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Vereador que imitou macaco para colega em GO vira réu por injúria racial

O vereador de Planaltina (GO) Professor Lincon (MDB) virou réu por cometer o crime de injúria racial contra o também vereador Carlim Imperador (Solidariedade). O caso aconteceu em novembro de 2023, na Câmara Municipal da cidade. A Justiça aceitou a denúncia do Ministério Público na quinta-feira (6).

O que aconteceu

Lincon ofendeu a dignidade e decoro de Carlim em razão de sua raça, de acordo com a denúncia. Um vídeo mostra que, durante uma discussão na Câmara, o vereador imitou sons de macaco enquanto discutia com o colega, que é negro.

O vereador não poderá usufruir da imunidade parlamentar e nem do acordo de não persecução penal, segundo o MP. A denúncia destacou que a imunidade abrange os fatos que estejam relacionados com o exercício do mandato, e a injúria racial, mesmo tendo sido proferida dentro da Câmara, não tem relação com a atividade parlamentar. Além disso, o acordo não poderia ser firmado por se tratar de um crime inafiançável e imprescritível.

Ministério Público sugere que Lincon seja condenado a pagar, pelo menos, R$ 20 mil à vítima. O valor seria estipulado para a reparação dos danos materiais e morais sofridos por Carlim.

Vereador Carlim diz que sentiu um misto de tristeza e alívio após o indiciamento. "Quando Lincon fez aquele gesto, ele não apenas me desrespeitou como indivíduo, mas também desrespeitou a todos que lutam por uma sociedade mais justa e igualitária. A decisão do Ministério Público de indiciar Lincon é um passo importante na luta contra o racismo. Isso mostra que atitudes discriminatórias terão consequências e que a justiça será perseguida", disse ao UOL.

A reportagem também tenta contato com o professor Lincon. O espaço segue aberto para manifestação.

Na semana do ocorrido, o presidente da Câmara, Raimundo Goods, disse que não houve injúria racial. "Foi apenas um mal-entendido, os vereadores que estavam presentes estão para atestar isso. Se porventura tivesse acontecido algo, eu na condição de presidente da Câmara Municipal de Planaltina, teria tomado as medidas cabíveis. Pois a Câmara Municipal, assim como seu representante não coaduna com esse tipo de conduta", disse em nota.

O partido do professor Lincon na época, Cidadania, afirmou em nota que repudiava a atitude do vereador e pediu que a direção municipal se posicionasse a respeito. "Nunca aceitaremos que ataques raciais sejam promovidos por membros de nossa legenda, seja por que motivo for", finaliza. A reportagem procurou o MDB, atual partido de Lincon, e aguarda retorno.

O Solidariedade, atual partido de Carlim, diz que repudia qualquer forma de injúria racial. "Reiteramos nosso compromisso com a promoção da igualdade e justiça social, e instamos as autoridades competentes a agirem com firmeza contra qualquer forma de racismo. A diversidade é um grande valor que enriquece nossa nação, e devemos lutar incansavelmente para proteger os direitos e a dignidade de todos os cidadãos, independentemente de sua cor de pele, origem étnica ou qualquer outra característica", escreveu o partido em nota.

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Relembre o caso

Os vereadores se envolveram em uma discussão durante uma votação. Os parlamentares debatiam uma proposta para implantar uma loteria na Prefeitura de Planaltina.

Outro vereador tenta acalmar a briga, mas Carlim, que é negro, continua discutindo. Lincon permanece em silêncio por alguns segundos, fazendo gestos com a mão indicando que o colega estaria falando demais.

De repente, professor Lincon começa a emitir sons similares aos de um macaco. Depois, a votação continuou normalmente.

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