Caminhada política no RN termina com dois mortos a tiros e um ferido
Duas pessoas morreram e uma ficou ferida durante uma caminhada política realizada pelo candidato a prefeito do município de Pedro Velho (RN), Junior Balada (DEM), na noite de ontem. Segundo a polícia, o candidato estava visitando residências, quando ocorreu um tumulto e dois homens, que são primos do vereador Marcos Teixeira (Pros), foram assassinados a tiros por um suposto segurança do candidato. Na confusão, o suposto atirador foi esfaqueado.
Até agora, nenhum suspeito do crime foi preso. A Polícia Civil do Rio Grande do Norte informou que as investigações sobre o caso estão em andamento na delegacia de Pedro Velho, mas não disse quanto efetivo foi destacado para monitorar as ações políticas e nem se haverá envio de reforço para o município.
A caminhada política estava ocorrendo na comunidade Cuité das Bocas, localizada na zona rural, a 10 km da sede do município.
Os irmãos Adailson da Silva Teixeira, 51, e Gilson Marques Teixeira, 43, foram mortos a tiros, e o suspeito dos dois assassinatos, que não teve o nome divulgado, teria sido esfaqueado durante a confusão.
As primeiras investigações apontam que o atirador é um suposto segurança de Junior Balada e seria um policial militar lotado na Paraíba. A polícia disse que testemunhas contaram que a confusão começou quando os grupos adversários iniciaram uma provocação entre si.
As vítimas do atirador foram socorridas no Hospital Municipal de Pedro Velho, mas já chegaram sem vida. Segundo o hospital, Adailson foi atingido por um tiro nas costas. O irmão dele foi baleado na cabeça e no peito. O enterro dos corpos dos dois irmãos ocorrerá na tarde de hoje no cemitério de Pedro Velho.
O suspeito de atirar foi socorrido para o pronto-socorro Clovis Sarinho, localizado em Natal, a 87 km de Pedro Velho. O hospital não informou o estado de saúde do paciente até a publicação deste texto.
Família contradiz apoiadores de candidato
Familiares de Adailson e de Gilson negaram que eles estavam com faca e afirmaram que eles foram assassinados de forma covarde. Eles disseram que as vítimas estavam em uma estrada, distante da caminhada do candidato, quando tiveram o carro parado e revistado pelos seguranças de Junior Balada, ao contrário da versão do grupo do candidato.
"Após a revista, nada foi encontrado. Mas, mesmo assim, os seguranças do candidato continuaram a prender o carro dos meus primos e um deles se exaltou. Foi quando um segurança do candidato atirou para matar, pois atirou na cabeça e nas costas. Não justifica a reação com assassinato com o ato das vítimas, que são trabalhadores e nenhum tem histórico de envolvimento em confusão, briga, nada", relatou um parente dos irmãos assassinados.
A prefeita pediu segurança para o município e lamentou a morte dos dois moradores. "Peço segurança urgente para nossa Pedro Velho viver com tranquilidade. A nossa cidade não merece essa dor. Pedimos paz!", disse Dejerlane Macedo.
A prefeitura de Pedro Velho decretou luto de três dias em solidariedade à família das vítimas assassinadas.
O UOL tentou localizar Junior Balada, na manhã e tarde de hoje, mas não conseguiu. Nas redes sociais, o grupo Jovens Pela Mudança, formado por jovens que apoiam Junior Balada, publicou uma foto da caminhada afirmando na legenda que o evento "foi lindo" e que é "mais uma comunidade que quer mudança pra cidade."
O grupo se manifestou nas redes sociais pedindo paz para o município. Em nota, o grupo relatou que muitos jovens participavam da caminhada pela primeira vez e que "estava fazendo política de forma limpa, pois queremos o melhor para Pedro Velho."
"Em momento algum, quisemos ou fomos atrás de confusão com alguém. Estávamos exercendo nosso direito político de pedir votos", diz o texto, enfatizando que torce que "Justiça seja feita."
Marcos Teixeira se pronuncia
O vereador Marcos Teixeira se manifestou, por meio de nota, sobre o assassinato dos dois primos dele e afirmou que o caso se trata de "uma dupla execução premedita, planejada e aplaudida".
"Há várias versões, mas até aqui todas as que vi e ouvi têm cunho politiqueiro. Observem vidas humanas, pais de família, jovens trabalhadores que mesmo que um deles tenha promovido algum bate-boca, tem por trás uma família inteira. De uma avó com 96 anos a uma mãe com 78 anos até uma filha recém-nascida", disse o vereador.
Ele destacou que nada justifica o assassinato dos primos, porque pessoas da comunidade, pessoas da própria família, ficam "tentando justificar o injustificável por paixão partidária é um ato tão covarde como o ato que cometeram os executores. Nada, nada, nada justifica a ceifa de vidas humanas".
"Atrelar meu nome a covardia de marginais embevecidos pela animosidade de uma campanha política suja, feito por um sem número de patifes que acostumados ao crime minimizam o valor do maior bem a que temos direito, a vida humana, é tão sujo quanto a ficha desses miseráveis. O crime foi premeditado. Foi execução pelas costas, sem direito de defesa, se perfilaram e aguardaram o momento para a desgraça", afirmou Teixeira.
"Despreparados se feriram entre si. Na saga de ceifar a vida de inocentes, se atingiram mutuamente pois isso já está provado", completou. O vereador afirmou que a família pede justiça ao caso dentro da legalidade "porque não temos e nunca tivemos e nunca teremos vocação para o crime".
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