'Fui arremessada por 2 m e quebrei pé depois de ser atropelada por baleia'
Um atropelamento inusitado fez com que a mergulhadora gaúcha Erika Beux, 42, fosse arremessada a cerca de 2 metros de distância e tivesse três ossos do pé quebrados. O motorista? Uma baleia.
Foi uma situação engraçada. Não esperava que tivesse quebrado o pé. Quando fui contar para o médico o que aconteceu, ninguém acreditava. Fui fazer fisioterapia depois do tratamento e todo mundo achava que tinha torcido, chutado uma pedra. Aí eu contava: fui atropelada por uma baleia. Todo mundo ficava surpreso. Erika Beux, bióloga e mergulhadora
O incidente ocorreu durante uma viagem de mergulho na África do Sul, em julho de 2023. "Essa viagem foi para um evento que atrai pessoas do mundo inteiro. De maio a julho acontece a corrida das sardinhas, que saem de lá e vão para Moçambique. Essa migração atraí também os predadores, então dá para ver muitos animais. Era meu sonho fazer esse passeio e alguns clientes [da agência que ela gerencia] também tinham pedido por isso. E tudo aconteceu logo no primeiro dia."
Visibilidade da água não estava tão boa. "Diferentemente do Brasil, lá pode nadar com as baleias, mas existia uma questão de visibilidade do próprio mar. Para uma baleia que tem 15 metros, nem sempre dá para vê-la por completo. Pudemos observá-la por um tempo e ela foi embora. Eu já estava voltando para o bote quando o capitão anunciou que ela estava voltando. Colocamos a cabeça na água, tentamos encontrar, mas não a vimos. De repente ela passa em outra direção, que não estávamos esperando, e nisso eu só vi a rabada para cima de mim."
Consegui virar de costas para tentar fugir, mas ainda assim fui atropelada. Levei uma 'rabada' no pé e nas costas e, por incrível que pareça, só senti a dor nas costas. Fui jogada para longe, uns 2 metros abaixo d'água. A nadadeira até saiu do meu pé. A hora que eu vi a cauda dela não deu tempo de fazer nada, só virar de costas e tentar fugir. Mas já era tarde. Erika Beux, bióloga e mergulhadora
Érika só foi saber que estava com o pé quebrado quando retornou ao Brasil. "Voltei para o bote e vi que meu pé estava normal, só um pouco inchado. A baleia já tinha sumido. Só fui saber que tava quebrado quando cheguei ao Brasil, em uma consulta de urgência. Até pensei em ir ao hospital lá, mas estava em uma região pacata e precisava ir para um lugar maior, a 5 horas. Não queria ficar internada e deixar os clientes na mão. Fui levando no analgésico e gelo. Conseguia caminhar mancando."
O pé ainda dói —e virou ferramenta para "previsão do tempo". "Fiquei dois meses com a bota ortopédica. O ortopedista ainda disse: '30 anos de consultório e já vi as pessoas quebrarem ossos por motivos diversos, mas esse nunca tinha visto'. Os ossos estão cicatrizados, mas a dor ainda ficarei sentido. É engraçado que o pé fica mais sensível quando vai chover aqui no Ceará [onde ela mora atualmente]. O médico disse que eu seria a 'mulher do tempo', que isso é o normal."
Foi a primeira vez que um incidente dessa natureza aconteceu em 13 anos de mergulho —e o primeiro mergulho com baleias. "Depois fiz uma viagem para Tonga só para nadar com baleias. Mesmo a 5 metros de distância, ficava com receio."
Sei que aquela baleia não me atacou. Ela estava nadando o percurso dela e a cauda dela me atingiu sem querer. A baleia não é um animal agressivo. Esse episódio não me fez querer parar: quero continuar encontrando baleias em outras viagens. A única coisa que mudou é a percepção do que a gente precisa fazer, dos cuidados que temos que ter ao mergulhar com esses grandes animais. Estamos na casa deles, temos que dar espaço para eles. Erika Beux, bióloga e mergulhadora
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