Influencer presa por tortura com maçarico em SP culpa vítima
A influencer Vitória Guarizo Demito, presa há três semanas por suspeita de torturar por 30 horas com maçarico um homem para obter os dados bancários dele, na zona sul de São Paulo, culpou a vítima, dizendo que ela pagou por sexo e pediu duas vezes para apanhar.
Já o homem afirmou à Polícia Civil que perdeu a consciência com um "boa noite, Cinderela" e foi obrigado a fazer mais de R$ 40 mil em transferências.
O que disse a influencer
No dia anterior [ao caso investigado por tortura, ocorrido em 18 de maio, o suposto cliente] pediu para apanhar e pediu para ser estuprado, o que é comum nesse tipo de programa (...). Muitos clientes gostam de apanhar, de fingir que estão sendo estuprados e até queimados, normalmente com cigarros.
Trecho do depoimento de Vitória Guarizo à Polícia Civil
"Ele teria interesse em fazer um programa em grupo", afirmou a influencer de 25 anos em depoimento na delegacia no dia 4 de agosto. Ela disse ter convidado o namorado Gabriel Duarte Meneses, que levou outro garoto de programa ao seu flat para o encontro com o cliente, segundo relato à Polícia Civil.
Vitória Guarizo disse à Polícia Civil que o suposto cliente fez sexo em grupo com ela e com os outros dois homens. Ainda de acordo com o relato, todos usaram drogas na ocasião. Os encontros ocorreram os dias 17 e 18 de maio, segundo ela.
Novamente, ele pediu para apanhar, dizendo que queria ser violentado (...). Ele já chegou com lesões no corpo.
Trecho do depoimento à Polícia Civil
Procurada, a vítima disse que só vai se manifestar sobre o caso para as autoridades.
Pagamentos por sexo grupal, diz influencer
Após o encontro, Vitória Guarizo disse ter dormido e ter sido acordada pelo namorado para sacar o dinheiro do pagamento pelo programa a pedido da própria vítima. Como não foi possível realizar a transação, contou ter retornado ao flat, onde o cliente fez os pagamentos pelo sexo grupal via Pix.
A influencer, que tem 1,1 milhão de seguidores no Instagram, disse ter cobrado uma quantia de R$ 1.400 pelos dois programas. Ela negou as acusações de roubo de mais de R$ 40 mil com transações bancárias e de que teria dado um "boa noite, Cinderela" para a vítima. Gabriel Duarte Meneses também foi preso por suspeita de envolvimento na tortura.
Vitória Guarizo rebateu acusações de envolvimento com o tráfico de drogas. No momento da sua prisão, a Polícia Civil encontrou uma grande quantidade de drogas no imóvel onde ela morava com o namorado. Ela alegou que os entorpecentes eram para consumo próprio.
Ela disse ainda que sofre com problemas psicológicos e que já foi internada para tratamento. A defesa da influencer anexou laudos junto à investigação que indicam que ela sofre transtorno mental. Também há exames de quatro internações no Hospital Albert Einstein nos últimos dois anos. Nelas, Vitória Guarizo recebeu medicamentos de uso controlado para a ansiedade e citou uso de drogas.
O que se sabe sobre o caso
O homem, um empresário de 46 anos, disse ao UOL ter sido torturado e agredido com pontadas de faca na sola do pé. Ele contou ter perdido a consciência com um "boa noite, Cinderela" ao ser obrigado a ingerir quatro comprimidos e um copo de suco amargo para ficar desacordado.
Quando nos encontramos, ela [Vitória] foi me levando para a cama. Aí, chegaram dois caras e começaram a me agredir. Fiquei amarrado por 30 horas e obrigado a permanecer na mesma posição, enquanto era ameaçado, queimado com um maçarico e levava pontadas com faca na sola do pé. A Vitória dizia que não queria ver sangue no apartamento e tapou a minha boca com uma fita.
Empresário de 46 anos vítima da tortura
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Quero receberO empresário tinha no corpo a mesma substância entorpecente apreendida no imóvel da influencer e do modelo, presos por suspeita de participação no crime. A confirmação veio de um exame toxicológico enviado na sexta-feira (28) para a Polícia Civil.
O exame que comprova a presença no sangue da mesma substância encontrada no imóvel é mais uma prova de que houve roubo qualificado com tortura e de que a vítima foi dopada. Além das agressões, o 'boa noite, Cinderela' também é uma forma de violência para deixar a vítima impossibilitada.
Eduardo Luís Ferreira, delegado do 27º DP, que investiga o caso
Depois de ser mantida em cárcere privado, a vítima contou ter acordado no banco traseiro do próprio carro na zona sul de São Paulo. O empresário ficou com marcas de queimadura por maçarico em um dos braços, sofreu uma fissura no nariz, deslocamento na retina e ficou desidratado após ser mantido refém.
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