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Witzel volta a morar em casa no Rio 4 dias após Tribunal determinar despejo

25.fev.2020 - O governador afastado do Rio, Wilson Witzel (PSC), e a esposa dele Helena Witzel na Sapucaí - Graça Paes/AgNews
25.fev.2020 - O governador afastado do Rio, Wilson Witzel (PSC), e a esposa dele Helena Witzel na Sapucaí Imagem: Graça Paes/AgNews

Gabriel Sabóia

Do UOL, no Rio

09/11/2020 12h30

O governador afastado do Rio, Wilson Witzel (PSC), já voltou a morar na residência da família no bairro do Grajaú, na zona norte carioca. A mudança foi confirmada na manhã de hoje pela assessoria de Witzel, quatro dias após o Tribunal Especial Misto, formado para julgar denúncia de impeachment contra ele, determinar o despejo do Palácio Laranjeiras.

Como o UOL publicou na última sexta-feira (6), a decisão de não recorrer judicialmente da ordem de despejo foi tomada a pedido da primeira-dama, Helena Witzel. No entender dela, a permanência no local expunha a família e passava a mensagem que Witzel luta na Justiça para manter regalias. O imóvel da família, que passava por obras, teve a sua reforma apressada para recebê-los.

De acordo com comunicado divulgado hoje, Witzel passou a ocupar o Palácio Laranjeiras por questões de segurança. "Durante todo o período em que ocupou o Palácio Laranjeiras, residência oficial do governador do Rio de Janeiro, ele o fez seguindo orientações da segurança, em razão do deslocamento, pela proximidade à sede do Governo do Estado, o Palácio Guanabara", diz um trecho.

Não ocupar a residência oficial era uma promessa de campanha do governador, que dizia à época que moraria na casa da família.

Outros recursos devem ser priorizados pela defesa do governador afastado para que o processo de impeachment não tenha um desfecho tão rápido. Os advogados pretendem solicitar perícias em todas as provas colhidas pelo Tribunal Misto, o que não permitirá votação até janeiro do ano que vem, conforme estimou o presidente do TJ-RJ (Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro), Cláudio de Mello Tavares.

Falas de Witzel têm sido "calcanhar de Aquiles"

O prazo estimado pelo presidente do TJ-RJ não foi por acaso —em janeiro, Tavares encerra o seu mandato e a celeridade nos trabalhos é interpretada como uma "prova de independência" do Judiciário.

A inclusão do despejo na votação da última quinta-feira (5), por exemplo, foi considerada depois de terem repercutido mal nos corredores do Tribunal declarações de Witzel a interlocutores, nas quais lembrou que nomeou parentes de desembargadores e juízes em seu governo.

O pedido de votação do despejo foi feito pelos cinco deputados estaduais que compõem o Tribunal Misto. No mês passado, parlamentares tentaram retirar Witzel do palácio por meio de um projeto de lei, mas esbarraram na presidência da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro), que não permitiu que a matéria fosse votada com urgência.

A represália contra Witzel também se deve a uma série de declarações do governador afastado, que atacou a Alerj durante sua defesa no dia da votação do relatório de impeachment e se disse vítima de uma conspiração em entrevista ao jornal O Globo. Na ocasião, Witzel apareceu fumando charutos e bebendo uísque, enquanto projetava uma vitória à Presidência da República.

Deputados que tentaram retirar Witzel do Palácio Laranjeiras no mês passado estimaram que a permanência da família no local custaria até R$ 100 mil aos combalidos cofres do estado.

O projeto de lei, que deve ser votado até o fim do ano, propõe que o lugar deixe de ser uma residência oficial e passe a ser um centro cultural aberto à visitação. Dessa forma, nenhum governador futuro poderia se instalar por lá.