Presidente da Apae atirou e matou funcionária da entidade, diz polícia
Cláudia Regina da Rocha Lobo, secretária-executiva da Apae de Bauru (SP), foi assassinada pelo então presidente da entidade, Roberto Franceschetti Filho, no último dia 6, afirmou a Polícia Civil nesta segunda-feira (26), com base em dados da investigação.
O que aconteceu
O inquérito segue em andamento, mas a principal hipótese é de que a morte tenha relação com questões financeiras, disse ao UOL o delegado Cledson do Nascimento. "O próprio Roberto indicou que ele estava fazendo retiradas de valores da instituição e repassando para ela. Temos informações também que ela que o indicou como presidente", disse. A investigação aponta fortes indícios de que o assassinato ocorreu em meio a um "rombo" no caixa da Apae, má gestão da entidade e conflitos de interesse entre os dois.
Em depoimento, o suspeito disse que os adiantamentos supostamente solicitados por Cláudia seriam para ajudar um parente que havia sido preso e estava devendo. Uma semana antes do desaparecimento, ela teria pedido R$ 40 mil, mas ele não teria liberado.
Os policiais também encontraram mensagens em que a vítima ressalta que foi ela a responsável por indicar Roberto como presidente. "Algumas informações apontam que isso poderia ter sido 'colocado em xeque', querendo tirá-lo da função", explicou o delegado.
Vídeo flagra movimentação
Imagens de uma câmera de segurança em Novo Jardim Pagani deram "rumo decisivo para a investigação", diz polícia. O vídeo mostra Cláudia deixando o banco de motorista e indo para o banco de trás, onde foi encontrada a maior quantidade de sangue no carro, enquanto Roberto assume o volante.
O presidente da Apae teria dado um tiro na secretária pouco depois de trocarem de lugar no carro. Outras câmeras de segurança mostram Roberto seguindo pela Rodovia Cezário José de Castilho para se desfazer do corpo, de acordo com a investigação.
Roberto indicou onde descartou corpo, segundo Polícia Civil de São Paulo. Em uma conversa preliminar com os policiais, após ser preso temporariamente no dia 15, o suspeito teria indicado que jogou o corpo da vítima em um local onde a Apae incinera papéis e outros materiais. A geolocalização e movimentação do celular dele indicaram que o presidente da entidade passou pelo local.
Porém, em depoimento formal no dia 19, o presidente da entidade negou o crime. Ele disse que apenas levou Cláudia para entregar uma quantia no bairro Mary Dota e, depois, ela o deixou na Avenida Nuno de Assis.
Descarte do corpo
Outro suspeito relaciona Roberto ao crime. Um funcionário responsável pelo setor de frota e compras da Apae de Bauru, que seria "homem de confiança de Roberto", afirmou que o presidente o ameaçou para descartar o corpo de Cláudia e limpar o carro.
No dia 10, esse funcionário voltou com a polícia ao local onde queimou o corpo da vítima. Foi nesse momento que os agentes encontraram fragmentos de ossos humanos, ainda em análise. Também foi encontrado um par de óculos, reconhecido por parentes como sendo de Cláudia.
O laudo pericial confirmou que a pistola apreendida na casa de Roberto é compatível com a bala encontrada no carro.
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Quero receberO UOL tenta contato com a defesa de Roberto Franceschetti Filho. Se houver resposta, o texto será atualizado.
A Apae de Bauru diz que colabora com a investigação. Em uma nota divulgada no último dia 21, a entidade diz que os "atendimentos tão essenciais ao público da Apae não estão relacionados aos fatos e permanecem garantidos". A Apae também informou que abriu uma sindicância para apurar supostas irregularidades financeiras, também investigadas pela Polícia Civil.
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