Ofensiva evangélica ajuda Bolsonaro, mas auxílios não, diz chefe da Quaest
Pesquisa da Quaest Consultoria, contratada pela Genial Investimentos e divulgada hoje, apontou que o início do pagamento de benefícios pelo governo federal, como o Auxílio Brasil de R$ 600, não alterou a corrida eleitoral, e a distância entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) é de 12 pontos percentuais.
No entanto, Bolsonaro, que busca a reeleição, continua colhendo os frutos de sua ofensiva sobre o eleitorado evangélico e subiu quatro pontos percentuais nesse segmento em relação à pesquisa anterior.
Auxílios não mudam o cenário de 1º turno. O Auxílio Brasil no valor de R$ 600 começou a ser pago no dia 9 de agosto, portanto essa é a primeira rodada da Quaest com o fator novo — o levantamento foi feito entre os dias 11 e 14 de agosto.
A diferença entre Lula e Bolsonaro é de 12 pontos percentuais no cenário estimulado, quando o entrevistado recebe uma lista prévia com os nomes dos candidatos.
O petista registrou 45% das intenções de voto, enquanto o atual presidente tem 33%. No levantamento anterior, publicado em 3 de agosto, os dois tinham, respectivamente, 44% e 32%. Não é possível, no entanto, comparar as sondagens em razão da mudança na lista de candidatos.
Lula subiu entre os que recebem auxílio. No recorte específico de intenção de voto entre aqueles que recebem o Auxílio Brasil, o petista cresceu cinco pontos percentuais em relação à pesquisa publicada no início do mês — foi de 52% para 57%.
Já o presidente oscilou dois pontos para baixo, portanto, dentro da margem de erro — de 29% para 27%. Ou seja, aumentou de 23 para 30 pontos percentuais a vantagem do petista sobre Bolsonaro entre quem recebe o benefício.
No Twitter, o diretor da Quaest, Felipe Nunes, destacou que aumentou o percentual de entrevistados que colocam Bolsonaro como o responsável pelo benefício, o que, em tese, descartaria a hipótese de que a população não sabe que ele é o "pai" da proposta, algo que poderia explicar essa reversão.
Em agosto de 2021, 27% apontavam o presidente como o responsável pelo Auxílio Brasil. Agora, são 58%.
Medida eleitoreira? Nunes ressaltou ainda que a segunda hipótese é a de que os eleitores desconfiam que as medidas adotadas não teriam sido feitas para ajudar a população, mas para contribuir com a reeleição de Bolsonaro.
Segundo ele, os dados sustentam essa tese, já que 62% dos entrevistados veem que as medidas econômicas são principalmente para ajudar na reeleição de Bolsonaro, enquanto 33% acreditam que são para ajudar as pessoas.
Avaliação do governo melhorou? A avaliação do governo Bolsonaro entre os eleitores que recebem o benefício se manteve igual à sondagem anterior — 39% veem a administração como negativa.
Os que consideram regular eram 31% e agora são 34%. Já os que avaliam o governo como positivo caíram de 28% para 24%.
Na avaliação geral, no entanto, é a primeira vez que a positiva aparece na casa dos 29% e a negativa em 41% — na pesquisa anterior eram 27% e 43%, respectivamente.
Percepção sobre a economia. Nunes também destacou que a percepção dos brasileiros sobre a economia melhorou, o que pode favorecer o candidato à reeleição.
Em maio, 50% dos entrevistados viam a economia como o principal problema. Agora, são 40%.
Também diminuiu a percepção de que a economia piorou no último ano — 52%, o melhor resultado desde o começo da série histórica.
Presidente sobe entre evangélicos e Lula lidera entre católicos. O diretor da Quaest apontou que "a ofensiva de Bolsonaro sobre os evangélicos continua dando bons resultados".
O presidente subiu quatro pontos percentuais entre este segmento da população — de 48% para 52%, enquanto Lula oscilou um ponto para baixo — de 29% para 28%. A distância entre os dois, portanto, subiu de 19 para 24 pontos percentuais entre este eleitorado.
A campanha do candidato à reeleição tem investido em aparições da primeira-dama Michelle ao lado do marido. Com um tom religioso, estrategistas do presidente veem Michelle como um trunfo junto aos evangélicos e às mulheres, segmento que Bolsonaro patina.
Já o petista continua liderando entre os católicos — oscilou de 51% para 52%, enquanto Bolsonaro manteve os 27% registrados na sondagem anterior, uma diferença de 25 pontos percentuais.
Medo da volta do PT x continuidade do governo. O medo da volta do PT quase empata tecnicamente com o medo da continuidade do governo Bolsonaro.
Em junho, 52% diziam temer a continuidade do presidente e 35% a volta do PT, uma distância de 17 pontos percentuais. Agora, os que dizem ter medo que Bolsonaro siga no poder são 45% e aqueles que receiam o retorno do petismo são 40%, diferença de cinco pontos.
Segunda chance? Na comparação de quem mais merece uma segunda chance, Lula segue na liderança, mas a distância para Bolsonaro diminuiu.
No início do mês, 56% dos entrevistados dizem que Bolsonaro não merecia um segundo mandato e agora são 54%. Há quinze dias, 41% achavam que o presidente é merecedor de uma segunda chance e agora são 44%.
Já o percentual de entrevistados que acreditam que Lula não merece voltar ao poder oscilou um ponto percentual para cima — de 43% para 44%. Os que creem que ele merece um terceiro mandato se mantiveram em 54%.
Sobre a pesquisa e o instituto. O levantamento ouviu 2 mil pessoas, face a face, em 120 municípios. O nível de confiabilidade de 95%. A pesquisa foi registrada no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) BR-01167/22.
O Quaest é um instituto de pesquisas com sede em Belo Horizonte. Até 2020, segundo dados do TSE, a empresa realizava pesquisas eleitorais só em Minas Gerais. Hoje, faz levantamentos sobre intenções de voto para presidente, governador e para o Senado em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Bahia. O instituto tem uma parceria com a Genial Investimentos, a qual financia levantamentos para as eleições de 2022. As pesquisas são realizadas com entrevistas presenciais.
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