Conteúdo publicado há 4 meses

Deputada pede à Corregedoria punição de PM que atirou em entregador no Rio

A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) disse que enviou um ofício à Corregedoria da Polícia Militar do Rio de Janeiro pedindo a "punição exemplar" do PM apontado como responsável por atirar em um entregador que se recusou a subir até o apartamento para levar o pedido, no Rio.

O que aconteceu

Deputada também solicitou a "apuração célere e rigorosa" do caso. Em um trecho do ofício, compartilhado pela parlamentar nas redes sociais, Erika alega que a denúncia do "lamentável incidente" chegou até o seu mandato. O entregador Nilton Ramon de Oliveira está internado em estado grave após ter sido baleado pelo cabo Roy Martins Cavalcanti.

"Acompanhei com revolta e indignação o caso", escreveu a parlamentar no X. "Esse caso absurdo precisa ter consequências, o mais rápido possível", disse Erika, compartilhando reportagens do UOL sobre o caso. A deputada é vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos, Minorias e Igualdade Racial da Câmara dos Deputados.

A deputada também afirmou ser "ainda pior" a intimidação que a família do entregador estaria sofrendo. Familiares do entregador disseram ao RJ1 (TV Globo) terem sido intimidados por policiais militares enquanto estavam no Hospital Salgado Filho, onde o trabalhador está internado.

O policial militar alegou que agiu em legítima defesa. O PM foi ouvido e liberado na sequência. O caso foi registrado como lesão corporal. A Polícia Civil chegou a apreender temporariamente a arma usada no crime, mas depois devolveu ao policial. A defesa do agente não foi encontrada para pedido de posicionamento. O espaço segue aberto para manifestação.

A reportagem tenta contato com a PM do Rio de Janeiro. O texto será atualizado tão logo haja manifestação.

Entenda o caso

Na segunda-feira (4), o policial militar e a esposa dele fizeram um pedido de comida por aplicativo, que foi entregue por Nilton. Após a chegada da encomenda, o agente e a mulher teriam se recusado a descer para buscá-la, e o entregador informou que não iria subir até o apartamento deles porque não fazia parte de seu trabalho. O caso ocorreu na Vila Valqueire, na zona oeste do Rio de Janeiro.

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Como o PM não desceu, o entregador fez os trâmites de devolução do produto e retornou para o estabelecimento onde a compra foi feita, quando foi abordado pelo cliente, na praça Saiqui. Imagens feitas por Nilton mostram ele e Roy discutindo. O agente está armado e questiona por que o entregador está "com a mão na cintura". O jovem nega que esteja armado, levanta a camisa e fala: "Tô armado não, filho. Sou trabalhador".

Em seguida, o jovem diz estar sendo ameaçado pelo policial. "Ele está tentando me agredir. Mostrou a arma na minha cara. Tira a arma e faz na mão", falou o trabalhador.

O agente rebate o entregador e diz que ele teria sido mal-educado com sua esposa. "Trabalhador o caralh*. Minha mulher te tratou com maior educação, vai tomar no seu c*. Seja educado. Não se propõe a fazer entrega? Então seja educado. Minha mulher tem 42 anos e te respondeu na maior educação".

Posteriormente, é possível ver Nilton caído no chão, ensanguentado, baleado na perna. Ele foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros e levado ao Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier.

iFood bane PM da plataforma e diz que Nilton agiu corretamente

Em nota ao UOL, o iFood informou que a conta do PM foi banida da plataforma. Afirmando "não tolerar qualquer tipo de violência contra os entregadores parceiros", a plataforma disse que o entregador está recebendo apoio jurídico, por meio da atuação de uma advogada do coletivo de defensoras Black Sisters in Law, que acompanhará todo o processo jurídico do caso.

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"Nilton agiu corretamente", diz gerente do iFood. Tatiane Alves também informou que a plataforma está em contato com familiares do trabalhador e se colocou à disposição para apoiá-los no que for necessário.

Entregador deve entregar pedido em "primeiro ponto de contato", seja portão da casa ou portaria do prédio. A empresa disse informar os entregadores e consumidores sobre a recomendação. Ainda segundo a plataforma, ela vem promovendo iniciativas ações para conscientização de moradores e capacitação de profissionais de condomínios no Rio. "Esperamos que o caso não fique impune e que Nilton se recupere."

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