Eleitor deve usar álcool gel após votar e não antes, diz presidente do TSE
O presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o ministro Luís Roberto Barroso, disse que já tem pensado em medidas de cautela na realização das eleições, como o uso de máscaras, o distanciamento social e a elaboração de uma cartilha com recomendações.
Barroso também afirmou que o eleitor não poderá utilizar álcool gel (uma medida de proteção contra o coronavírus) antes de votar, já que corre-se o risco de dano do aparelho.
"Confesso que eu tenho conversado mais com epidemiologistas e sanitaristas do que juristas de uma maneira geral (...) Parte das minhas conversas tem sido em medidas de cautela durante as eleições, que vão desde o uso de máscara para mesários e eleitores, até uma farta distribuição de álcool gel — o país está sem dinheiro, mas vamos buscar na iniciativa privada. E outras medidas de segurança, como distanciamento social. E já começamos a detalhar uma cartilha com recomendações de proteção ao eleitor", disse ele, durante entrevista à CNN Brasil.
"E tem outro detalhe que apuramos: não pode passar álcool gel antes de ir à urna, porque danifica a urna. Mas teremos álcool gel na saída da cabine. Portanto, estamos pensando no passo a passo para a proteção do eleitor", acrescentou.
Barroso disse também que o mês de junho é o prazo para definição de adiamento ou não das eleições municipais previstas para o mês de outubro em todo o Brasil por causa da pandemia do novo coronavírus, que já matou mais de 32,5 mil pessoas no país.
"Certamente, há um prazo limite e acho que estamos nos aproximando deste prazo. Acho que ao longo do mês de junho precisamos ter uma definição sobre a realização ou não das eleições previstas para outubro. As convenções partidárias têm como prazo limite [o dia] 5 agosto e penso que seja de toda a conveniência ao longo desse mês de junho nós definirmos o adiamento ou não", afirmou o ministro.
Combate a fake news é "indispensável"
Outra preocupação de Barroso é o combate às fake news. Sem entrar no mérito do caso do inquérito instaurado pelo STF (Supremo Tribunal Federal), afirmou também à CNN Brasil que "o combate às fake news é indispensável" porque "a democracia vive de ideias e opiniões".
"Milícias que criminosamente difundem mentiras ofensivas e destrutivas das pessoas e instituições não estão exercendo liberdade de expressão. São bandidos e muitas vezes remunerados. Portanto, são mercenários. Pagos ou com dinheiro vivo ou com publicidade para tentar destruir a democracia", disse.
Para o presidente do TSE, a investigação de uma possível interferência do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na Polícia Federal, como acusou o ex-ministro Sergio Moro, "trouxe acirramento de ânimos". Em sua fala, abordou ainda as manifestações que pedem o fechamento do Congresso e do STF.
"O que trouxe preocupação a mim, eu raramente me manifesto sobre o fato político do dia, foi aquela manifestação de algumas semanas atrás na porta do quartel do exército que se pedia o fechamento do Congresso e o fechamento do STF, e que teve a participação do presidente da República. Manifestações privadas, sem violência, fazem parte da liberdade da expressão. Mas o incitamento às forças armadas para intervirem é algo muito grave, e só pode desejar a volta da ditadura quem perdeu as esperanças ou tem saudade de um passado que não existe", disse.
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