Conteúdo publicado há 9 meses

Dupla morre baleada em ação da PM em Santos: 'implorou para não morrer'

Dois homens morreram após serem baleados em uma ação da PM na noite de sexta-feira (9) no Morro São Bento, em Santos. A corporação diz que houve confronto, mas moradores contestam a versão.

O que aconteceu

PM disse ter revidado disparos. Os policiais militares envolvidos em uma ação de patrulhamento afirmaram ter atirado após serem recebidos a tiros. "[Os policiais] viram indivíduos armados, carregando uma mochila e uma sacola. Ao perceber a presença policial, os homens atiraram contra os agentes, que intervieram", informou a SSP (Secretaria da Segurança Pública) em nota.

PM afirmou ter apreendido armas e drogas. A SSP informou que os agentes apreenderam um revólver calibre 38 e uma pistola, que teriam sido usados pelos suspeitos. Também relataram apreensão de drogas, radiotransmissores e papéis com suposta contabilidade do tráfico.

Vídeo mostra socorro prestado pelo Corpo de Bombeiros. Imagens registraram o momento em que as vítimas foram levadas em uma ambulância. Segundo a PM, os dois homens foram socorridos, mas não resistiram aos ferimentos. A versão repetida nos registros da Baixada Santista tem levantado suspeita de alteração de cena de crime, já que é impossível fazer a perícia sem os corpos no local da ação.

Áudio de moradora contesta versão de confronto. Uma moradora nega que tenha havido confronto, alegando que uma das vítimas implorou para não ser morta. O conteúdo foi encaminhado à Ouvidoria das polícias.

Eles [policiais] atiraram pelas costas. [Um dos mortos] ficou implorando, pelo amor de Deus, para não morrer. [Ele dizia]: 'Eu sou morador, eu sou morador'. Os caras [policiais] mandaram ele correr e atiraram pelas costas.
Moradora, em áudio

Quando a gente recebe esse tipo de posicionamento de um morador, a gente percebe que a Segurança Pública está na contramão de sua concepção, que é garantir segurança e tranquilidade para as pessoas. A gente sabe que a criminalidade está mais estruturada nas periferias. Mas 99% das pessoas que moram nas periferias são trabalhadoras que merecem proteção do Estado.
Cláudio Silva, ouvidor das polícias de SP

Baixada Santista: 17 mortes em 1 semana

Onda de mortes após assassinato de PM. A escalada de violência na Baixada Santista começou após a morte de um soldado da Rota, a tropa de elite da PM, baleado em uma ação no dia 2 de fevereiro em Santos.

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Sete mortes no fim de semana. Só no último fim de semana, ocorreram sete mortes em confrontos na região —seis dos sete corpos chegaram sem identificação ao IML. As ações ocorreram em um raio de sete quilômetros entre Santos e São Vicente.

Morte de outro PM. Na última quarta-feira (7), a morte em confronto de outro agente desencadeou uma nova escalada de violência. No mesmo dia, outras seis pessoas morreram em ações da PM. Uma delas foi um homem filmado caindo do quarto andar de um prédio enquanto fugia da PM por suspeita de envolvimento na ação que havia matado o agente no mesmo dia.

Quatro mortes em dois dias. Nos últimos dois dias, houve quatro mortes em ações da PM —duas delas na quinta e as outras duas na sexta-feira.

O que dizem as autoridades

"Graves violações", diz Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania. Em nota, a pasta diz ver "graves violações" de direitos humanos na ação da PM na Baixada Santista. O órgão diz que permanecerá em contato com as autoridades locais e entidades "para que a violência cesse e a população do litoral de São Paulo possa viver em segurança".

Ouvidoria das polícias analisa vídeos, fotos e áudios. A Ouvidoria das polícias diz ter recebido relatos de moradores e tem atuado em conjunto com entidades de direitos humanos "[Há] um aumento crescente e desproporcional da violência", diz o órgão por nota. O ouvidor Cláudio Silva conversou por telefone sobre o caso com Silvio Almeida, ministro dos Direitos Humanos.

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Combate ao crime organizado, diz SSP. A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo diz que "o policiamento preventivo e ostensivo na Baixada Santista foi reforçado para proteger a população". A pasta diz, ainda, que as ações de combate ao crime organizado continuam.

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