Conteúdo publicado há 10 meses

Ato marca 11 anos da tragédia da boate Kiss, que deixou 242 mortos

O incêndio da boate Kiss completa 11 anos neste sábado (27), e familiares e amigos fizeram um ato em homenagem às vítimas da tragédia, que deixou 242 mortos.

O que aconteceu

Familiares, amigos e sobreviventes fizeram uma caminhada usando máscaras brancas. A caminhada começou na noite de sexta-feira (26), partindo da praça Saldanha Marinho, no centro de Santa Maria (RS), onde foi montada uma tenda para acolhimento dos familiares das vítimas. O grupo seguiu até o prédio onde funcionava a boate.

Às 2h30, próximo ao horário em que o incêndio começou, houve a leitura dos nomes das vítimas, acompanhada do badalar de sinos. O ato teve participação da AVTSM (Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria), do coletivo "Kiss: que não se repita", e contou com apoio da Prefeitura de Santa Maria.

As máscaras foram colocadas em frente ao prédio onde funcionava a boate Kiss. Pares de sapatos, flores e pertences das vítimas também foram levados. Foram instaladas placas pretas pelas ruas, com os nomes das vítimas e frases como "Eu não sou apenas um número".

As homenagens às vítimas continuam hoje. A programação inclui uma série de conversas com pessoas que passaram por tragédias semelhantes. O evento contará com a presença de representantes dos familiares das vítimas do desabamento da barragem da Vale em Brumadinho (MG), diz Gabriel Rovadoschi Barros, sobrevivente do incêndio na boate e presidente da AVTSM (Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria).

O ato também marca a aproximação do novo julgamento do caso, após 11 anos de espera. O tribunal de júri está marcado para 26 de fevereiro de 2024.

O ato foi emocionante. É muito frustrante chegar em 11 anos sem justiça, sem um desfecho. É extremamente exaustivo. Nossa expectativa é a condenação. A verdade está com a gente, não tem como ser diferente.
Gabriel Rovadoschi Barros

Tragédia sem julgamento

O incêndio na casa noturna deixou 242 pessoas mortas e mais de 600 feridas em janeiro de 2013, na cidade de Santa Maria (RS). As chamas tiveram início após o uso de fogos de artifício no interior do estabelecimento e atingiram espumas usadas no teto para isolamento acústico, se espalhando pelo ambiente.

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O julgamento dos réus levou nove anos para acontecer e durou dez dias em dezembro de 2021. Foi o tribunal do júri mais longo da história do Rio Grande do Sul. Na ocasião, dois sócios da boate e dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira foram condenados por dolo eventual — quando, mesmo sem desejar o resultado, se assume o risco de matar. As penas foram de 18 a 22 anos de prisão.

No entanto, o julgamento foi anulado em agosto de 2022, por irregularidades na condução do processo, o que levou à soltura dos réus. A defesa dos réus alegou problemas na escolha dos jurados e em uma reunião reservada entre o grupo o juiz presidente do tribunal, Orlando Faccini Neto, sem a participação da defesa e do Ministério Público.

Agora, há uma nova data: 26 de fevereiro de 2024. Em setembro de 2023, em poucas horas, o TJ-RS marcou e desmarcou o início do novo julgamento. Inicialmente, a data escolhida era 20 de novembro de 2023.

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