Greve: População é 'vítima de ato criminoso', diz prefeito de São Paulo

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), afirmou na manhã de hoje que a paralisação dos funcionários de trem e metrô é um "ato criminoso" e "político" do sindicato da categoria, que faz da população "refém".

O que disse o prefeito

Nunes foi ao Centro de Operações da SPTrans para acompanhar em tempo real o monitoramento dos ônibus durante a greve."Você vai impedir muitas pessoas de fazer os seus exames, de fazer as suas cirurgias, de acelerar os seus processos", disse o prefeito. "Tive que dar ponto facultativo e o governador também."

As pessoas são vítimas desse ato criminoso, desse ato político que o sindicato insiste toda vez em colocar a população como refém.
Ricardo Nunes, prefeito

Nunes também afirmou que o ato não é legal e que os sindicatos estão "aparelhados". "Essa é a terceira vez só esse ano desse ato ilegal de um sindicato que insiste inclusive em não cumprir as determinações judiciais", discursou. "A Justiça determinou que pelo menos 80% do metrô e CPTM estivessem em funcionamento, mas eles não cumprem."

Apesar da greve, Nunes disse que os postos de saúde estão funcionando. "Se tiver consulta, exame, cirurgia marcada e, evidentemente, conseguir chegar para fazer, eu pediria que fossem, porque já da outra vez, muitas pessoas perderam seus exames, suas consultas, cirurgias marcadas, e isso vai acumulando em todo o processo."

Nunes disse que colocou 200 ônibus adicionais nas ruas e aumentou o efetivo da Guarda Civil Metropolitana. "Por mais que a gente tenha colocado mais ônibus, não vai fazer frente a esse problema todo", queixou-se. De acordo com ele, 8 milhões de pessoas usam transporte público na cidade.

A greve

O sindicato confirmou que a greve unificada está mantida. Além dos metroviários, funcionários da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) e da Sabesp devem interromper as atividades. Os professores da rede pública e servidores da Fundação Casa também devem aderir.

A greve vai afetar as linhas 1-Azul, 2-Verde, 3-Vermelha, 7-Rubi, 10-Turquesa, 11-Coral, 12-Safira, 13-Jade e 15-Prata. Aquelas operadas pela iniciativa privada não vão parar — as linhas 4-Amarela, 5-Lilás, 8-Diamante e 9-Esmeralda.

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A greve é um protesto contra o plano de privatizações da Sabesp e de linhas metroferroviárias. Os manifestantes também criticam os cortes de investimento na educação estadual.

Multa de R$ 700 mil

O TRT (Tribunal Regional do Trabalho) determinou que 80% dos funcionários do Metrô trabalhem no horário de pico (4h às 10h e 16h às 21h). Fora desse período, 60% devem continuar em seus postos de trabalho. A multa diária será de R$ 700 mil ao sindicato dos metroviários em caso de descumprimento da decisão.

Em relação à CPTM, a Justiça mandou que 85% do efetivo trabalhe nos horários de pico e 60% nos demais horários. A multa para o sindicato dos ferroviários é de R$ 600 mil por dia em caso de descumprimento da medida.

Sobre a Sabesp, o TRT decidiu que os empregados mantenham disponíveis 70% do contingente que presta serviços de tratamento e abastecimento de água, bem como esgoto. A multa diária é de R$ 30 mil se a decisão for desrespeitada.

A decisão atendeu parcialmente pedido do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). Ele havia pedido 100% dos funcionários nos horários de pico e 80% no restante do dia.

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Procurado, o vice-presidente do sindicato dos metroviários, Narciso Soares, disse que a categoria só vai se manifestar após a audiência de conciliação no TRT, marcada para as 15h45. "Lamento que a decisão tenha sido tomada antes de uma conversa", acrescentou a presidente da entidade, Camila Lisboa.

O governo de Tarcísio de Freitas diz que a paralisação tem "interesse político". "A pauta principal dos sindicatos não está ligada a causas trabalhistas", afirmou a gestão estadual, em nota.

O sindicato dos Metroviários rebateu crítica e criticou o "modelo privatista". "Mesmo com mais dinheiro, apresenta maiores falhas, dando prejuízo tanto ao estado quanto à população", publicou a entidade nas redes sociais.

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