Russomanno já foi acusado em B.O. de tentar furtar gerador de R$ 120 mil
Candidato a prefeito de São Paulo, o apresentador e deputado federal Celso Russomanno (Republicanos) foi acusado em um B.O (Boletim de Ocorrência) de tentar furtar um gerador de energia de R$ 120 mil do prédio onde funcionou o Restaurante e Bar do Alemão, em Brasília, do qual era sócio.
Russomanno teve contas e bens penhorados por não pagar 18 meses de aluguéis ao empresário João Carlos Cendron, dono do prédio onde funcionava o estabelecimento. Para quitar parte da dívida, hoje em R$ 7,1 milhões, a Justiça determinou que os móveis e maquinários do Bar do Alemão ficassem no complexo de 2.786 m².
Segundo os cálculos do próprio Bar do Alemão, esse patrimônio —que incluía mesas, cadeiras, aparelhos de ar-condicionado— valia R$ 2,5 milhões. Entre os bens, figurava um gerador de energia de duas toneladas avaliado em R$ 120 mil em 2017, segundo o B.O.
A acusação
Quase um ano depois do processo judicial que despejou o bar, Russomanno apareceu no endereço com um assessor pessoal e um caminhão de uma transportadora para levar o gerador com ele. É o que diz Cendron no B.O, registrado no dia 5 de maio de 2017 na 5ª Delegacia de Polícia Civil do Distrito Federal.
Por volta das 17h do dia 4, "o deputado Celso Russomanno, junto de seu assessor, foi ao local onde está guardado o gerador (antigo Bar do Alemão) na tentativa de levá-lo", relata o empresário no B.O.
Para isso, contrataram os serviços de um caminhão (...) para carregar o gerador, que pesa mais de duas toneladas
João Carlos Cendron, em boletim de ocorrência
Segundo o relato, os funcionários da transportadora "chegaram a tirar os parafusos do gerador [que o prendiam ao chão], mas foram impedidos de removê-lo do local pelo vigia Wellington".
Wellington ligou para o dono do imóvel, que correu para o endereço. "Neste momento, o assessor e os funcionários da transportadora ainda estavam lá e só foram demovidos da ideia porque o dono do prédio disse que estariam cometendo um crime", continua o relato.
Para comprovar a acusação, o empresário entregou à polícia vídeos, fotos do gerador e do caminhão estacionado em frente ao prédio e uma mensagem de WhatsApp em que o proprietário da transportadora informa que foi contratado por Russomanno (ao lado).
Acordo impediu processo
A disputa foi parar no Ministério Público, que fez um acordo com Russomanno, ratificado pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal em 27 de junho do ano passado. Nele, Russomanno e seu assessor se livraram de ação judicial ao pagarem R$ 1.000 cada um "na forma de bens materiais" em favor do Lar dos Velhinhos.
Eles se comprometeram a doar gêneros alimentícios, material de limpeza, de escritório, pintura, reparos e medicamentos.
Na ocasião, Russomanno negou que quisesse furtar o gerador de energia. Segundo o Termo de Audiência, "o sr. Celso afirmou que não teve a intenção de retirar o gerador ilegalmente; que não praticou, a seu ver, qualquer conduta delituosa, tampouco seu assessor, porque não sabia que o gerador em questão estava dado em garantia da dívida".
Russomanno disse ainda que o gerador "estava do lado de fora do restaurante" e que "lá chegando, enquanto estacionavam, recebeu uma ligação" informando que o aparelho não poderia ser retirado.
O parlamentar afirmou que, "ao saber disto, imediatamente interrompeu as operações (...) e foram embora deixando o gerador no local".
Apesar de ter consciência de sua inocência e de seu assessor, vai aceitar a transação penal (...) uma vez que não tem tempo de irem em outras audiências e ter mais aborrecimentos com a Justiça
Celso Russomanno, em termo de audiência
"Ficam os beneficiários [do acordo] advertidos de que deverão cumprir tudo o que restou acordado sob pena de ser reconsiderado o acordo com prosseguimento do andamento do processo até a sentença final", escreve a juíza Elisabeth Amarante Minaré.
Ao UOL, o advogado do deputado, Arthur Rollo, afirmou que "a ideia da retirada do gerador era vendê-lo para pagar os valores cobrados, a título de aluguéis".
"O gerador pertencia à pessoa jurídica 'Bar do Alemão' e não aos proprietários do imóvel. Se o proprietário busca no imóvel bem móvel que lhe pertence, não existe crime", diz. "O fato de o bem estar garantindo a dívida não significa, necessariamente, que ele deve permanecer em poder do credor."
No "Auto de Despejo", porém, a oficial de Justiça Lunice de Oliveira escreve que deixou "os bens em mãos e poder do sr. João Carlos Cendron (...) o qual, na qualidade de fiel depositário deste juízo, obrigou-se a não abrir mão dos mesmos sem prévia autorização deste juízo".
"Como fiel depositário, meu cliente poderia ser preso se desaparecesse algum bem", diz o advogado de Cendron, André da Mata. "Agora o gerador está chumbado no chão."
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.