Filhote da ditadura, cambalacheiro: relembre debates políticos históricos
Neste domingo (28) acontece o primeiro debate presidencial para as eleições de 2022. Organizado por Band, UOL, TV Cultura e Folha de S.Paulo, o confronto terá a participação de Ciro Gomes (PDT), Jair Bolsonaro (PL), Luiz Felipe D'Avila (Novo), Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Simone Tebet (MDB) e Soraya Thronicke (União Brasil).
José Maria Eymael (DC), Léo Péricles (UP), Pablo Marçal (PROS), Roberto Jefferson (PTB), Sofia Manzano (PCB) e Vera Lucia (PSTU) também registraram candidatura para concorrer ao cargo, mas não foram convidados. A Lei Eleitoral estabelece que o convite é obrigatório apenas para candidatos de partidos ou coligações que possuam ao menos cinco parlamentares no Congresso.
Importantes para definir votos e ouvir as propostas dos candidatos, os debates já proporcionaram momentos históricos no Brasil, com muitos momentos tensos.
Neste domingo, há grande expectativa pelo embate entre Lula e Bolsonaro, opositores ferrenhos e líderes das pesquisas de intenção de voto. A disposição dos candidatos, que foi definida por sorteio, terá os dois lado a lado durante o debate.
De falas homofóbicas a xingamentos, o UOL relembra alguns confrontos históricos para aquecer para este aguardado momento.
Franco Montoro x Jânio Quadros - 1982
Em 1982, Franco Montoro se elegeu governador de São Paulo, com 49% dos votos. Entre seus adversários, estavam Lula, atual candidato à Presidência, e o ex-presidente Jânio Quadros, com quem protagonizou um dos grandes momentos de um debate no Brasil.
Para provocar Jânio, Montoro usou a citação de um livro de Carlos Lacerda, desafeto do ex-presidente e ex-governador, que teria feito uma denúncia de tentativa de golpe por Jânio Quadros quando era presidente. Jânio o considerava "inimigo figadal".
Durante o debate, Montoro começou a falar sobre a renúncia de Jânio da Presidência. Quando cita o livro de Lacerda como fonte de uma informação, arranca risadas da plateia. "O senhor acaba de querer citar as Escrituras valendo-se de Asmodeu ou de Satanás", rebateu Jânio, que deixa sem resposta a pergunta de Montoro.
Paulo Maluf x Leonel Brizola - 1989
Na primeira eleição presidencial realizada no Brasil após a promulgação da Constituição Federal de 1988, Fernando Collor de Mello se elegeu após uma disputa contra Lula no segundo turno.
Antes disso, foram Leonel Brizola e Paulo Maluf os que protagonizaram uma discussão acalorada em debate realizado no primeiro turno e comandado pela jornalista Marília Gabriela.
Com irritação e sem medir palavras, Maluf chamou Brizola de "desequilibrado" e disse que um candidato à Presidência precisava ter estabilidade emocional, fazendo a plateia rir.
Imediatamente, Brizola o interrompeu e chamou seu rival de "filhote da ditadura". "Desequilibrado, passou 15 anos no estrangeiro e não aprendeu nada", rebateu Maluf. Diante das reações de apoio do público a Maluf, Brizola chamou a todos de "malufistas" e pessoas que "engordaram na ditadura". Diante da gritaria, à mediadora, só coube chamar os intervalos comerciais.
Fernando Collor x Lula - 1989
No segundo turno de 1989, foi a vez de Collor e Lula protagonizarem embates. Entre diversas trocas de acusações, Collor chamou o petista de "cambalacheiro", insinuando que Lula agia com má-fé em negociações para alianças políticas.
A discussão começa com Collor questionando o apoio de José Sarney para Lula. O petista responde que até Collor poderia votar nele se assim quisesse e nega qualquer relação com Sarney, dizendo que ele estava tão em cima do muro que poderia até errar o voto.
"Isso para mim tem um nome: cambalacho. Quem faz cambalacho é cambalacheiro. Por que ele não vai à televisão e diz que não quer o apoio do Sarney? Porque ele quer tirar dividendos eleitoreiros e isso tem um nome, é cambalacho", responde Collor.
Fernando Collor x Lula - 1989
No último debate antes da votação, Collor tentou pregar o rótulo de mentiroso em seu adversário e fez insinuações de que ele não saberia ler.
"Aquele codinome de Pinóquio que o deputado tenta colocar no programa do partido, eu acho que cabe muito bem a ele. Ele que é um grande Pinóquio. Eu sabia que o Pinóquio pelo menos lia, mas eu não sei se ele sabe ler", disse Collor.
Lula x Geraldo Alckmin - 2006
Agora aliados, Lula e Alckmin já foram grandes adversários. Durante o segundo turno de 2006, quando Lula buscava a reeleição, ele chamou o então tucano de leviano numa discussão. Em 2014, Aécio Neves (PSDB) também usaria essa expressão com Dilma Rousseff (PT) e teria uma repercussão bastante negativa para o ex-governador tucano.
Em 2006, o contexto era de corrupção. Na troca de acusações, Alckmin afirmou que Lula tinha pessoas condenadas em seu governo, enquanto o petista acusou o PSDB de compra de votos.
"Quanta mentira, como o Lula mudou", disse Alckmin. "Não seja leviano, não seja leviano. Eu vou dizer: não seja leviano", rebateu o petista.
Levy Fidelix x Luciana Genro - 2014
Em 2014, Dilma Rousseff superou Aécio Neves no segundo turno para conquistar sua reeleição. Entretanto, ainda durante o primeiro turno, Luciana Genro (PSOL) e Levy Fidelix (PRTB), que não obtiveram votações expressivas, protagonizaram um embate que entrou para a história na TV Record. Quando questionado sobre a violência contra a população LGBT, Levy Fidelix destilou frases homofóbicas.
"Tenho 62 anos e, pelo que vi na vida, dois iguais não fazem filho. E digo mais, desculpe, mas aparelho excretor não reproduz. Não podemos jamais deixar esses que aí estão achacando a gente no dia a dia querendo escorar essa minoria à maioria do povo brasileiro. Prefiro não ter esses votos, mas ser um pai, um avô, que tem vergonha na cara", disse o candidato do aerotrem.
Aécio Neves x Dilma Rousseff - 2014
Os candidatos do PSDB e PT tiveram uma disputa acirrada no segundo turno das eleições de 2014. Os rivais apareceram empatados tecnicamente em todas as pesquisas de intenção de voto realizadas, e Dilma acabou vencendo por uma pequena margem, com 51,64% dos votos válidos. Durante os debates, eles houve embates acalorados.
No primeiro debate do segundo turno, realizado pela Band, Dilma acusou Aécio de construir um aeroporto em um terreno de sua família e entregar as chaves para seu tio. "Quero responder à candidata Dilma olhando nos seus olhos, a senhora está sendo leviana, candidata, leviana", respondeu o candidato do PSDB.
Na sequência, Dilma também acusou Aécio de nepotismo para distribuir cargos políticos para familiares, entre irmã, primos e tios. "Não pode candidata, fazer uma campanha com tantas inverdades. É mentira atrás de mentira, a sua campanha é só mentira", rebateu Aécio.
Pesquisas seguintes apontaram um crescimento da petista, principalmente entre as mulheres, após os ataques.
Debate da Band, UOL, Folha de S. Paulo e TV Cultura
- Data: 28/8 (domingo)
- Horário: 21h
- Onde assistir: home do UOL, UOL no YouTube, Facebook do UOL, além da Band e Cultura em TV aberta.
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