Terceira via unida, cachorrinha Tai, bate-bocas: os bastidores do debate
O debate com os candidatos à Presidência, na noite deste domingo (28), foi marcado por brigas entre auxiliares do presidente Jair Bolsonaro (PL) e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que quase chegaram às vias de fato. O evento foi promovido por UOL, Band, Folha e TV Cultura.
Ao longo da noite, o lounge de onde os convidados dos candidatos acompanharam o debate registrou comentários sobre a rouquidão de Lula, a união dos representantes dos candidatos da chamada "terceira via" — que têm marcado 1% de intenções de voto — e uma tietagem sobre "Tai", uma cachorrinha pug que a senadora Mara Gabrilli (PSDB-SP) levou para o local.
Briga entre auxiliares: A comitiva que acompanha o presidente Jair Bolsonaro (PL) no debate aplaudiu a réplica do chefe do Executivo ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na primeira interação entre ambos.
Bolsonaro, que fez a pergunta, questionou Lula sobre a corrupção na Petrobras e o endividamento acumulado na estatal durante as gestões do PT. Lula afirmou ter permitido que se investigassem os desvios e, na réplica, Bolsonaro disse que o governo dele foi "o mais corrupto da história do Brasil", o que provocou o aplauso dos auxiliares
O ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, que é candidato a deputado federal em São Paulo pelo PL, envolveu-se em uma briga com o deputado André Janones (Avante-MG), que desistiu da campanha presidencial para apoiar Lula.
Na sala onde ficam os convidados dos presidenciáveis, os dois bateram boca e quase partiram para o confronto físico até serem separados pelos seguranças do evento.
Só homens: Bolsonaro foi acompanhado apenas por homens no debate. Entre os auxiliares, estavam nomes como os ministros do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), Augusto Heleno, da secretaria-geral da Presidência, Luiz Eduardo Ramos e das Comunicações, Fábio Faria, além de Salles.
Uma das ausências notáveis foi a da primeira-dama Michelle Bolsonaro. O presidente, que citou a esposa em uma resposta a Simone Tebet, atacou a presidenciável e a jornalista Vera Magalhães em suas respostas.
Provocação: A discussão entre Janones e os auxiliares bolsonaristas foi retomada durante o primeiro intervalo. O vereador de Belo Horizonte Nikolas Ferreira (PL) foi até o grupo petista filmar Janones, que falava com a imprensa, e a discussão recomeçou.
"Vai chorar, Janones?", provocou Ferreira, filmando com o celular. "Seu vagabundo", respondeu o deputado. Sérgio Camargo, ex-presidente da Fundação Palmares, também entrou na briga. "Ele é um vagabundo, um vereador falso cristão de Minas", disse Janones à imprensa depois da confusão.
Jogo combinado: O barraco entre Salles e Janones rivalizou em atenção com os candidatos no debate de ontem. Depois que a confusão acabou, os convidados dos demais candidatos comentaram que o bate-boca era algo buscado pelos envolvidos. A avaliação é de os dois lados estarão com trechos editados em suas redes sociais alimentando seu eleitorado.
Rouquidão de Lula: Chamou atenção de interlocutores a voz rouca do petista durante as falas no debate. Com eventos quase diários, o ex-presidente já tem apresentado o problema em comícios de campanha, como o de São Paulo, no meio do mês.
De acordo com a campanha do petista, é a intensa agenda de compromissos, e não uma doença, que o deixaram rouco. Segundo a assessoria, mesmo quando Lula não tem eventos, fica em casa se treinando discursos e se preparando para entrevistas. Em maio de 2011, o ex-presidente foi diagnosticado com um câncer na laringe. Em outubro de 2012, depois de tratamento com quimioterapia, ele foi declarado livre da doença.
Troca de insultos: As brigas no lounge onde os convidados dos candidatos começaram na primeira referência a Bolsonaro no debate. A senadora Simone Tebet (MDB-MS) afirmou que era preciso mudar o presidente, até mesmo auxiliares equipe que não era da candidata aplaudiram a fala.
A primeira intervenção de Bolsonaro gerou ainda mais frisson. Antes mesmo de ele falar, os apoiadores gritavam "mito". Logo, havia gritos de "assassino" dos adversários. Os apoiadores do presidente responderam a provocação declarando que "assassino é quem rouba milhões da saúde".
Grupo mais animado, os bolsonaristas passaram a repetir "ladrão" quando Lula falou pela primeira vez e aplaudem Bolsonaro como se estivessem em estádio de futebol.
União da terceira via: No lounge dos convidados, os representantes de Tebet, Thronicke e D'Ávila, três candidatos com intenções de voto na faixa de 1%, tinham reações positivas entre si.
Enquanto riam das respostas de Ciro e debochavam ou criticavam as falas de Bolsonaro e Lula, as reações aos três candidatos eram muito similares, em espécie de apoio mútuo. Muitas vezes um grupo aplaudia o candidato adversário ou elogiava uma pergunta. Também riam e vaiavam em consenso.
Abraços de concorrentes: Após o fim do debate, Ciro e Tebet se encontram na saída da Band. Os dois se abraçam e o pedetista elogiou o desempenho da rival. Na sequência, brincou que vai precisar planejar um ataque depois do desempenho dela na noite de ontem. Carlos Lupi, presidente do PDT seguiu pelo mesmo caminho. "Eu tenho meu candidato, mas parabéns, você foi muito bem", disse à parlamentar.
Petistas na saída: Um grupo de apoiadores do ex-presidente Lula aguardou pela saída do candidato petista após o fim do debate. A passagem da comitiva cercada por seguranças e por policiais militares foi acompanhada pela militância.
"Pessoal, volta que nós ainda vamos esperar por ele. Não era o Lula", disse no microfone uma das organizadoras do ato. Logo em seguida, o grupo se desmobilizou rapidamente e deixou o local ao ser informado que o petista já havia deixado o local.
Problemas de acesso: Logo na chegada à Band, a senadora Mara Gabrilli (PSDB), candidata a vice de Tebet, experimentou as dificuldades de participar da corrida presidencial sendo cadeirante. O tablado de onde os candidatos falariam não tinha rampa. A equipe pediu uma solução e a produção prometeu providenciar, mas isto não aconteceu.
Quando Tebet chegou para as entrevistas, foi preciso a equipe fazer força para levantar a cadeira e colocar a senadora tucana em cima do tablado, que tinha cerca de 20 centímetros de altura. Os integrantes da campanha ressaltaram que a imprensa estava testemunhando como é a vida de cadeirante.
Melhor amiga: Mara Gabrilli levou a cachorrinha de estimação para os estúdios da Band. "Tai" é uma pug que vestia uma roupa rosa com uma pata de cachorro bordada nas costas. Enquanto a dona fazia campanha, o animal estava aos cuidados do segurança. Ele falou que a cadelinha sempre acompanha Mara nas agendas porque a convivência está mais difícil nestes tempos de campanha presidencial.
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