Lula critica Casa Verde e Amarela: 'Que Bolsonaro enfie onde quiser'
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a fazer duras críticas contra o presidente Jair Bolsonaro (PL) durante comício no vale do Anhangabaú, no centro de São Paulo. Em parte da sua fala, o petista reforçou que irá retomar projetos antigos — como o Minha Casa, Minha Vida — e criticou mudanças recentes praticadas pelo governo federal.
O Seu Bolsonaro que pegue a Carteira Verde e Amarela dele e enfie onde ele quiser, o que nós queremos é carteira de trabalho como nós sempre tivemos. O Seu Bolsonaro que enfie a Casa Verde Amarela onde ele quiser, o que nós queremos é o Minha Casa, Minha Vida sobretudo para as pessoas mais pobres terem direito de morar, e o estado vai subsidiar.
Lula
A Carteira Verde e Amarela era um proposta do governo federal de reforma que flexibilizaria encargos trabalhistas, mas que não avançou. Já o Casa Verde e Amarela, antigo Minha Casa Minha Vida, é o programa de habitação popular do governo federal. No Governo Bolsonaro, o programa tem sido criticado por falta de recursos e entrega de casas abaixo da média dos últimos anos.
Em seu comício, Lula criticou o alto custo dos alimentos no país e defendia um tratamento com "igualdade de condições" para os brasileiros, e ilustrou com a figura de uma mãe.
"Uma mãe pode ter 10 filhos: o mais bonito, o mais gordinho, o mais inteligente, mas na hora que ela vai cuidar todos são tratados com igualdade de condições. Ninguém vai comer dois bifes, ninguém vai tomar dois copos de leite. Se tiver um para cada um, é um para cada um. Mas se tiver alguém frágil, alguém doente, é para aquele que ela vai dar um pouquinho a mais e é isso que o governo tem que fazer. Não é cuidar do rico ou dos banqueiros, é cuidar do povo trabalhador", disse Lula.
Entre as promessas de campanha feitas no palco do Anhangabaú, Lula destacou o reajuste da tabela do imposto de renda, "porque não é justo que o povo trabalhador pague mais imposto direto do que paga o dono do Itaú, do Bradesco, o Véio da Havan [Luciano Hang]".
Além disso, o ex-presidente prometeu "três refeições por dia", volta dos empregos, salário mínimo acima da inflação e direitos trabalhistas.
Primeiro comício em São Paulo
Este foi o primeiro comício oficial de campanha de Lula na cidade de São Paulo, depois de um ato no ABC e outro em Belo Horizonte. Em seu discurso, Lula defendeu o estado laico "de verdade" e Lula falou que "igrejas não têm que ter partido", criticando uso político da fé.
O voto evangélico tem sido um dos mais disputados pelas campanhas, e o tema religião vem tomando o noticiário eleitoral, principalmente após polêmicas envolvendo a primeira-dama, Michelle Bolsonaro.
O apoio evangélico, mais bolsonarista, tem sido um dos temas mais debatidos na campanha petista. O PT avalia que o ex-presidente tem de falar com esse público, mas não quer entrar no debate das chamadas "pautas de costume".
Segundo pesquisa Datafolha divulgada esta semana, Bolsonaro ampliou sua vantagem sobre Lula no eleitorado evangélico. O presidente tem agora 49% das intenções de voto do segmento, contra 32% do petista.
Em seu discurso, Lula disse que falaria sobre a questão religiosa, que "está na moda agora".
"Tem muita fake news religiosa correndo por esse mundo. Tem demônio sendo chamado de Deus e tem gente honesta sendo chamada de demônio. Tem gente que não está tratando a igreja para cuidar da fé ou da espiritualidade, está fazendo da igreja um palanque político ou uma empresa para ganhar dinheiro", disse sem citar nomes.
E eu quero dizer para vocês: Eu, Luiz Inácio Lula da Silva, defendo o estado laico. O estado não tem que ter religião, todas as religiões tem que ser defendidas pelo Estado. Mas também quero dizer: as igrejas não têm que ter partido político porque as igrejas têm que cuidar da fé, da espiritualidade das pessoas e não cuidar de candidaturas, de falsos profetas ou de fariseus que estão enganando esse povo o dia inteiro.
Ex-presidente Lula em comício no vale do Anhangabaú, em São Paulo
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