Trabalho para 'comprovar traição': o que se sabe da morte de jovem no RJ

O enterro de Camille Vitória Monteiro, de 21 anos, aconteceu na tarde desta quarta-feira (17), em Ricardo de Albuquerque, zona norte do Rio de Janeiro. A jovem desapareceu no último dia 5 e, segundo a Polícia Civil, seu corpo foi encontrado na segunda-feira (16), em uma área de mata, no município de Magé, na Baixada Fluminense. Para a mãe dela, a filha foi vítima de uma emboscada.

Quem era a jovem

Camille Vitória é mãe de três crianças, uma menina de 4, um menino de 2 e um bebê de 8 meses. Segundo a família, eles já sentem falta da mãe e perguntam por ela.

A jovem é moradora de Magé e era conhecida por ser trabalhadora. A mãe da vítima conta que ela sempre trabalhou fazendo faxina, eventos, sobrancelhas e colocação de cílios.

Camille Vitória Monteiro, 21, desapareceu após ir a entrevista de emprego
Camille Vitória Monteiro, 21, desapareceu após ir a entrevista de emprego Imagem: Arquivo pessoal

Nas redes sociais, ela compartilhava frases sobre maternidade e fotos dos filhos. Em uma de suas publicações, Camille Vitória aparece com um tabuleiro vendendo balas: "Vergonha é matar e roubar. Mãe tá de volta, muito on pela granita, como vocês já sabem", diz a legenda da foto.

"É uma perda muito grande. Minha filha não tinha problema com ninguém e, para mim, ela foi vítima de uma emboscada", disse Janaina Monteiro, mãe da vítima, ao UOL. "Acho que ela viu algo que não podia, não sei, mas hoje o meu sentimento é de sede de justiça", continuou.

Também nas redes sociais, parentes e amigos também lamentaram a morte da jovem: "Menina esforçada, corria sempre atrás de fazer seu dinheirinho para sustentar seus filhos e a si mesma para ter um fim trágico desses", disse uma mulher. "Que a justiça seja feita com os culpados que tiraram a vida dessa jovem", escreveu outra.

O que aconteceu

Camille Vitória Monteiro estava desaparecida após sair de casa para uma entrevista de emprego
Camille Vitória Monteiro estava desaparecida após sair de casa para uma entrevista de emprego Imagem: Reprodução/Redes sociais
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Segundo as investigações da DDPA (Delegacia de Descoberta de Paradeiros), a vítima recebeu uma proposta de trabalho para tirar fotos e vídeos para comprovar uma suposta traição conjugal. Ela saiu de casa, no bairro Anchieta, Zona Norte do Rio, para realizar o serviço e não foi mais vista.

A Polícia Civil identificou dois suspeitos de envolvimento no desaparecimento de Camille Vitória. Durante interrogatório, um deles indicou o local onde estaria o corpo da vítima. Os agentes foram ao lugar e localizaram o corpo da jovem em uma área de mata, em Magé, na Baixada Fluminense.

"A DDPA representou pela prisão cautelar dos dois suspeitos. As investigações continuam para apurar a dinâmica dos fatos e identificar outros envolvidos no crime", diz a nota enviada ao UOL.

O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, porém, negou o pedido de prisão e até o momento, nenhum suspeito foi preso. "A polícia pediu a prisão temporária de dois suspeitos. O pedido não foi concedido porque o juízo não encontrou indícios suficientes para esclarecer a autoria dos investigados", informa a nota enviada à reportagem.

Em depoimento à polícia, um suspeito disse que foi contratado por um ex-PM para arrumar uma "mulher jovem" para fazer um serviço para um empresário do qual esse ex-agente era amigo. Esse empresário, que seria dono de postos de gasolina, é um homem de 70 anos, que seria "muito rico". A polícia não esclareceu se a vítima tinha conhecimento desse suposto serviço para o empresário.

Ex-PM também prestou depoimento. Ele confirmou que teria contratado a jovem para fazer o "serviço" para o seu amigo empresário. Entretanto, ele disse ter levado a vítima no dia do crime em um carro com outros dois homens, e que esses homens teriam agredido Camille.

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O ex-agente disse ter descido do veículo e ido embora, sem prestar socorro. Os dois homens que teriam batido na jovem não foram localizados até o momento e a motivação para o espancamento ainda é investigada.

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