Ciclista que cruzava o Brasil desaparece na fronteira com a Guiana
O ciclista brasileiro George Silva, de 63 anos, desapareceu ao final de uma expedição de bicicleta para cruzar o Brasil. Triatleta e militar aposentado, Silva falou com a família pela última vez há um mês, quando estava em Uiramutã (RR), na fronteira do Brasil com a Guiana.
O que aconteceu
George Silva iniciou sua expedição de bicicleta em abril de 2023 no ponto mais extremo no Sul do Brasil, o Arroio Chuí, na fronteira entre o Brasil e o Uruguai.
Seu objetivo era chegar até o ponto mais extremo no Norte do território brasileiro, o Monte Caburaí, em Roraima. Em novembro do ano passado, depois de cerca de sete meses de expedição, chegou ao estado.
Silva enfrentou muitas dificuldades na reta final da expedição. Ao chegar em Roraima, em novembro, adoeceu e retornou a Bertioga (SP), onde vive a esposa, para se recuperar. Em fevereiro deste ano, voltou para Boa Vista (RR) para terminar a expedição. Mas, no caminho de Boa Vista para Uiramutã, a última cidade do percurso, foi mordido por uma cadela e teve que fazer uma pausa na cidade até terminar de tomar todas as doses da vacina contra raiva.
Conhecido como Atleta da Fé, ele viajava com a Pantera Negra, sua bicicleta. Em 22 de março, postou um vídeo no YouTube se preparando para concluir a viagem até o Monte Caburaí.
Estou muito feliz por ter chegado finalmente à última cidade do Brasil, em Roraima, Uiramutã. Eu saí ano passado, 23 de abril, do Chuí, na divisa do Brasil com o Uruguai. Eu a minha Pantera Negra, guiados por Deus. (...) Passar tantos estados sem perder a vida... Quase estive próximo, mas não perdi, porque existem anjos, um Deus e me guardaram. Eu tenho a fé que me guardarão até o final, até que eu chegue ao Monte Caburaí.
Vou sozinho, enfrentar índios, que nem sempre são hostis, enfrentar região de garimpeiro, enfrentar uma região que está em litígio de guerra, na tríplice fronteira Venezuela-Guiana-Brasil, enfrentar uma região de selva pouco conhecida, um pedaço muito longo de quase 100 km de selva bruta. Vou estar em contato com todo tipo de animal. Com os rios, com tudo. Mas eu me sinto preparado.
George Silva, em vídeo postado em 22 de março no YouTube
Em 27 de março, Silva fez uma rápida ligação para a esposa e informou que estava partindo de Uiramutã para o Monte Caburaí. Como as condições do trajeto são ruins, Souza teria decidido ingressar na Guiana, onde o percurso é tido como mais seguro. Desde então, a família não conseguiu contato com o ex-militar.
Segundo Gregori de Souza, filho de George, o pai calculou que levaria 15 dias para ir até o Monte Caburaí e retornar. Portanto, a previsão era de que Silva estaria de volta até meados de abril. O filho acredita que o pai possa ter errado no cálculo do tempo do trajeto.
A família já registrou dois boletins de ocorrência. Gregori afirma que há muita lentidão e burocracia das autoridades para encontrar o paradeiro do pai. Ele e a mãe estão há 12 dias em Roraima e entraram em contato com vários órgãos públicos para tentar acelerar os procedimentos.
Eu e minha mãe estamos correndo atrás. Esse é um trabalho que é de responsabilidade do Estado de Roraima e não nosso. Eles, como órgão de Estado, o Corpo de Bombeiros, são eles que têm que correr atrás. Porque é um ser humano que está lá, é um homem que serviu ao país por mais de 30 anos. Merece um pouco mais de respeito e de compaixão
Gregori de Souza, filho de George Silva, ao UOL
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Quero receberO Corpo de Bombeiros de Roraima disse que Silva chegou a entrar na Guiana e que seria preciso autorização do país para entrar no território. Ao UOL, o subcomandante do Corpo de Bombeiros de Roraima, coronel Gewrly Batista, disse que uma equipe de buscas esteve em Uiramutã para reunir informações sobre Silva.
Guiana disse que fará buscas pelo brasileiro. Segundo Batista, um major do Corpo de Bombeiros que integra uma equipe de ajuda humanitária no país vizinho já teria informado as autoridades locais, que se dispuseram a colaborar. O coronel avalia que será necessária uma operação conjunta entre bombeiros, Forças Armadas e o governo guianês para descobrir o paradeiro de George.
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