Rodrigo carrega família Covas e troca Doria por João contra rejeição em SP
A campanha do governador de São Paulo e candidato à reeleição, Rodrigo Garcia (PSDB), tem evocado a imagem e o legado da família Covas e escondido a figura de seu antecessor, João Doria (PSDB).
Rodrigo é a principal aposta do partido, que enfrenta uma crise interna e não terá um candidato disputando a Presidência pela primeira vez desde sua fundação. O candidato tem como missão conquistar o oitavo mandato consecutivo da legenda no governo paulista.
Segundo pesquisa Ipec divulgada na segunda-feira (15), ele está empatado tecnicamente em segundo lugar com o bolsonarista Tarcísio de Freitas (Republicanos). Fernando Haddad (PT) lidera a disputa. Já no Datafolha de quinta-feira (18), o tucano aparecia em terceiro.
Doria virou 'João'. Rodrigo já atuou em três secretarias no governo paulista, foi deputado estadual e federal e eleito vice na chapa de João Doria, em 2018, também ocupando a secretaria de Governo. Os dois se distanciaram em março, quando o então governador ameaçou desistir da disputa pela Presidência e terminar o mandato estadual, o que atrapalharia os planos eleitorais de Rodrigo.
Fontes ouvidas pelo UOL na ocasião disseram que nunca tinha visto o então vice "tão bravo". Doria, no entanto, recuou, transmitiu o cargo a Rodrigo e só desistiu de concorrer ao Palácio do Planalto em maio, após se ver isolado no PSDB. Nos bastidores, a falta de apoio por parte de Rodrigo foi considerada a gota d'água para o tucano abandonar a corrida. Os dois apareceram lado a lado em um evento um dia depois, com elogios de ambos os lados.
Doria deixou o governo de São Paulo com 36% de reprovação e 23% de aprovação, segundo o Datafolha. Devido a essa rejeição, o entorno de Rodrigo avaliava que associar a imagem do antecessor à dele minava as chances de ser reeleito. Desde então, ele tem se distanciado de Doria e diz não ter padrinho político.
Em entrevistas recentes, nas poucas vezes em que se refere ao ex-governador, Rodrigo o chama de "João". A estratégia do tucano, por enquanto, tem sido a de se mostrar como um candidato que foge à polarização do embate nacional e que tem experiência.
Ele se apresenta como um candidato "independente" e "conciliador", que terá uma relação republicana independentemente de quem for eleito presidente.
"Rodrigo Doria". A estratégia de Haddad e Tarcísio tem sido colar a imagem do governador ao seu antecessor.
No primeiro debate entre candidatos ao governo de São Paulo, realizado pela Band, Tarcísio questionou Rodrigo: "E o Doria, seu padrinho, onde está?"
O governador devolveu a ironia dizendo: "Quem tem padrinho aqui é você" e lembrou que Tarcísio é candidato do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Bolsonaristas e outros políticos de oposição ao PSDB, como o deputado estadual Carlos Giannazi (PSOL-SP), têm se referido ao governador como "Rodrigo Doria".
Na quarta-feira (17), em entrevista à Jovem Pan, quando questionado sobre como avalia que sua associação com Doria afeta sua carreira política, Rodrigo respondeu que tem trajetória própria, trabalhou com cinco governadores diferentes e disse que seu antecessor fez um "bom mandato".
"Tenho uma carreira longa na política de São Paulo (...) Não tenho padrinho político. Fui vice do João Doria, secretário de governo, o João entregou várias políticas públicas para o estado, é um governo que não tem acusação de corrupção. Fez um bom mandato em São Paulo, como foi um bom prefeito. Eu agora disputo com base na minha história, nesses mais de 24 anos dedicados a São Paulo", disse.
Família Covas presente. Rodrigo tem dado destaque à família Covas na campanha. Em entrevistas e em seu site de campanha, ele faz questão de ressaltar que começou a carreira política no governo de Mário Covas, como subsecretário de Agricultura de São Paulo e diz que o tucano é sua "maior inspiração política". Covas morreu em 2001, em decorrência de um câncer.
Na convenção que o lançou oficialmente para disputar a reeleição ao Palácio dos Bandeirantes, o candidato destacou que viveu ao lado do ex-governador "as transformações do estado, que na época estava quebrado".
Rodrigo também faz postagens em suas redes sociais com deferências ao tucano.
"Aos 21 anos eu estava ao lado do Mário Covas vendo a revolução que ele fez em SP. Vi como é difícil e demorado reorganizar um estado que estava quebrado. Nós paulistas vamos defender o legado de Mário Covas com toda nossa força. Aos oportunistas de plantão: em SP, não. Aqui, não", escreveu, em uma das publicações.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.