'Achei que tinha matado minha cachorra': ave invade casa e assusta tutora

Uma empresária viveu momentos de terror ao descobrir que uma ave de rapina havia entrado em sua casa em São José (SC), na semana passada. Ela pensou que sua cachorra da raça chihuahua havia sido morta pelo animal.

O que aconteceu

Flávia Abalém, 37, descobriu que o animal tinha entrado na casa dela pelas câmeras de segurança. Ela estava no trabalho quando o incidente ocorreu. Flávia temeu pela vida de sua cachorrinha, Ramile, que tem quatro anos e pesa 1 kg. "Pensei que ela tivesse morrido, achei que ele tinha matado minha cachorra", disse ao UOL.

Vídeo da ave na casa teve repercussão nas redes sociais, acumulando mais de 12 milhões de visualizações apenas no TikTok. "Eu não esperava toda essa repercussão", admite Flávia, que já costumava compartilhar momentos do dia a dia de Ralime nas redes. "Recebi muito apoio, mas também houve julgamentos de pessoas que não acreditaram no que aconteceu", contou.

Ave já espreitava a residência há algum tempo. Flávia, que trabalha com produção artística de personagens, também compartilhou uma curiosidade divertida com seus seguidores. "Já teve uma vez que essa ave apareceu na minha janela enquanto eu estava cantando vestida de Branca de Neve. Algumas amigas até brincaram, dizendo que eu atraí o 'gavião' pelo canto", lembra.

Flávia Abalém, 37, e a chihuahua de pelo longo Ralime, 4
Flávia Abalém, 37, e a chihuahua de pelo longo Ralime, 4 Imagem: Arquivo Pessoal

Área de mata

Ave foi flagrada ao vivo pela empresária, graças às câmeras que são acionadas por movimento. O condomínio onde Flávia mora com o marido e a cachorrinha fica próximo a uma área de mata, então a família já experienciou contatos com a fauna local. Mas nunca imaginou que a casa pudesse ser invadida por uma ave de rapina. Ela explica que, ao ver a movimentação na casa pelas câmeras, sua primeira reação foi de terror: "Na hora, meu coração parecia que ia pular do peito. Eu fiquei muito assustada."

A preocupação de Flávia se intensificou quando percebeu que Ralime estava em casa sozinha. "Ela é muito pequenininha e muito frágil. A primeira coisa que passou na minha cabeça foi que a ave poderia ter machucado ela. Eu não escutava ela latindo, e o barulho das asas dentro da casa me deixou desesperada."

Após alertar o marido e pedir ajuda aos vizinhos, a empresária dirigiu-se para casa o mais rápido que pôde. "Quando cheguei, a primeira coisa que fiz foi procurar a minha cachorrinha. Quando a vi escondida na casinha dela, foi um alívio imenso." No entanto, a ave ainda estava dentro da casa, e foi necessário o auxílio de um vizinho para conseguir retirá-la com segurança.

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Flávia descobriu que o animal entrou pela janela de um dos banheiros e mandou instalar telas em todos os cômodos da casa após o incidente. "Talvez me faltasse um pouco de conhecimento. Agora, estou buscando entender melhor a fauna e tomar mais cuidado. E recomendo a quem mora perto de locais cercados por mata, que coloquem telas nas suas janelas e fiquem atentos. Eu duvidei que isso pudesse acontecer, e realmente aconteceu."

Gavião ou carcará?

Veterinário identificou ave como carcará e esclareceu os riscos associados a esses encontros. Considerada de médio porte, ela é conhecida por seu comportamento generalista e oportunista. "Essa ave pode chegar até 60 centímetros de comprimento, com uma envergadura de até 1,2 metro. A fêmea pode pesar até um quilo, enquanto o macho atinge cerca de 800 gramas", explicou Raphael Clímaco.

Ele destacou que o carcará não é um predador especializado, preferindo explorar restos de comida e lixo, o que o atrai para áreas urbanas. "Hoje, a vida silvestre está praticamente integrada à vida urbana devido ao desmatamento e à construção de casas e edifícios próximos às áreas rurais. O carcará, sendo uma ave oportunista, é atraído pela facilidade de acesso a alimento, como restos de comida e pequenos animais em situações vulneráveis," afirmou Clímaco.

Veterinário ressaltou que, neste caso, a ave adentrou a casa mais por curiosidade do que por busca ativa de alimento.

Ele entrou por curiosidade e depois não soube sair. Apesar de saber que havia um cachorro na casa, em momento algum ele investiu contra o animal. As aves de rapina são extremamente sensíveis, tanto na visão quanto no olfato.
Raphael Clímaco

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Para evitar esses encontros indesejados, Clímaco recomenda medidas simples, mas eficazes: "Quem cria aves menores deve mantê-las em ambientes seguros e protegidos. É importante telar janelas, evitar o acúmulo de lixo em casa e só colocar o lixo para fora no dia da coleta."

Em situações onde a ave acaba confinada numa residência, Clímaco alerta para o risco de comportamento agressivo por parte da ave. "Quando confinada, a ave pode se sentir ameaçada e, em busca de sobrevivência, pode atacar. Além disso, tentar capturar a ave sem a técnica adequada pode machucá-la, pois os ossos das aves são muito frágeis. A captura deve ser feita por um profissional especializado, ou deve-se incentivar que a ave encontre uma saída sozinha."

Já o educador ambiental Matheus Silva Mesquita, o Biomesquita diz que o perigo temido por Flávia era real. Em um vídeo em que comenta o que aconteceu, ele diz que cachorros muito pequenos podem mesmo servir de presa para um gavião ou carcará, como o que invadiu a residência da empresária. Ele ressalva que isso não faz dos carcarás animais malignos, vilões.

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