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Bolsonaro retruca 'tchutchuca do centrão' e diz que repórter não tem classe

Do UOL, em Brasília e São Paulo

30/08/2022 15h14Atualizada em 30/08/2022 15h53

O presidente Jair Bolsonaro (PL) se irritou hoje ao comentar a relação do governo com o centrão, bloco composto por partidos que costumam remar de acordo com a maré na política, e criticou um repórter do UOL ao ouvir menção ao episódio no qual o candidato à reeleição foi chamado de "tchutchuca do centrão" no cercadinho do Palácio da Alvorada.

Insatisfeito com a indagação, Bolsonaro apenas repetiu o termo cunhado pelo youtuber Wilker Leão —em 18 de agosto, ele foi ao cercadinho para contestar Bolsonaro e, durante filmagem com o celular em mãos, usou a expressão para criticá-lo. Na ocasião, o presidente não gostou, o abordou e tentou tirar o telefone, além de proferir ofensas.

Com a repercussão do vídeo, Wilker viu multiplicar seu número de seguidores e juntou-se ao grupo MBL (Movimento Brasil Livre). Até o jornal New York Times, um dos mais lidos do mundo, incorporou o "tchutchuca" a seu vocabulário.A gíria viralizou nas redes e chamou atenção da mídia, mas diversas reportagens internacionais tiveram dificuldades com a tradução.

Além de manifestar irritação com a abordagem, Bolsonaro retrucou e perguntou ao repórter do UOL se ele "não tinha classe".

Tchutchuca do centrão? Você não tem classe para fazer uma pergunta, não? Quem é tchutchuca do centrão? Me apontem ministérios entregues para políticos"
Jair Bolsonaro

Defesa do centrão. Depois de participar de uma sabatina com lideranças do setor de comércio e serviços, em Brasília, Bolsonaro defendeu hoje a aliança com o centrão e disse necessitar do grupo para ter governabilidade e aprovar projetos no Parlamento.

"Vocês querem que eu abandone o centrão? Vou negociar com quem? Aprovar proposta no Parlamento... Quem aprova proposta no Parlamento sem partido é ditadura", disse.

O presidente costuma ser criticado, inclusive por eleitores que se identificam com o campo de direita e de centro-direita, por ter incorporado o centrão à base do governo. A aproximação se intensificou logo após o início da pandemia da covid, em 2020, quando a chamada "ala ideológica" perdeu espaços de poder dentro do Executivo federal.

Apesar da negativa de Bolsonaro, a costura da aliança rendeu nomeações de ministros, como Fábio Faria à frente das Comunicações e João Roma, na Cidadania.

'Se gritar pega centrão...'. Ao ser relembrado da ironia do ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), general Augusto Heleno, em relação ao centrão —quando ele fez uma paródia da música "se gritar pega ladrão"—, Bolsonaro rebateu: "Vai entrevistar o Heleno, rapaz. Quantos deputados tem o Parlamento cubano?"

Na convenção partidária em julho de 2018, Heleno cantou: "Se gritar pega centrão, não fica um, meu irmão".