Conteúdo publicado há 3 meses

PM de folga mata homem com tiro na cabeça após discussão no DF e é liberado

Um policial militar de folga atirou e matou um homem durante uma discussão de trânsito em Ceilândia (DF) no último domingo (31), segundo a PM-DF (Polícia Militar do Distrito Federal).

O que aconteceu

O cabo Bruno Correa efetuou dois tiros contra o promotor de vendas Cledson de Caldas, 44 anos, pai de uma filha de 11 anos. Os tiros foram na cabeça e no braço.

A câmera da segurança do Governo do DF estava inativa no momento do crime, informou a Polícia Civil ao UOL. O crime aconteceu num semáforo na avenida Hélio Prates, próximo ao limite entre Ceilândia Norte e Ceilândia Sul.

O autor dos disparos alegou legítima defesa. O cabo da PM contou que estava com a esposa e amigos no carro e que, com medo das ameaças, decidiu reagir.

O militar [Bruno Correa] utilizou dos meios necessários para impedir que a ameaça de morte proferida por Cledson se concretizasse em seu desfavor e das demais pessoas que também se encontravam no interior do veículo.
Daniel Souza, advogado do policial

O advogado de Bruno Corrêa afirmou que, "imediatamente", o policial militar "prestou os primeiros socorros". Também teria telefonado para o oficial de seu batalhão para prestar informações sobre os tiros. E ainda pediu "atendimento médico imediato" para o promotor de vendas, segundo Daniel Souza, em nota enviada ao UOL.

O cabo da PM não foi preso. Ele ligou para o 190 e se apresentou espontaneamente à 15ª DP, entregando a arma, segundo a PM-DF.

Corrêa foi à delegacia com advogado e três testemunhas que disseram que o cabo e Clebson tiveram um problema anterior em um quiosque. Por isso, o policial militar não foi preso, esclareceu o delegado da 15a Delegacia de Polícia (Ceilândia), André Leite.

O delegado disse ao UOL que a versão do PM sobre discussão antes da briga de trânsito é, aparentemente, "inverossímil", mas destacou que a investigação prossegue.

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O que diz a família da vítima

A família de Cledson negou a versão do PM. O irmão da vítima, o motorista de caminhão Cleber de Caldas, 45 anos, contestou a alegação do cabo da PM apresentou na delegacia.

O cara deu um tiro pelas costas do meu irmão depois da discussão. Não acredito nessa versão do policial das ameaças, até porque ele (Cledson) não era violento. Ele era igual uma criança, brincalhão. Ele [o PM] estava despreparado. Eu não sei dizer quem chamou socorro, mas o cara não foi.
Cleber Souza, irmão da vítima

O irmão da vítima disse que, na discussão no semáforo, ambos saíram dos carros. Já o cabo da PM narrou à polícia que, após se encontrar com Cledson num semáforo, a vítima teria ido até seu carro e batido no vidro, o ameaçando de morte.

Foi uma tragédia. O policial atirou no meu irmão, puxou para beira da pista e foi embora. Depois de meia hora, ele foi para delegacia. Eu acredito que ele deveria ter ligado para polícia para falar que meu irmão estava alterado antes de atirar, se aconteceu como ele falou.
Cleber Souza

Nas redes sociais, amigos e familiares de Cledson lamentaram a morte do promotor de vendas. Comentários narram que o homem, conhecido como Keké, era querido e que jamais agiria com violência. O velório aconteceu neste dia 1° em Taguatinga (DF).

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Desentendimento anterior

Os dois homens já haviam se desentendido em um estabelecimento comercial momentos antes da ocorrência, segundo a versão do PM apresentada à Polícia Civil. O cabo Correa comentou que Cledson estava alterado, importunando clientes e funcionários de uma lanchonete em que estava.

O PM havia sugerido que Cledson fosse embora. A vítima discutiu com o cabo Correa e, na sequência, foi embora. Momentos depois, o policial, sua esposa e os amigos também saíram num carro.

Os homens voltaram a se encontrar no semáforo. Na Avenida Hélio Prates, Cledson foi tirar satisfação com o PM e o cabo acabou atirando no homem, segundo a versão do atirador.

O irmão de Cledson também discorda sobre a discussão anterior à morte, na lanchonete.

Referente a esse caso tem várias versões. Chegou até a mim a versão de que, inicialmente, ele tinha estacionado mal o carro na lanchonete. O cara foi falar com ele e começaram a discutir. Ele [Cledson] foi embora e o cara foi junto. Em um semáforo continuou a discussão.
Cleber Souza, irmão da vítima

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O que diz a PM-DF

A PM-DF narrou o desentendimento e disse que o caso será investigado pela Polícia Civil e pela Corregedoria da PMDF. Testemunhas serão ouvidas, e câmeras de segurança da região serão buscadas para apurar o que aconteceu.

O homem levou a mão até a região da cintura, e o policial acreditou que ele sacaria uma arma de fogo e cumpriria sua ameaça. Temendo por sua vida, de sua esposa e amigos que estavam no carro, o policial agiu efetuando dois disparos, um dos quais atingiu o homem.
Nota da PM-DF

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