Conteúdo publicado há 9 meses

Diretor da PRF diz que viatura do caso Heloísa não tem marca de tiro

O diretor-geral da PRF, Fernando Antonio Oliveira, diz que não foi identificada nenhuma marca de tiro contra a viatura que abordou a família de Heloísa Santos. A menina morreu após ser baleada em abordagem da PRF no Rio.

O que aconteceu:

O agente Fabiano Menacho Ferreira diz que disparou contra o carro da família de Heloísa "depois que ouviu o barulho de tiro". O caso aconteceu em 7 de setembro em Seropédica, na Baixada Fluminense.

A investigação da PRF ainda não identificou nenhuma marca de tiro na viatura envolvida na ocorrência. "A priori, não [tem marca de tiro]. Determinei a apuração do processo e todo o rigor possível", afirmou o diretor-geral da PRF, Fernando Antonio Oliveira, em entrevista ao Globo.

Oliveira explica que é proibido disparar contra veículos, mesmo em caso de fuga. "Nós não podemos reagir sem que tenha essa ameaça injusta e presente. Não posso fazer um juízo de valor".

Nós temos legislado em lei, em portaria assinada por Lula, que não é permitido fazer disparo em veículos que estejam em fuga. Você faz o acompanhamento tático até a abordagem. Se esse veículo tiver uma ameaça injusta à própria polícia ou a terceiros, você está autorizado a reagir. É a legítima defesa.
Diretor da PRF, Fernando Oliveira

Em 7 de setembro, três agentes da PRF começaram a perseguir o carro da família de Heloísa após constatarem que o veículo era roubado. No carro, estavam a menina, os pais, a irmã e uma tia.

A pessoa que vendeu o carro à família compareceu a uma delegacia no Rio para prestar esclarecimentos. "O pai e a mãe da menina não sabiam de nada quando compraram o veículo", afirmou um integrante da Rio de Paz.

PRF investiga denúncia de coação de familiares da Heloísa

Fernando Oliveira diz que vai apurar a denúncia sobre policiais que estiveram no hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes, onde Heloísa ficou internada em estado gravíssimo por nove dias.

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A tia da menina relatou a visita de 28 agentes da PRF e que um desses policiais a intimidou, mostrando um projétil do fuzil que teria sido utilizado no crime. Oliveira diz que o servidor foi ouvido na segunda-feira (18).

Se eles não estavam autorizados, foi da própria cabeça deles. Foi por vontade própria. Se existiu dessa forma, se alguém foi para lá e fez alguma coação, a pessoa vai responder por isso. Estou falando de forma hipotética, porque não há nada de concreto ainda.
Diretor da PRF, Fernando Oliveira

Ele ressaltou que alguns agentes tinham autorização para ir ao hospital. "Por exemplo, a nossa futura coordenadora de direitos humanos já tem feito a propagação dessas políticas e ela esteve lá, porque nós a encaminhamos.. Tanto ela como o corregedor-geral e os focais do Rio".

Policiais vão responder em liberdade

A Justiça negou o pedido de prisão preventiva dos policiais envolvidos na ação. Os agentes responderão em liberdade, mas devem usar tornozeleira eletrônica, decidiu juiz da 1ª Vara Federal no Rio de Janeiro.

Três agentes participaram da abordagem: Matheus Domicioli Soares Viegas Pinheiro, Wesley Santos da Silva e Fabiano Menacho Ferreira— que assumiu a autoria dos disparos.

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A decisão revoltou o pai da menina, que disse que "quem tirou a vida dela tem que pagar". Nas redes sociais, Willian Silva ressaltou que a responsabilização dos agentes é "o mínimo que se exige" neste caso, já que "nada trará a vida da minha filha de volta".

Era para a minha filha estar em casa comigo agora brincando, essa atitude covarde fez com que perdemos [perdêssemos] nossa filha. A prisão é o mínimo que se espera
Willian Silva, pai de Heloísa

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