SP: Morador do Itaim Bibi vive 23 anos a mais que no extremo da zona norte

Enquanto no Itaim Bibi, bairro nobre da zona oeste de São Paulo, a idade média ao morrer chega aos 82 anos, para quem mora no distrito de Anhanguera, zona norte da capital, esse indicador fica em 59 anos. Os dados fazem parte do Mapa da Desigualdade 2023, lançado hoje pela Rede Nossa São Paulo.

O que diz o levantamento

Nos bairros da periferia da cidade, a idade média ao morrer é em torno de 60 anos. Além de Anhanguera, os bairros Marsilac, no extremo sul, Iguatemi e Cidade Tiradentes, ambos na zona leste, têm as piores idades médias ao morrer: 61 anos.

Já na região central e em áreas consideradas de luxo, a idade média ao morrer é próxima dos 80 anos. Jardim Paulista, na zona oeste, Moema, na zona sul, Consolação, no centro, e Alto de Pinheiros, na zona oeste, ficam no topo do ranking, com 81 anos.

A idade média ao morrer em toda a capital é de 71 anos. O levantamento mostra que 44 dos 96 distritos têm idade média ao morrer abaixo do indicador geral da cidade.

A idade média ao morrer é uma síntese das desigualdades apontadas pelo mapa, segundo Igor Pantoja, coordenador de relações institucionais da Rede Nossa São Paulo. Ele afirma que as soluções do poder público para melhorar esse indicador devem envolver diferentes áreas — como saúde, educação, moradia. etc.

O Mapa da Desigualdade traz ainda taxas envolvendo educação, saúde, transporte e habitação, entre outros temas, nos diferentes distritos da capital paulista.

Os distritos com a idade mais elevada têm as melhores condições de vida, com melhores indicadores de saúde, educação, acesso ao transporte. A imagem que temos nos extremos da cidade também é de um acúmulo das desigualdades que vemos ao longo do mapa.
Igor Pantoja, da Rede Nossa São Paulo

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Na comparação com o levantamento divulgado em 2022, a idade média ao morrer na capital teve aumento de três anos. Cidade Tiradentes teve um dos piores indicadores — 59,4 — e registrou melhora neste ano (61 anos). Anhanguera, entretanto, retrocedeu (de 61,5 anos para 59).

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O medidor de desigualdade entre os distritos também cresceu — de 1,3 para 1,4. Esse índice mostra a distância entre os distritos bem posicionados e os que estão em situação mais precária. "Os problemas de um bairro, como saúde e transporte, vão afetar ainda mais os públicos vulneráveis [crianças e idosos, por exemplo]", afirma Pantoja.

Se por um lado melhorou nos distritos de Cidade Tiradentes, Iguatemi e Parque São Rafael, o mapa chama atenção agora para uma região mais precária e que tem crescido bastante como a noroeste [onde fica Anhanguera]. O problema, na verdade, só mudou de lugar.
Igor Pantoja, da Rede Nossa São Paulo

Beto mora no Itaim Paulista há 50 anos e pede melhorias no bairro
Beto mora no Itaim Paulista há 50 anos e pede melhorias no bairro Imagem: Arquivo pessoal/José Roberto Dourado

'Morre antes por falta de assistência'

José Roberto Dourado, 63, diz que sente de perto as desigualdades por morar no Itaim Paulista, zona leste da cidade. Ele diz que espera há mais de um ano e meio para fazer ressonância de próstata e quase um ano para uma consulta com dermatologista — ambos na rede pública de saúde.

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Há oferta de saúde, transporte e educação, segundo ele, mas não com a qualidade de outros bairros da cidade. "Tudo demora aqui no fundão da zona leste. Você leva dois meses para conseguir uma consulta, depois o exame mais tempo e quando volta no médico, o resultado do exame já venceu." O UOL procurou a Secretaria Municipal de Saúde e aguarda retorno.

O tempo médio de espera para consulta na atenção básica de saúde é de 20 dias no Itaim Paulista, segundo o Mapa da Desigualdade. Os atendimentos levados em consideração para esse cálculo são os de clínica médica, pediatria, ginecologia, obstetrícia e médico da família — a média da capital é de 19 dias.

As pessoas morrem antes por falta de assistência, seja médica ou de outro serviço. Se você tem dinheiro ou mora em um bairro com mais estrutura, consegue rapidinho.
José Roberto Dourado, controlador de acesso

Tatiana mora no Jardins e diz que bairro é um dos melhores da cidade
Tatiana mora no Jardins e diz que bairro é um dos melhores da cidade Imagem: Uesley Durães/UOL

A 37 km dali está o Jardim Paulista, onde a idade média ao morrer é de 82 anos. Para moradora da região Tatiana Rodrigues, 47, as realidades entre as localidades são, de fato, diferentes.

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"Já foi melhor, mas falando em São Paulo, Jardins é um dos bairros que tem melhor qualidade", afirma Tatiana. Segundo ela, a região permite que os moradores caminhem "tranquilamente", além disso a oferta de transporte e de saúde é maior e melhor.

No Itaim Paulista, a idade média ao morrer é de 63 anos. O indicador piorou em relação a 2022, quando o mapa apontou a média de 64,2 anos para quem mora no bairro.

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