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'De graça fizeram isso conosco', diz médico que sobreviveu a ataque no Rio

Daniel Sonnewend Proença, o único dos quatro médicos que sobreviveu ao ataque a tiros nesta semana na Barra da Tijuca (zona oeste do Rio de Janeiro), afirma que foi "de graça" o que fizeram com ele e seus colegas, segundo relato da mãe dele ao Fantástico (TV Globo). O médico está internado e seu quadro de saúde estável.

O que aconteceu

Ao Fantástico, Márcia Proença afirmou que "não sentia o chão" ao saber do ataque contra o filho. "[Quem é] mãe sabe do que eu estou falando."

Ao ver Daniel, a primeira frase que o médico disse foi: "Mãe, meus amigos morreram".

Segundo Márcia, o filho comentou que ele e os amigos estavam falando sobre o futuro antes de serem alvo do ataque a tiros no quiosque. "[O médico assassinado] Perseu [Ribeiro Almeida] falando que precisava trabalhar bastante porque tinha duas crianças pequenas, o senhor [Marcos de Andrade Corsato], dizendo que o último filho ia casar e depois [ele] ia aposentar."

A única coisa que o Daniel fala e repete é: 'Mãe, de graça. De graça fizeram isso com a gente'. Ele viu o Perseu já falecendo no local. Ele viu o outro na cadeira, ele não levantou, ficou na cadeira. E ele falou que ele e o Diego [Ralf Bomfim] estavam no chão e que acudiram primeiro o Diego porque ele reclamava que estava sem conseguir respirar e logo depois o Daniel. Os dois foram para o hospital e o Diego faleceu ao lado do Daniel. O Daniel falou que, mesmo depois dele caído, atiraram nele.
Márcia Proença, mãe de Daniel

Daniel foi atingido por mais de dez tiros. Segundo Victor Cravo, coordenador da UTI do Hospital Samaritano Barra, o sobrevivente sofreu fraturas nos membros superiores e inferiores, e houve perfuração intestinal, mas o quadro está estável. Ele não corre risco de morte.

Falaram para mim: 'O seu filho estava no lugar errado'. E eu falei: não, meu filho estava no lugar certo, com os amigos, tomando uma cerveja, comemorando. Ele estava no lugar certo.
Márcia Proença, mãe de Daniel

Videoconferência em Bangu selou mortes de supostos assassinos de médicos, diz TV

O Fantástico apurou que os criminosos se refugiaram na Cidade de Deus, zona oeste, após o ataque e depois passaram pelo Complexo da Penha e Complexo do Alemão, na zona norte.

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Traficantes da Vila Cruzeiro (zona norte) e chefes de uma facção criminosa, que estão presos no Complexo Penitenciário de Bangu (zona oeste), teriam feito uma videochamada e decidiram que os quatro suspeitos de participarem da execução dos médicos deveriam ser torturados e mortos.

Em menos de 24 horas após o crime, a polícia encontrou os corpos dos quatro suspeitos de participação no assassinato dos profissionais da saúde. Um dos mortos era Philip Motta Pereira, conhecido como Lesk.

As investigações ainda não terminaram, mas as provas coletadas até agora "apontam com clareza que estamos diante de uma ação bastante audaciosa, porém, também muito improvisada e equivocada cometida por um grupo de traficantes de drogas vinculados a uma facção criminosa do Rio de Janeiro", disse Henrique Damasceno, titular da Delegacia de Homicídios da Capital.

Médico morto no Rio mandou selfie para a esposa

Verônica Almeida, viúva do médico Perseu Ribeiro Almeida, um dos mortos no ataque a tiros, mostrou mensagens que o marido enviou enquanto estava no Rio para participar do congresso internacional de ortopedia.

A viúva recebeu a foto dos médicos no quiosque (veja no topo desta reportagem) e afirmou que o companheiro estava feliz por rever os colegas que ele fez na residência médica.

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Segundo o médico e amigo Wanderley Farias Jr., Perseu pediu para trocar os seus plantões, ocorridos nas quintas e sextas-feiras, para poder participar do congresso. O crime ocorreu na última quinta-feira (5). Perseu fez aniversário na terça-feira (10).

O pai de Perseu morreu em um acidente de carro há dez anos quando voltava de uma visita ao filho em Salvador, onde Perseu fazia faculdade.

Entenda o caso

Marcos de Andrade Corsato, 62, Daniel Sonnewend Proença, 33, Diego Ralf de Souza Bomfim, 35, e Perseu Ribeiro Almeida, 33, foram alvos do ataque a tiros, ocorrido à 0h59 da última quinta-feira na avenida Lúcio Costa.

Imagens de câmera de segurança mostram o momento em que os criminosos descem de um carro branco, aproximam-se das vítimas e atiram. Eles não roubam nenhum pertence e nenhum outro cliente do quiosque é ameaçado.

A Polícia Civil do Rio de Janeiro investiga se foi um crime planejado. A SSP-SP (Secretaria da Segurança Pública) de São Paulo também enviou investigadores da Delegacia de Homicídio para acompanhar o caso e auxiliar na apuração.

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O governador do Rio, Cláudio Castro, afirmou que o crime "não ficará impune". A PF (Polícia Federal) também apoia as investigações para identificar os criminosos.

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