PM afasta comandante de Batalhão no Rio após mortes de menina e adolescente
A Secretaria Estadual da Polícia Militar do Rio de Janeiro afastou hoje o comandante do 17º BPM (Batalhão da Polícia Militar) da Ilha do Governador, zona norte do Rio. Na manhã deste sábado, Eloá da Silva dos Santos, de 5 anos, e Wendel Eduardo, de 17 anos, foram mortos na região. Moradores acusam a PM pelas mortes.
O que aconteceu
Afastamento ocorreu após Elóa e Wendel serem baleados e mortos. A menina morreu com um tiro no peito enquanto brincava dentro de casa. Já Wendel foi morto após abordagem da polícia.
A medida foi tomada para "dar uma maior lisura e transparência à averiguação dos fatos", disse a secretaria, por nota.
Nos dois últimos anos, 15 crianças e adolescentes foram mortos por armas de fogo na região metropolitana do Rio — a maioria por balas perdidas.
O que diz a polícia
A Polícia Militar afirmou que uma equipe do 17° BPM abordou dois homens em uma motocicleta, na rua Paranapuã, na Ilha do Governador. Na versão da corporação, "o ocupante de carona portava uma pistola."
"O indivíduo [na carona] disparou contra a equipe [policial], e houve revide", de acordo com os policiais que atuaram na ação.
O homem que estava na carona da moto, na verdade, tinha 17 anos. Ele morreu. Já a pessoa que pilotava a motocicleta foi levada à 37ª DP para prestar esclarecimentos, segundo a Secretaria de Estado de Polícia Militar.
Após a troca de tiros, um grupo de manifestantes "ateou fogo em um ônibus na rua Paranapuã", diz a PM. O Batalhão de Rondas e Controle de Multidão (RECOM) e o Corpo de Bombeiros foram acionados.
O 17° BPM diz ter sido informado "sobre uma criança baleada no interior da comunidade do Dendê". Era Eloá, que foi socorrida por familiares.
Segundo a PM, "não havia operação policial no interior da comunidade." A corporação disse também que "o comando da unidade instaurou um procedimento apuratório para averiguar a conjuntura das ações e a corregedoria da corporação acompanha os trâmites." Segundo a PM, as imagens das câmeras corporais dos policiais serão disponibilizadas para auxiliar as investigações.
O caso está sendo investigado pela Delegacia de Homicídios da Capital e 37ª DP.
Crianças e adolescentes atingidos em ação policial
601 crianças e adolescentes foram baleados na região metropolitana do Rio nos últimos sete anos. Quatro de dez morreram. Os dados são do Instituto Fogo Cruzado.
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Quero receberDo total de baleados, 286 foram atingidos em ações policiais — o que representa 47,5%. As demais 315 crianças e adolescentes foram atingidas em outras circunstâncias, como disputas entre grupos armados, execuções, homicídios, tentativas de homicídio, brigas, vítimas de disparos acidentais e ataques a civis.
"Os dados precisam ser levados em conta para o planejamento da segurança pública", afirma Cecília Olliveira, do Fogo Cruzado. "Não podemos deixar essas histórias se perderem. Nosso esforço é também de memória, porque sem ela a sociedade não se mobiliza."
A história do Rio de Janeiro é marcada por crianças e adolescentes mortos e feridos. A gente sabe que não são casos isolados. Ágatha Félix, Maria Eduarda, João Pedro, Kauã, Alice, Emilly e Rebecca. Todo mundo lembra de um destes nomes.Cecília Olliveira, diretora executiva do Instituto Fogo Cruzado
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