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Barros: Bolsonaro trabalhou para derrotar o inimigo PT nessas eleições

Ana Carla Bermúdez

Do UOL, em São Paulo

16/11/2020 10h44

Líder do governo na Câmara, o deputado federal Ricardo Barros (PP-PR) disse hoje que o grande derrotado das eleições municipais de 2020 foi o PT, e não a extrema direita ou o bolsonarismo. Para Barros, que conversou ao vivo com os colunistas do UOL Chico Alves e Tales Faria, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sai vitorioso deste pleito por ter conseguido, na avaliação dele, derrotar o PT.

O presidente trabalhou para derrotar um inimigo direto dele, que é o Partido dos Trabalhadores. E agiu com efetividade, tanto que o PT, de fato, caiu muito. O eleitor de esquerda migrou para outras siglas partidárias.

Em São Paulo, por exemplo, o PT teve a pior votação da história na disputa pela Prefeitura, e Guilherme Boulos (PSOL) ocupou o espaço que tradicionalmente era do partido.

Na avaliação de Barros, não é possível afirmar que os partidos mais à direita sejam classificados como perdedores neste pleito porque, segundo ele, essas siglas já não ocupavam espaço antes a nível municipal.

"É a primeira eleição que a extrema direita está presente com força, elegendo seus prefeitos. Temos que ver na próxima se cresce ou não", disse.

Presidente "fez o que tinha que fazer"

Apesar de apenas quatro dos oito candidatos a prefeito que Bolsonaro apoiou terem se elegido ou avançado para o segundo turno, o deputado se negou a admitir uma derrota do presidente ou do bolsonarismo.

"O índice de aprovação do presidente nas pesquisas é de 50%, um pouco menos até, então o resultado é bom", disse.

Segundo o deputado, o presidente optou por apoiar poucos candidatos e teve como referência para isso apenas questões ideológicas, sem preocupação com eventuais cálculos políticos.

"Acho que está tudo ótimo. Ele fez o que tinha que fazer, não olhou pesquisa para apoiar ninguém".

Onda antipolítica passou

O deputado afirmou ainda que "aquele negócio de votar em quem está fora da política" passou e disse acreditar que, em 2022, os eleitores se preocuparão em eleger quem "efetivamente resolve os problemas da vida do cidadão".

Ele declarou que, apesar de o próprio Bolsonaro ter passado um ano "fazendo antipolítica", o presidente agora vem trabalhando junto a líderes partidários "para fazer as reformas que o Brasil precisa". E avaliou que Bolsonaro será reeleito se fizer, de fato, um bom governo.

Segundo ele, o bolsonarismo de 2018 tinha como características a ânsia por votar em quem nunca tinha tido oportunidades de ocupar cargos no Executivo —onda que, afirma, foi impulsionada pela Operação Lava Jato, que construiu uma "imagem terrível" de que "todo político é ladrão", e por movimentos como o Vem Pra Rua.

Agora, avalia Barros, o cenário não é mais este. "Esses movimentos misturavam a antipolitica, somada ao bolsonarismo. Isso já não está mais alinhado. Alguns movimentos saíram, outros continuam, mas com alguma divergência. O próprio [ex-ministro da Justiça, Sergio] Moro saiu do governo e, com ele, a turma da Lava Jato", disse.

Evitando cravar se o bolsonarismo está mais fraco ou mais forte do que dois anos atrás, o deputado afirmou que o movimento está em um "segundo momento", mas voltou a negar que o presidente tenha saído perdedor do pleito municipal deste ano.

"Os adversários dele são à esquerda, e a esquerda diminuiu nessa eleição. Portanto, falar que o presidente perdeu nessa eleição é uma falácia", disse.