Quem é o miliciano infiltrado no PSOL para monitorar Marielle, segundo PF

Os irmãos Domingos Brazão e Chiquinho Brazão infiltraram um miliciano no PSOL, partido ao qual pertencia Marielle Franco, segundo investigação da Polícia Federal. Cabia a ele monitorar os passos da vereadora que, àquela altura, já tivera a morte decretada.

Quem é Laerte Silva de Lima?

Laerte Silva de Lima, 35, é miliciano da região onde Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, tem influência política. Segundo o jornal O Globo, investigações do Gaeco-MPRJ (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público) apontam ele como "um dos braços armados" da milícia de Rio de Pedras, na zona oeste do Rio.

Ele seria um dos responsáveis pelo recolhimento e repasse à milícia das taxas cobradas a moradores e comerciantes da região, ainda de acordo com a publicação. Sua mulher, Erileide, supostamente o ajudava com a contabilidade dos negócios ilícitos.

Vínculo entre políticos e delegado. Laerte seria o vínculo direto entre Domingos e seu irmão, o deputado federal Chiquinho Brazão, com o ex-chefe da Polícia Civil do Rio, Rivaldo Barbosa.

Ele foi escolhido pelos irmãos Brazão para se infiltrar no PSOL, segundo a PF. A decisão foi tomada no segundo semestre de 2017, quando o crime começou a ser planejado. Marielle e o motorista Anderson Gomes foram mortos em março de 2018.

Ele repassava informações para Edmilson Macalé e Ronnie Lessa, contratados para assassinar a vereadora. De acordo com a PF, o delegado Rivaldo Barbosa tinha garantido a impunidade aos assassinos.

A participação de Laerte foi crucial para a morte de Marielle e Anderson, ainda segundo a PF. Ele contou aos irmãos Brazão que a vereadora seria contrária ao desejo deles de destinar uma área da cidade à exploração imobiliária. "[A infiltração] Resultou na indicação de que Marielle pediu para a população não aderir a novos loteamentos situados em áreas de milícia", revela trecho do relatório de Moraes sobre o papel do infiltrado.

No entanto, segundo o jornal Folha de S. Paulo, não há informações de como teria sido exatamente a aproximação de Laerte com Marielle —fora sua filiação ao PSOL.

A PF também não descarta a possibilidade de Laerte ter inventado informações. Em delação premiada concedida por Ronnie Lessa, acusado de efetuar os disparos que mataram a vereadora e o seu motorista, o ex-policial militar disse que Laerte teria "enfeitado o pavão".

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Ele foi preso em março de 2019, por participar de uma organização criminosa que realizava grilagem de terras em Rio das Pedras. Naquela época, a expansão fundiária das milícias já era apontada como a possível motivação da execução de Marielle.

*Com Estadão Conteúdo

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