Delação de atiradores de Marielle não prevê redução de pena, diz promotor

A delação premiada acordada junto à Polícia Federal pelos ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, réus confessos nos homicídios de Marielle Franco e Anderson Gomes, não prevê redução de pena, segundo o promotor Eduardo Martins.

O acordo não prevê redução alguma de pena. Eles vão cumprir os 30 anos de pena que é o máximo que a legislação previa no momento do crime Eduardo Martins, promotor de Justiça

Martins atua no júri dos ex-policiais, que começou hoje (30). "Os termos da colaboração estão sob sigilo e a gente não pode colocar aqui", disse.

A importância desse julgamento é que não existe colaboração, não existe acordo sem condenação. Por isso, precisamos garantir a condenação deles", afirmou. Eduardo Martins, promotor de Justiça

Depoimentos colhidos nesta quarta reforçam a investigação e a denúncia. A afirmação é do promotor Fabio Vieira, que também atua no júri. "Os detalhes, que muitas vezes ficaram afastados da imprensa e da população, hoje estão vindo à tona", disse.

Marcelo Freixo afirmou que as investigações só se tornaram efetivas quando a Polícia Federal começou a acompanhá-las. "Talvez a sede do Escritório do Crime tenha sido a Delegacia de Homicídios. Bons policiais não conseguiram trabalhar", disse Freixo, que foi aliado político de Marielle e e presidente da Embratur.

Viúva chora e relembra últimas palavras ouvidas de Marielle: 'Eu te amo'

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A vereadora Monica Benicio (PSOL), viúva de Marielle Franco, prestou um depoimento emocionado. "Lembro também do último segundo que eu vi a minha esposa com vida. A última coisa que ela me disse foi 'eu te amo", disse.

Questionada sobre o que espera do júri, afirmou que se dissesse "justiça" poderia haver uma leitura equivocada da palavra. "A única justiça possível seria não precisar estar aqui e ter a Marielle e o Anderson vivos", afirmou.

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'Essa dor não tem nome', diz mãe de Marielle Franco em depoimento no júri

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Marinete da Silva, mãe de Marielle, foi a segunda testemunha de acusação a falar. Emocionada, afirmou que a dor de perder a filha "não tem nome".

"Ninguém, a não ser quem tenha passado pelo mesmo, pode avaliar a dor que estou sentindo", afirmou. Ela complementou que a dor foi ainda maior sofrer a perda já idosa.

Filho cresceu sem pai com 'mãe destruída', diz viúva de Anderson Gomes

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Ágatha Arnaus, viúva de Anderson Gomes, também falou. Ela contou que o maior sonho do marido era ser pai e exibiu o vídeo com a reação dele ao descobrir a gravidez. "Não lembro de outro dia que tenha visto o Anderson assim, tão feliz", disse.

Arthur nasceu em 2016 com uma síndrome associada à onfalocete, uma doença de má formação do intestino. Sem o marido, Ágatha ficou sobrecarregada. "O Arthur estava vivendo com uma mãe que estava destruída, ele não andava, não falava", afirmou.

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Dia difícil, diz filha de Marielle

Horas após o início do julgamento, Luyara Santos, filha de Marielle, e Anielle, irmã, descreveram a emoção durante o julgamento desta quarta. Elas participaram de entrevista coletiva no 4º Tribunal do Júri do Rio, onde ocorre o júri.

Foi um dia difícil, ouvindo minha vó, Ágatha, relembrando o lado humano da minha mãe. Muito difícil falar e relembrar, muito difícil relembrar tudo isso, vê como foi arquitetado esse crime.
Luyara Franco, filha de Marielle

Um dos depoimentos mais fortes foi o da minha mãe, trazendo o lado filha, mãe, da Mari. Os promotores e defensores fizeram muito isso, e eles repetiam muito isso, que Marielle Franco vereadora todo mundo conhecia, mas Marielle Francisco da Silva, como é o nosso nome, não, e eles queriam ouvir.
Anielle Franco, irmã de Marielle

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