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Mariliz: Lula erra em fala sobre Lei Maria da Penha e deveria se retratar

Colaboração para o UOL, em São Paulo

22/08/2022 14h20

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cometeu um grande deslize no último sábado (20) durante discurso em comício no vale do Anhangabaú, no centro de São Paulo. Quando falava sobre a Lei Maria da Penha e condenava a violência contra a mulher, trecho da fala de Lula dizia "quer bater em mulher? Vá bater em outro lugar, mas não dentro da sua casa". O filho do presidente Jair Bolsonaro (PL), Eduardo Bolsonaro (PL-SP), postou esse recorte da fala do petista em suas redes sociais induzindo alguns de seus apoiadores a acreditarem que Lula estava estimulando a violência contra a mulher. Para a comentarista do UOL News Mariliz Pereira Jorge, o candidato do PT deveria se retratar sobre a fala.

Durante sua participação no UOL News de hoje, Mariliz também destacou que esse tipo de frase acaba evidenciando um despreparo não apenas de Lula, mas de todos os candidatos. "Você vê o despreparo desses políticos ao tratarem com várias questões que são importantes, estão no nosso dia a dia e são pautas do nosso dia a dia. O Lula fala uma frase infeliz dessa e deveria sim se retratar e pedir desculpas. Acho que isso pode acontecer com todo mundo, de falar alguma coisa e não se fazer bem entender, e a gente tem que se fazer bem entender".

"Se você ver a fala toda do Lula, ele fala que o Brasil hoje tem leis para punir a violência contra a mulher, a gente tem a Lei Maria da Penha que pode ter vários problemas na execução, mas é uma lei bastante dura, como deve ser. Mas isso foi tirado da frase dele. Ele fala da Lei Maria da Penha, se exalta para dizer que no Brasil ninguém vai bater em mulher e tinha que ter parado ali", analisou ao dizer que não acredita que Lula pense que qualquer mulher deva apanhar em qualquer lugar que seja.

Para Mariliz, esses "escorregões" não são exclusividade do candidato petista, e o próprio presidente Jair Bolsonaro também já disse várias frases consideradas problemáticas durante toda a sua vida pública. "Se a gente for analisar todas as frases do Bolsonaro, ele teria que começar a pedir desculpas desde antes da eleição. Vocês devem se lembrar daquela frase muito infeliz quando ele fala da questão do turismo, que o Brasil não é um país para turismo gay, mas que se vier aqui para pegar mulher tudo bem", relembrou.

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"Essa frase é indecorosa e o decoro é protegido por lei. Quem viola o decoro comete injúria, esse é o caso. Agora, colocada essa frase em um contexto maior para ver o que o Lula falou, ele falou que foi no governo dele que foi sancionada a Lei Maria da Penha, que a mão de homem não foi feita para bater. Mas a frase que ele solta tecnicamente é indecorosa", disse o jurista Wálter Maierovitch ao analisar a situação durante participação no UOL News.

Maierovitch também destacou o crescimento da participação de mulheres, que já são a maior parte do eleitorado, na política institucional também. "Hoje nós temos 9.415 mulheres candidatas e isso representa 34% do total de candidatos. A mulher vem crescendo em respeito e essa frase evidentemente é desrespeitosa e indecorosa. Faz lembrar, embora em menor intensidade, aquela do Maluf que pode estuprar mas não matar. São essas frases horríveis, horrendas, fora de propósito no mundo civilizado", finalizou.

Lula injeta veneno na própria fala, dá material a adversários e deveria vigiar a língua, diz Josias

"Nesse comício aí no vale do Anhangabaú o Lula produziu uma frase politicamente correta entrecortada por uma observação machista, que extraída do contexto, faz a festa das redes sociais bolsonaristas. Fez a festa no final de semana e vai continuar sendo explorada nos próximos dias. O Lula enaltece ali a Lei Maria da Penha, condena as agressões a mulheres e de repente injeta veneno no meio do seu comentário. 'Quer bater em mulher, vá bater em outro lugar mas não dentro de sua casa ou no Brasil', como se a surra na rua ou no estrangeiro fosse menos criminosa ou menos dolorosa", avaliou o colunista do UOL Josias de Souza.

Josias ainda destacou que Lula está dando munição aos próprios adversários quando entra em temas sensíveis como aborto, evangélicos e também faz críticas a classe média brasileira. "Nesse ritmo o Lula vai acabar levando à falência a indústria de ódio do bolsonarismo. Ele faz sozinho, de graça, com notável eficiência, o trabalho dos milicianos digitais comandados por Carlos Bolsonaro. Em uma campanha ultra polarizada em que o adversário transforma as redes sociais em pântano, o Lula deveria vigiar a língua. Ele está convidando os milicianos do Carluxo a se aposentarem, eles estão se tornando desnecessários. Lula está fazendo o trabalho contra si mesmo com grande eficiência", finalizou.

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