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Joice é apenas a 6ª em destino de repasses de fundo milionário do PSL

Candidata do PSL em São Paulo, Joice Hasselmann ainda recebeu poucos repasses do partido - Reprodução/Instagram
Candidata do PSL em São Paulo, Joice Hasselmann ainda recebeu poucos repasses do partido Imagem: Reprodução/Instagram

Beatriz Montesanti

Colaboração para o UOL, em São Paulo

27/10/2020 04h00Atualizada em 27/10/2020 11h54

Candidata do PSL à prefeitura da maior cidade do país, Joice Hasselmann recebeu até agora menos recursos de seu partido do que correligionários concorrendo em quatro outras capitais, entre elas Palmas, cujo colégio eleitoral chega a ser 50 vezes menor do que o de São Paulo. Como Palmas tem cerca de 179 mil eleitores, nem há chance de segundo turno na cidade.

Na primeira parcial de prestação de contas, encerrada ontem, foram destinados R$ 2,25 milhões do fundo especial para a campanha de Joice, em três repasses: dois de R$ 1 milhão e um terceiro de R$ 250 mil. O montante representa o total de recursos recebidos pela candidata, segundo o sistema do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Na última pesquisa Datafolha, divulgada no dia 23 de outubro, Joice tinha 3% das intenções de voto na capital paulista, empatada tecnicamente com os candidatos mais abaixo da tabela: Jilmar Tatto (PT), Arthur do Val (Patriota), Andrea Matarazzo (PSD), Levy Fidelix (PRTB), Orlando Silva (PCdoB), Marina Helou (Rede) e Vera Lúcia (PSTU).

No Recife, o candidato Carlos, por sua vez, recebeu da legenda quase o dobro: R$ 4,2 milhões. Ele tem apenas 1% das intenções de voto na terra natal do presidente do partido, Luciano Bivar. Mesmo comparado a outros partidos, Carlos é um dos concorrentes que mais recebeu verba.

Os repasses por candidato

  • Carlos (Recife): R$ 4.200.000
  • Luiz Lima (Rio): R$ 2.900.000
  • Fernando Francischini (Curitiba): R$ 2.866.663
  • Heitor Freire (Fortaleza): R$ 2.614.000
  • Vanda Monteiro (Palmas): R$ 2.300.000
  • Joice Hasselmann (São Paulo): R$ 2.250.000
  • Nicoletti (Boa Vista): R$ 2.055.000
  • Abou Anni Filho (vereador em São Paulo): R$ 2.000.000
  • Delegada Sheila (Juiz de Fora, MG): R$ 1.755.500

Vice-líder do governo na Câmara, Luiz Lima tem 4% das intenções de voto no Rio e o segundo maior repasse: R$ 2,9 milhões. Ele é seguido por Fernando Francischini, em Curitiba, Heitor Freire, em Fortaleza, e Vanda Monteiro, que concorre em Palmas. Nenhum deles ultrapassa os 10% das intenções de voto.

Candidato a vereador em São Paulo, Abou Anni Filho recebeu em uma só transferência R$ 2 milhões, montante equivalente ao dos concorrentes a prefeituras de capitais, o que abriu uma crise no partido.

Ao UOL, ele disse se tratar de um engano e que retornou R$ 1,7 milhão do valor, embora o total ainda conste na base do TSE. "Isso me prejudica, porque eu sou só um candidato a vereador e o registro fica lá", disse.

O que diz o PSL?

O PSL viu seu partido inchar desde a eleição de Jair Bolsonaro, que deixou a sigla após assumir a Presidência. Com uma bancada de 41 deputados, a legenda dispõe de quase R$ 200 milhões do fundo eleitoral para investir em suas candidaturas.

São mais de 20 mil, 13 delas para prefeituras de capitais, mas nenhuma parece ter com viabilidade de vitória nas urnas, a 20 dias para o primeiro turno.

O diretório nacional argumenta que os repasses continuarão sendo feitos e que o valor destinado à campanha de Joice deve ultrapassar o dos demais. "Pela importância de São Paulo, no final vai ter mais recurso", diz o partido.

Mais tarde, o PSL disse que Joice já recebeu R$ 5,65 milhões ao todo. Segundo o partido, o recurso não foi liberado antes porque a candidata demorou para enviar recibos, uma exigência da empresa contratada para fazer compliance da legenda. O valor, contudo, ainda não aparece no sistema do TSE.

Segundo o PSL, a legenda está distribuindo verbas levando em consideração o desempenho das campanhas e a possibilidade de ir para um segundo turno, além de reservar 30% dos recursos para mulheres. Na última eleição, o PSL ficou marcado por denúncias de candidaturas laranjas para burlar a cota.

O UOL entrou em contato com a campanha de Joice para comentar os repasses, mas o porta-voz disse que esse assunto deveria se tratado apenas com a diretoria nacional.

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