação acompanha os trâmites." Segundo a PM, as imagens das câmeras corporais dos policiais serão disponibilizadas para auxiliar as investigações.

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O caso está sendo investigado pela Delegacia de Homicídios da Capital e 37ª DP

Crianças e adolescentes atingidos em ação policial

601 crianças e adolescentes foram baleados na região metropolitana do Rio nos últimos sete anos. Quatro de dez morreram.

Do total de baleados, 286 foram atingidos em ações policiais — o que representa 47,5%. Os dados fazem parte de um levantamento do Instituto Fogo Cruzado.

As demais 315 crianças e adolescentes foram atingidas em outras circunstâncias, como disputas entre grupos armados, execuções, homicídios, tentativas de homicídio, brigas, vítimas de disparos acidentais e ataques a civis.

"Os dados precisam ser levados em conta para o planejamento da segurança pública", afirma Cecília Olliveira, do Fogo Cruzado. "Não podemos deixar essas histórias se perderem. Nosso esforço é também de memória, porque sem ela a sociedade não se mobiliza."

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A história do Rio de Janeiro é marcada por crianças e adolescentes mortos e feridos. A gente sabe que não são casos isolados. Ágatha Félix, Maria Eduarda, João Pedro, Kauã, Alice, Emilly e Rebecca. Todo mundo lembra de um destes nomes.
Cecília Olliveira, diretora executiva do Instituto Fogo Cruzado

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