Homem morre em ação da PM no Guarujá; número de mortos sobe para 25
Um homem foi morto por policiais militares na noite desta sexta-feira (1) no Guarujá, litoral de São Paulo.
Com essa, já são 25 as mortes decorrentes da Operação Escudo, desencadeada após o assassinato do PM da Rota, Patrick Bastos Reis, em 27 de julho. As ações policiais que resultaram em mortes são investigadas pelas corregedorias das polícias.
O que aconteceu
Policiais militares realizavam o policiamento quando suspeitos teriam fugido ao perceberem a aproximação dos oficiais, segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo.
Ainda de acordo com a SSP, um dos suspeitos teria atirado contra a equipe, que revidou contra ele. O Samu foi acionado e confirmou a morte.
Com o homem, a SSP diz ter apreendido uma pistola junto de uma mochila com drogas, balança de precisão e dinheiro.
Os casos de mortes decorrentes de intervenção policial estão em investigação pela Deic de Santos, com o apoio do DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa), e da Polícia Militar.
Denúncias de abuso de autoridade
Moradores relatam abuso de policiais durante operação. O UOL publicou uma série de reportagens com denúncias de moradores, que relatam episódios de abuso de autoridade e até assassinatos.
Ambulante Felipe Vieira Nunes, que morreu no Guarujá, teria sido torturado e assassinado. O UOL foi ao local da morte e ouviu moradores. Eles recolheram cápsulas nas ruas e acusam os policiais de atirar ao passar pela região.
Mulher diz que marido morreu indo ao mercado; outro morador acusa polícia de matar jovem enquanto dormia. "Mataram ele dormindo com um tiro no tórax", relatou o parente de um jovem morto em Santos. A mulher de um vendedor diz que o seu marido foi assassinado ao sair de casa para ir ao mercado. A SSP (Secretaria da Segurança Pública) diz que todas as mortes estão sendo investigadas.
As câmeras nos uniformes dos policiais só mostram três ações com mortes. As imagens enviadas ao MP-SP (Ministério Público de São Paulo) mostram apenas três das ações iniciais que resultaram em 16 mortes. A Promotoria teve acesso a filmagens de sete dessas ações, segundo a própria PM.
Sete em cada dez presos em flagrante na operação são negros. O dado é de um levantamento da Defensoria Pública. O relatório preliminar analisou prisões e capturas entre 27 de julho e 15 de agosto, com base em 170 casos apurados. Nesse período, outras 94 pessoas presas eram procuradas pela Justiça, de acordo com os dados obtidos pela Defensoria.
Em 90% dessas prisões em flagrante não teve apreensão de armas. E em 67% não houve drogas apreendidas, segundo aponta o relatório.
A Ouvidoria [da Polícia do Estado de São Paulo] vê com muita preocupação as informações que apontam para um quadro onde a maioria das pessoas presas em flagrante no período da operação é preta e parda, não tinha antecedentes, e não possuía arma de fogo.
Cláudio Silva, ouvidor da Polícia do Estado de São Paulo
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