Porto Alegre diz que agiu em prevenção de cheias com gastos em outras áreas
O Portal da Transparência de Porto Alegre revela que no ano passado o item do orçamento "Melhoria no sistema contra cheias" não recebeu recursos. Mas a Secretaria Municipal de Comunicação, da gestão de Sebastião Melo (MDB), argumenta que investiu na proteção a enchentes por meio de outras áreas.
O que aconteceu
A prefeitura alega que a proteção a enchentes é "transversal" e ocorre por ações de diferentes secretarias. Apesar de não gastar com o item específico do orçamento, o trabalho teria sido feito com gastos em setores como Defesa Civil e estudos de impacto.
Em entrevista coletiva no início da tarde, o prefeito Sebastião Melo questionou a reportagem do UOL, que mostra que não houve investimento em 'Melhoria no sistema contra cheias' e disse que era preciso considerar 'alguns números macros'.
Colocamos R$ 30 milhões nestes três anos e meio em microdrenagem, R$ 20 milhões só em máquinas de bomba... Estamos preenchendo R$ 750 milhões em empréstimos com um banco alemão para drenagem urbana e investimos R$ 35 milhões para limpar os arroios do Porto Alegre, que são 27 bacias hidrográficos. Se hoje os arroios não estão transbordando, é porque houve limpeza dos arroios. Temos um empréstimo de R$ 95 milhões do Banco Mundial.
Sebastião Melo, prefeito de Porto Alegre
Ao UOL, o secretário de Comunicação, Luiz Otávio Prates, também listou alguns gastos. Ele entende que são investimentos em outras pastas feitos nos últimos anos e que funcionariam para prevenir cheias.
- Inventário de gases de efeito estufa;
- Mapeamento de áreas de risco;
- Gasto de R$ 200 milhões em drenagem;
- Reforma de casas de bombas ao custo de R$ 20 milhões;
- Compra de botes e contratação de 35 servidores para Defesa Civil;
Tudo isso é prevenção, na nossa avaliação, pela política transversal que existe na prevenção às cheias,
Secretário de Comunicação de Porto Alegre
Luiz Otávio admite que o item do orçamento "Melhoria no sistema contra cheias" não recebeu verbas. Mas ele reclama do sistema do Portal da Transparência por entender que não contempla situação "transversais" em que um gasto tem impacto noutra área.
O secretário ressalta que Porto Alegre não registrou mortes. As enchentes no Rio Grande do Sul causaram a morte de 90 pessoas até o momento. Há 132 desaparecidos e quatro óbitos em investigação.
Ontem, o governo federal reconheceu estado de calamidade pública em Porto Alegre. O mesmo ocorreu com centenas de municípios gaúchos. A capital do estado enfrenta racionamento d'água, o centro histórico e vários bairros estão inundados.
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