1.600 km, 6 estados, 500 agentes: os números do cerco aos presos de Mossoró

Os dois homens que fugiram da penitenciária federal de Mossoró (RN) foram encontrados e presos novamente nesta quinta-feira (4). Foi a primeira fuga de um presídio de segurança máxima do país, que gerou números impressionantes, a começar pelos 500 agentes destacados pela missão.

Rogério da Silva Mendonça, 33, e Deibson Cabral Nascimento, 35, são classificados como "matadores do CV" [Comando Vermelho], pela polícia, conhecidos por serem encarregados por assassinatos de pessoas no "tribunal do crime".

Veja os números da caçada:

Os fugitivos

Deibson cumpria pena de 81 anos de prisão. Conhecido como Tatu, ele tem o nome ligado a mais de 30 processos e responde por crimes como tráfico de drogas, organização criminosa e roubo por assalto a mão armada.

Rogério foi condenado a 74 anos de prisão e responde a mais de 50 processos. Conhecido como Martelo, ele tem uma suástica tatuada na mão e é acusado de homicídio qualificado, roubo e violência doméstica.

As buscas

50 dias. Esse foi o tempo que os criminosos estiveram em fuga até serem encontrados no Pará, em uma rodovia próxima a Marabá (PA).

Três secretarias da Segurança de três estados fiscalizando as divisas. Rio Grande do Norte, Paraíba e Ceará aumentaram o policiamento terrestre e aéreo da região. A Interpol também foi alertada.

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Ao menos seis estados envolvidos. A operação contou com a Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Penal Federal, Força Nacional, Corpo de Bombeiros, além de policiais militares dos Estados de Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí, Paraíba e Goiás, se revezando em turnos de dia e noite. Eles foram localizados no Pará.

Mobilização total de 500 agentes. Esse foi o número de policiais envolvidos nas buscas desde a fuga em 14 de fevereiro.

Encontrados a 1.600 km de distância de Mossoró. Os criminosos estavam em Marabá (PA). Eles e outros quatro homens estavam na capital Belém e foram capturados quando se deslocavam em três carros para a cidade. Rogério e Deibson, que integram a facção Comando Vermelho do Acre, estavam em veículos diferentes — que eram conduzidos pelos comparsas — e tinham outro carro na "escolta", segundo a PF.

A PRF colaborou com a PF e utilizou três viaturas para a recaptura. "Saímos da busca física, e trabalhar na parte da inteligência", disse o ministro Ricardo Lewandowski (Justiça) em entrevista coletiva para detalhar a ação.

R$ 5 mil por proteção. Esse foi o valor que os fugitivos teriam pago para ficar em um esconderijo em Baraúna (RN), a cerca de 25 km da Penitenciária de Mossoró, segundo informações da PRF (Polícia Rodoviária Federal) repassadas à TV Globo. Na casa, os dois tinham até redes para dormir.

Futuro pós fuga

10 mil novas câmeras em Mossoró. Os criminosos retornarão à prisão, que terá segurança reforçada. Além disso, os dois ficarão separados na penitenciária. "O sistema penitenciário federal não é mais o mesmo desde a data do evento [fuga] — 10 mil novas câmeras serão instaladas e a iluminação também foi trocada", disse André Garcia, secretário nacional de Políticas Penais.

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14 pessoas foram presas em flagrante por suspeita de ajudá-los. Na primeira semana de buscas, duas pessoas foram presas em flagrante e outra preventivamente. Em 22 de fevereiro, a PF cumpriu nove mandados de busca e apreensão nas cidades de Mossoró, Quixeré (CE) e Aquiraz (CE).

Processo contra 10 servidores. O Ministério da Justiça e Segurança Pública disse não ter encontrado indícios de corrupção na fuga dos presos, mas processou 10 servidores pelo ocorrido. Investigação concluiu que houve "falhas nos procedimentos carcerários de segurança". Foram instaurados três processos administrativos disciplinares contra servidores do presídio.

Sanções contra outros 17. Os demais envolvidos vão assinar um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) em que se comprometem a tomar uma série de medidas, entre as quais não podem cometer as mesmas infrações (que não foram especificadas) e terão que passar por cursos de reciclagem.

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