SP: Linhas de metrô estatais têm mais falhas; em trem, privatizadas lideram

As quatro linhas de trem e metrô operadas pela iniciativa privada em São Paulo registraram 42 falhas desde janeiro de 2023. Em trens, foram 30 ocorrências, contra 11 nos quatro ramais operados pela estatal CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), no mesmo período.

Já os quatro trajetos controlados pelo Metrô de São Paulo, empresa do governo estadual, apresentaram problemas técnicos 80 vezes, contra 12 falhas das linhas 4 e 5, operadas por empresas privadas. Os dados são baseados em alertas divulgados por páginas que monitoram o funcionamento do transporte sobre trilhos e excluem as manutenções programadas, presença de usuários na via e outras interrupções por motivos para além da responsabilidade dos operadores do serviço.

O que aconteceu

A linha 9-Esmeralda (privada), de trem, registrou 23 falhas desde o começo do ano. É o maior número de ocorrências entre os quatro ramais operados pela iniciativa privada.

O trajeto apresentou problemas ontem, no mesmo dia em que o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) elogiou as privatizações. A linha 9 liga o Grajaú a Osasco, tem 20 estações e é operada pela empresa Via Mobilidade 8 e 9 desde 2021.

As instalações mais antigas e a maior quantidade de estações justificam números piores do Metrô. As linhas 1, 2 e 3 foram inauguradas entre 1974 e 1991. Juntas, reúnem 63 estações.

Linha 1-Azul de metrô é recordista de problemas em 2023. Desde janeiro, 40 ocorrências foram registradas no trajeto, que conecta os bairros do Tucuruvi e do Jabaquara. Foi o primeiro ramal de metrô a entrar em operação no Brasil, em 1974, e o que conta com maior número de estações. Ao todo, são 23.

As linhas estatais transportam um número maior de passageiros, segundo dados oficiais. No Metrô, por exemplo, as linhas 1, 2, 3 e 15 recebem mais de 2,5 milhões de usuários, enquanto a 4-Amarela e a 5-Lilás não chegam a mais de 1,3 milhão.

Governo monitora todas as ocorrência durante execução de contrato, afirma a Secretaria de Parcerias em Investimentos. Ao UOL, a pasta disse que qualquer "inconformidade" é apurada e, se confirmada, penalidades previstas nos contratos são aplicadas.

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Quantas falhas cada linha apresentou?

Operadas pelo governo de São Paulo:

  • Linha 1-Azul do Metrô - 40 falhas
  • Linha 2-Verde do Metrô - 6 falhas
  • Linha 3-Vermelha do Metrô - 15 falhas
  • Linha 10-Turquesa da CPTM - 2 falhas
  • Linha 11-Coral da CPTM - 3 falhas
  • Linha 12-Safira da CPTM - 5 falhas
  • Linha 13-Jade da CPTM - sem falhas
  • Linha 15-Prata do Metrô - 19 falhas

Operadas pelo setor privado:

  • Linha 4-Amarela da Via Quatro - 5 falhas
  • Linha 5-Lilás da ViaMobilidade - 7 falhas
  • Linha 8-Diamante da Via Mobilidade 8 e 9 - 7 falhas
  • Linha 9-Esmeralda da Via Mobilidade 8 e 9 - 23 falhas

As linhas 4 e 5 (privadas), que oferecem serviços de metrô, foram abertas em 2002 e 2014 e têm 28 estações.

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A linha 15-Prata é pública e abriga o monotrilho. Privadas, as linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda prestam serviços de trem.

Governador quer privatizar quatro linhas de trem

Tarcísio autorizou o início dos estudos para privatização das linhas 10, 11, 12 e 13. A melhoria dos serviços é um dos argumentos apresentados pelo governador a favor da concessão.

Situação motivou greve dos transportes em São Paulo. Os sindicatos argumentam que as desestatizações podem resultar na deterioração da qualidade dos serviços, citando como exemplos as Linhas 8 e 9 da CPTM.

O Sindicato dos Metroviários afirma que a tarifa de remuneração às concessionárias é maior do que para as linhas estatais. Ao UOL, o governo de São Paulo afirmou que repassa R$ 6,32 à ViaQuatro apenas referente aos passageiros exclusivos, ou seja, aqueles que não realizam integração em outra linha. Esse perfil representa 14% dos usuários da linha 4-Amarela. Nas linhas estatais, o custo do governo para esse tipo de usuário é de R$ 4,40.

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Na tarifa integrada (ônibus + metrô ou trem), o valor repassado é de R$ 3,16 — abaixo do praticado nas linhas do governo, que é de R$ 3,25. "A tarifa de remuneração vigente da Linha 5-Lilás é de R$ 2,45, enquanto os bilhetes das linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda são de R$ 3,67.

Procurada, a Via Mobilidade 8 e 9 disse que "vem investindo em melhorias nas linhas 8-Dimante e 9-Esmeralda desde o início da concessão em janeiro de 2022". De acordo com a concessionária, R$ 2,5 bilhões já foram investidos.

A empresa faz parte do grupo CRR, que também abarca a ViaQuatro, responsável pela linha 4-Amarela, e a ViaMobilidade, que opera a linha 5-Lilás.

As linhas de metrô 4-Amarela, concedida à ViaQuatro em 2006, e 5-Lilás, sob concessão da ViaMobilidade desde 2019, são referências do nível de excelência na prestação de serviço que a ViaMobilidade trabalha para implementar nas linhas 8 e 9 de trens metropolitanos aos longo dos 30 anos de concessão.
Nota enviada pela Via Mobilidade 8 e 9

Já o Governo do Estado informou que "os contratos de concessão preveem diversas obrigações e deveres das concessionárias para garantir o desempenho e a qualidade na prestação de serviço". Quando essas condições não são cumpridas, há "abertura de processos administrativos para a aplicação das penalidades". As informações também foram repassadas no último mês de abril.

Errata:

o conteúdo foi alterado

  • A concessão da linha 4 - Amarela foi feita em 2006, e não em 1996 como a primeira versão deste texto informou.

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