Filas sem distância e eleitores sem saber onde votar marcam primeiro turno

Em meio à pandemia do coronavírus, o primeiro turno das eleições municipais de 2020 tem reunido relatos de filas sem distanciamento e de eleitores com dificuldades para saber onde votar devido a mudanças nas seções eleitorais na manhã deste domingo (15).

Em uma tentativa de evitar aglomerações, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) organizou uma votação começando às 7h e com horário preferencial para os eleitores com mais de 60 anos até as 10h. Além disso, as seções têm álcool gel e devem prever um metro de distância entre os eleitores nas filas.

Mas, apesar de todas as regras para reduzir o risco de contaminação pelo coronavírus, em muitas seções eleitorais a realidade ficou longe da previsão. Conforme o número de eleitores cresce, as filas tornam-se mais compactas sem o respeito à distância entre os eleitores.

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Em Maceió, uma escola do bairro Jacintinho teve filas sem distanciamento e com pessoas usando máscaras de forma incorreta, sem cobrir o nariz. Situação semelhante foi vista no estádio José do Rego Maciel, no Recife, onde idosos fizeram filas logo no início da manhã, mas não mantiveram o distanciamento.

Com o chão forrado de santinhos e aglomerações dentro e fora da unidade de votação, eleitores de Lauro de Freitas, na região metropolitana de Salvador, também não obedeceram as medidas de distanciamento social.

Ainda que a máscara seja obrigatória dentro das seções eleitorais, do lado de fora do local de votação muitas pessoas não usavam máscaras. Na zona sul de São Paulo, a Polícia Militar foi chamada para garantir o respeito às regras. "Eles [eleitores sem máscara] passam direto. Já estão nos xingando e olhando de cara feia. Por isso, chamamos a polícia", disse uma monitora no Centro Universitário Anhanguera.

Até as 17h, são esperados os votos de até 147 milhões de eleitores para prefeito e vereador. Devido à pandemia, também é recomendado que cada eleitor leve sua própria caneta, mas quem comparecer à zona eleitoral sem o objeto não será impedido de votar.

Segundo o TSE, 13 candidatos foram presos e 923 urnas foram substituídas pelo país até as 11h deste domingo. Os candidatos foram presos pelos crimes de boca de urna, uso de alto-falante e divulgação de material de campanha, práticas que são proibidas no dia da eleição.

Instabilidade no site do TSE

Em diferentes capitais do país, eleitores se queixam de mudanças nas seções eleitorais e afirmam ter dificuldades para consultar seus novos locais de votação devido a instabilidades nas plataformas do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

A eleitora Maria Miranda, 65, diz não conseguir votar no colégio Luiz Vianna, em Salvador, sua seção eleitoral nas últimas eleições. "Eu vim consciente de que iria votar aqui. Quando cheguei, tive a grata surpresa de que eu não votaria aqui", afirma.

Segundo Maria, nem mesmo pelo site do TRE-BA (Tribunal Regional Eleitoral da Bahia) é possível descobrir qual é o seu novo local de votação. Ela conta que, ao longo de uma hora, uma mesária tentou acessar o sistema para ajudá-la, mas acabou não conseguindo. A assessoria de comunicação do TRE informou que o portal apresenta instabilidade devido ao grande número de acessos.

A reportagem do UOL também teve problemas para navegar pelo portal por volta das 10h. Na página onde deveria estar disponível a consulta online do local de votação, uma mensagem informa que o serviço está temporariamente indisponível.

O empresário Marcus Paiva, 57, também diz ter sido surpreendido com uma mudança no seu local de votação, em Curitiba. "Só soube que tinha mudado o local de votação quando cheguei", reclama.

Ele diz que sempre votou no Colégio Estadual do Paraná e só soube da mudança para o Círculo Militar neste domingo. "É um absurdo pagarmos a campanha eleitoral e termos que ficar descobrindo por conta própria sobre as mudanças. Deveria haver algum tipo de informação em rádio, televisão", critica.

No Rio, cabos eleitorais desrespeitam lei e entregam santinhos

Cabos eleitorais de diversos candidatos a vereador desrespeitaram as regras eleitorais e entregavam santinhos em frente à Escola Municipal Alzira Araújo, local de votação em Campo Grande, na zona oeste do Rio. Por lei, é proibido realizar a entrega de material gráfico, como santinhos e panfletos, após as 22h do dia anterior ao primeiro turno.

O UOL recebeu deles material de campanha do vereador Carlo Caiado (DEM), que tenta a reeleição, e dos candidatos a vereador Bira (DC) e Patrícia Felix (PSOL).

No entorno do local de votação, é possível ver ainda que diversos candidatos adotaram a prática do "voo da madrugada" —derrame de santinhos em vias públicas na madrugada que antecede a eleição. O candidato com mais material despejado nessas circunstâncias na região é o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos).