Esse conteúdo é antigo

'Prisão dos policiais é o mínimo que se espera', diz pai de Heloísa

A decisão da Justiça que rejeitou o pedido de prisão preventiva dos policiais rodoviários federais envolvidos na ação que resultou na morte de Heloísa dos Santos Silva, de 3 anos, revoltou o pai da menina.

O que aconteceu:

Willian Silva disse que "quem tirou a vida dela tem que pagar". Nas redes sociais, ele ressaltou que a responsabilização dos agentes é "o mínimo que se exige" neste caso, já que "nada trará a vida da minha filha de volta".

Era para a minha filha estar em casa comigo agora brincando, essa atitude covarde fez com que perdemos [perdêssemos] nossa filha. A prisão é o mínimo que se espera
Willian Silva, pai de Heloísa

O tiro acertou a cabeça e a coluna da criança, que precisou passar por cirurgia, ficou nove dias internada em "estado gravíssimo" no hospital, mas não resistiu aos ferimentos.

A menina morreu por "lesão transfixante de encéfalo por projétil de arma de fogo", segundo apontou o laudo do IML (Instituto Médico Legal).

O pai da menina também fez uma homenagem e declaração de amor para a filha nas redes sociais. Willian Silva pediu por justiça e lembrou como eram os dias ao lado da menina: "Enquanto você esteve aqui você nos trouxe paz, união, alegria, amor, realmente um anjo", escreveu.

Policiais vão responder em liberdade

Agentes responderão em liberdade, mas devem usar tornozeleira eletrônica, decidiu juiz da 1ª Vara Federal no Rio de Janeiro. Três agentes participaram da abordagem: Matheus Domicioli Soares Viegas Pinheiro, Wesley Santos da Silva e Fabiano Menacho Ferreira — que assumiu a autoria dos disparos.

Continua após a publicidade

Eles também devem entregar as armas e serão afastados das funções policiais, além de terem a obrigação de se apresentar à Justiça uma vez por mês e ficarem proibidos de sair de casa de noite e em dias de folga. "[Fica] autorizada a saída de suas residências tão somente para comparecer à repartição na qual estão lotados, devendo retornar imediatamente após o encerramento do expediente", diz a decisão.

Eles também não poderão se aproximar das vítimas e parentes delas, nem do carro envolvido na abordagem.

Uma tia de Heloísa disse que 28 agentes da corporação estiveram no hospital no qual a garota ficou internada, e um desses policiais a intimidou, mostrando um projétil do fuzil que teria sido utilizado no crime. A informação consta no pedido de prisão apresentado pelo MPF à Justiça, ao qual a GloboNews teve acesso.

A PRF afirmou que enviou agentes ao hospital para "apoio, ante a comoção popular e a possibilidade de agressão aos policiais envolvidos na ocorrência". Segundo a corporação, "viaturas operacionais" estiveram no hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes na noite da ocorrência.

"No mais, informamos que eventuais condutas individuais de servidores farão parte de investigação interna que será devidamente compartilhada com o órgão responsável pela investigação criminal", finaliza a nota da PRF.

O caso

Família passava de carro com a família no Arco Metropolitano, na altura de Seropédica, Baixada Fluminense
Família passava de carro com a família no Arco Metropolitano, na altura de Seropédica, Baixada Fluminense Imagem: Reprodução/ONG Rio de Paz
Continua após a publicidade

Heloísa morreu na manhã de sábado (16) um hospital de Duque de Caxias. A morte aconteceu após uma parada cardiorrespiratória irreversível, informou a prefeitura. Ela foi enterrada na tarde de domingo (17), em Petrópolis, onde mora a família.

A menina foi baleada dentro do carro da família em Seropédica, na Baixada Fluminense, no último dia 7. Os familiares disseram que os tiros partiram da polícia, que afastou três agentes. No carro, estavam a menina, os pais, a irmã e uma tia.

O agente da PRF Fabiano Menacho Ferreira disse em depoimento que disparou contra o carro "depois que ouviu o barulho de tiro", segundo a TV Globo. De acordo com o policial, ele e dois colegas começaram a perseguir o veículo após constatarem que o automóvel era roubado.

A PRF afastou três policiais e diz que a Corregedoria apura o caso. Em nota, a corporação afirma que os agentes também passarão por avaliação psicológica e expressa "profundo pesar" pela situação.

O diretor-geral da PRF, Fernando Oliveira, disse que os agentes são proibidos de atirar contra automóveis, mesmo em caso de fuga. Segundo ele, qualquer excesso cometido por parte de agentes não tem apoio do presidente Lula (PT), nem do ministro da Justiça, Flávio Dino, e nem dele.

Deixe seu comentário

Só para assinantes