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Bolsonaro diz que Carlos é 'visado' para ser preso por fake news

Presidente Jair Bolsonaro durante entrevista ao programa Pânico, da Jovem Pan - Reprodução/Youtube
Presidente Jair Bolsonaro durante entrevista ao programa Pânico, da Jovem Pan Imagem: Reprodução/Youtube

Do UOL, em São Paulo e em Brasília

26/08/2022 12h25Atualizada em 26/08/2022 13h15

O presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), citou hoje o filho "02", o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), a fim de justificar o perdão presidencial concedido ao deputado Daniel Silveira (PTB-RJ) em abril deste ano.

Ao programa Pânico, da rádio Jovem Pan, o governante declarou considerar que Carlos é "visado" para ser preso por fake news.

Daqui a pouco prende um filho meu por fake news, como o Carlos é o tempo todo é visado, e agora eu vou falar que não pode ser preso? E o outro lá [Daniel Silveira], que falou besteira, ninguém nega isso aí. Não tem cabimento acontecer essas questões no Brasil
Jair Bolsonaro, em entrevista ao "Pânico"

Bolsonaro explicou aos entrevistadores do Pânico que, ao tomar conhecimento da pena aplicada pelo STF (Supremo Tribunal Federal) —8 anos e 9 meses de prisão, inicialmente em regime fechado—, ele fez uso de prerrogativa do chefe do Executivo para não arranjar confusão com a sua "consciência".

E o contraditório? O presidente ponderou, por outro lado, que foi alertado por assessores e aliados de que o gesto em relação a Silveira poderia gerar atritos com ministros do Supremo.

Foram dois dos crimes que balizaram a pena aplicada pela Corte ao deputado federal bolsonarista, que, na eleição anterior, esteve envolvido no episódio da quebra da placa em homenagem a Marielle Franco —vereadora assassinada na capital fluminense em 2018. Silveira responderia por tentar impedir o livre exercício dos Poderes e agredir verbalmente e ameaçar integrantes da Corte.

Carlos é investigado desde 2020. Em abril de 2020, período concomitante com o começo da pandemia e quase um ano e meio após Bolsonaro tomar posse, Carlos foi identificado pela Polícia Federal como um dos articuladores de um esquema criminoso de fake news.

O inquérito sigiloso conduzido pelo Supremo havia sido instaurado no ano anterior pelo então presidente da Corte, Dias Toffoli, para apurar denúncias de ameaças e calúnias proferidas contra membros do Tribunal. Posteriormente, as investigações passaram ao comando do ministro Alexandre de Moraes e tiveram desdobramentos.

À época, a apuração referente à suposta participação de Carlos no esquema foi apontada como uma das circunstâncias que motivaram a exoneração do ex-diretor da PF Maurício Valeixo, homem de confiança do então ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro. Moro não aceitou a saída do subordinado e rompeu com Bolsonaro. Ao pedir demissão do cargo de ministro de estado, ele acusou o presidente de tentativa de interferência na Polícia Federal.]

Bolsonaro disse ter recebido "informes". Em abril desse ano, em ato realizado no Palácio do Planalto para comemorar a soltura de Silveira, Bolsonaro disse ter sido informado "várias vezes" de ameaças de prisão contra Carlos. O presidente, no entanto, não apresentou provas.

"O cerceamento da liberdade de expressão, o cerceamento das mídias sociais não atinge apenas a mim. Porque quem foi meu marqueteiro? O Carlos Bolsonaro, que por várias vezes chegou para mim informes de ameaça de prisão por fake news", disse à época.

"Prender um filho do presidente por fake news. É grave? É. Como é grave prender qualquer um brasileiro. Mais grave ainda é prender um parlamentar.", completou.

Defesa de empresários golpistas. Hoje, o presidente também criticou a operação da Polícia Federal que mirou oito empresários bolsonaristas, apesar de dizer que não iria "polemizar" a questão. "O que faltou para prender esses oito empresários agora? Nada", declarou, complementando que não vê "nenhum petista criticando essa questão".

Em sua argumentação, Bolsonaro disse ver o Brasil caminhando para uma "ditadura", mas que não seria motivada por ações do Executivo. "As novas ditaduras não começam como no passado, pé na porta, mata um opositor, vai perdendo aos poucos? Quando você vê, está completamente amarrado", disse.