Bolsonaro pede que imprensa questione venezuelana: 'Yo no estoy mas aqui'
O presidente Jair Bolsonaro (PL) tentou evitar responder a questionamentos da imprensa e pediu aos jornalistas que direcionassem suas perguntas a uma mulher que estava ao seu lado — uma integrante da equipe de bombeiros civis do evento do qual o candidato à reeleição participou hoje em Brasília. Segundo o presidente, ela é venezuelana.
"Que imprensa é essa que não quer ver a verdade. Pergunte para ela [mulher que estava ao lado dele]. Eu não estou mais aqui. Yo no estou mas aqui [em espanhol seria 'ya no estoy aquí']. Respeite a dor de uma senhora", afirmou Bolsonaro aos jornalistas após ser sabatinado por lideranças do setor de comércio e serviços, em Brasília. Ela já havia sido questionado pelos repórteres na saída, quando voltou ao interior do local da sabatina e retornou acompanhando da bombeira.
Visando estimular o antipetismo, Bolsonaro tem usado como estratégia política citar países comandados por governos de esquerda e criticar a Venezuela. Na semana passada, ele levou um venezuelano ao palanque em Minas Gerais.
Reportagens exclusivas do UOL mostraram que o clã Bolsonaro adquiriu 51 propriedades com pagamentos em espécie ao longo das últimas três décadas. Bolsonaro disse que não sabia "o que estava escrito na matéria", mas rebateu. "Qual é o problema de comprar com dinheiro vivo algum imóvel, eu não sei o que está escrito na matéria... Qual é o problema?".
Ainda hoje, o presidente se irritou ao comentar a relação do governo com o centrão e criticou um repórter do UOL ao ouvir menção ao episódio no qual o candidato à reeleição foi chamado de "tchutchuca do centrão" no cercadinho do Palácio da Alvorada.
Insatisfeito com a indagação, Bolsonaro apenas repetiu o termo cunhado pelo youtuber Wilker Leão —em 18 de agosto, ele foi ao cercadinho para contestar Bolsonaro e, durante filmagem com o celular em mãos, usou a expressão para criticá-lo. Na ocasião, o presidente também se irritou, o abordou e tentou tirar o telefone, além de proferir ofensas.
"Tchutchuca do centrão? Você não tem classe para fazer uma pergunta, não? Quem é tchutchuca do centrão? Me apontem ministérios entregues para políticos", disse o presidente.
O presidente costuma ser criticado, inclusive por eleitores que se identificam com o campo de direita e de centro-direita, por ter incorporado o centrão à base do governo. A aproximação se intensificou logo após o início da pandemia da covid, em 2020, quando a chamada "ala ideológica" perdeu espaços de poder dentro do Executivo federal.
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