Jornal: Funcionário denunciou avarias em degelo de outro avião da Voepass
Um funcionário da Voepass denunciou a existência de avarias no avião da empresa que faz voos na rota entre Fortaleza e a ilha de Fernando de Noronha.
O que aconteceu
Voepass cancelou todos os voos dessa rota até o dia 31 de agosto após o acidente que deixou 62 mortos em Vinhedo (SP). Oficialmente, a empresa alegou haver "contingenciamento da operação" devido a tragédia no interior de São Paulo, mas a aeronave ATR-42, com capacidade para 48 pessoas, que faz o percurso de Fortaleza-Fernando de Noronha recebeu reclamação por avarias na parte de degelo, segundo informações do jornal O Globo.
Funcionário da Voepass denunciou em fevereiro deste ano problemas de manutenção no ATR-42, de matrícula PR-PDS. Conforme o jornal, o tripulante reportou que havia um rasgo no sistema de proteção que impede o congelamento da asa do avião — essa é uma das causas prováveis para a queda do ATR-72 em Vinhedo.
Aeronave também apresentava outros problemas. Ainda segundo O Globo, o mesmo funcionário denunciou que pelo menos um dos quatro freios do avião estava quebrado, um pneu tinha riscos de explosão durante pouso, além de falhas na porta do avião. Apesar de cancelar os voos da rota Fortaleza-Fernando de Noronha, o ATR-42 está escalado para voos nas rotas Recife-Campina Grande e Recife-Natal-Mossoró.
Anac chegou a interditar o PR-PDS em maio de 2024 e a aeronave ficou dois dias sem decolar. Em nota, a a Agência Nacional de Aviação Civil informou que o modelo foi fiscalizado em 7 de maio, mas retomou as operações "tão logo a empresa [Voepass] realizou os ajustes necessários" — o modelo teve permissão para retomar os voos em 9 de maio.
Empresa disse ao Globo apenas lamentar "os contratempos causados pelo contingenciamento de sua rota". O UOL entrou em contato com a Voepass para pedir posicionamento referente a denúncia de avarias no ATR-42, mas não obteve retorno até a publicação.
Queda de avião em SP
Acidente que matou 58 passageiros e quatro tripulantes é o quinto mais fatal na história da aviação no Brasil. O avião operado pela Voepass saiu de Cascavel (PR) com destino a Guarulhos (SP) na última sexta-feira (9). Quando faltavam cerca de 20 minutos para chegada ao destino, a aeronave despencou 13 mil pés (4.000 metros) em dois minutos. O avião caiu em um condomínio residencial em Vinhedo (SP) e pegou fogo.
Aeronave que caiu em São Paulo sofreu danos em março. O avião foi danificado após um pouso na noite de 11 de março, disse uma funcionária da Voepass ao Jornal Nacional (TV Globo).
Os registros mostram óleo escorrendo em alguns pontos da aeronave. Um ralado na fuselagem, que retirou a tinta da estrutura, e óleo cobrindo o trem de pouso também foram registrados. Também é possível visualizar a estrutura interna de um dos pneus do avião. Acima do pneu, a fuselagem ficou quebrada.
Registros foram feitos na aeronave prefixo PSVPB, a mesma que caiu em Vinhedo. A informação, veiculada pelo Fantástico (TV Globo), aponta que o caso foi relatado às autoridades depois de uma viagem da aeronave entre Recife e Salvador.
Funcionária diz que um dos pneus estourou ainda na decolagem. Os pedaços de borracha teriam danificado o sistema hidráulico do avião, dificultando o pouso. "Os colegas de empresa contaram que o pneu desse avião já estava com problemas, precisando de troca. Mas não foi trocado, talvez, porque entenderam que estava ok ainda para voo", disse, sob condição de anonimato.
Registro no sistema de manutenção da Voepass apontou que a batida causou "dano estrutural" na aeronave. O parecer final do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) não mencionou a colisão com o solo e disse que os danos foram leves, segundo a TV Globo.
Aeronave ficou em manutenção de março até julho, quando voltou a voar regularmente. Funcionários da Voepass fizeram uma denúncia anônima à ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil) há 20 dias sobre um problema de pressão na porta de serviço na mesma aeronave. "Essas frestas você consegue ver ar, o horizonte, são frestas grandes. Muito barulho, aquele barulho de ventilação, de vento entrando no avião. E isso traz insegurança para o comissário que está ali pousando, decolando, e não sabe o que pode acontecer com aquela porta", disse a funcionária.
Anac disse à emissora que um avião só é liberado para voltar às operações quando está em condições de voo. Sobre a denúncia dos funcionários há 20 dias, a agência reguladora apontou que a análise dos casos segue rito próprio, seguindo a legislação.
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Quero receberJá a Voepass disse à TV Globo que um reparo temporário no avião foi realizado após a ocorrência de março, possibilitando que ela fosse levada até Ribeirão Preto (SP), onde passou pelo reparo definitivo. A empresa argumentou que o traslado foi permitido pela ANAC, acrescentando que não houve necessidade de autorização especial para o retorno do serviço porque o certificado de aeronavegabilidade estava válido, assim como os reparos realizados.
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