Bolsonaro não aplaude discurso de Moraes em defesa do sistema eleitoral
O presidente Jair Bolsonaro (PL) não aplaudiu o discurso do ministro Alexandre de Moraes, recém-empossado como presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que fez uma defesa enfática das urnas e do sistema eleitoral.
Em um momento de sua fala, Moraes disse que o sistema eleitoral é motivo de "orgulho nacional" e foi aplaudido pelas autoridades presentes no plenário do TSE, local onde foi realizada a cerimônia de posse. Bolsonaro, que estava sentado ao lado da cadeira da presidência da Corte, foi o único da mesa que não aplaudiu.
Ao final do discurso de Moraes, o presidente, relutante, se levantou junto das demais autoridades do evento, mas também não aplaudiu o magistrado, se limitando a cumprimentá-lo com um aperto de mão.
Desafio da nova gestão do TSE deverá ser o diálogo com o Planalto. Bolsonaro, que faz críticas generalizadas à Corte Eleitoral e ao STF, tem Moraes como um de seus principais alvos. Nos atos de 7 de setembro do ano passado, ele chegou a afirmar, em pronunciamento a apoiadores, que não cumpriria mais ordens do ministro.
Os atritos entre Bolsonaro e Moraes foram além do discurso: o presidente apresentou, no ano passado, um pedido de impeachment contra o ministro —uma medida inédita desde a redemocratização— e um pedido de investigação por abuso de autoridade. Ambos os processos acabaram arquivados.
Cara a cara
Sentado em posição de honra destinado a ex-presidentes no plenário do TSE, Lula (PT) teve hoje seu primeiro encontro público com Bolsonaro. Durante a entrada do presidente, o petista não se levantou e foi visto abrindo uma garrafa de água enquanto os demais presentes aplaudiam.
Dilma e Lula chegaram juntos e foram cumprimentados por alguns dos presentes, principalmente ministros do STF, como Cármen Lúcia e Rosa Weber, ambas indicadas à Corte durante o governo petista.
Os dois se sentaram ao lado do ex-presidente José Sarney, em uma fileira única de quatro cadeiras bem em frente aos ministros do TSE. Michel Temer (MDB) se sentou na ponta direita do grupo, afastado de Dilma, que o chamou de "traidor".
Titulares do governo Bolsonaro, como o ministros Paulo Guedes (Economia) e Ciro Nogueira (Casa Civil) se sentaram atrás dos ex-presidentes.
Ao ser anunciado para tomar seu assento ao lado de Edson Fachin, presidente do TSE e alvo de constantes ataques do Planalto, Bolsonaro foi ovacionado pelo público, principalmente por seus ministros, que se levantaram. Lula — e nenhum dos demais ex-presidentes —, se levantaram.
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