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PI: Candidato que usou fala racista é proibido de usar Lula em santinhos

Silvio Mendes, no Piauí, segue o discurso de neutralidade de eleição presidencial - Reprodução
Silvio Mendes, no Piauí, segue o discurso de neutralidade de eleição presidencial Imagem: Reprodução

Do UOL, em São Paulo

02/09/2022 19h41Atualizada em 02/09/2022 21h51

A Justiça Eleitoral do Piauí proibiu o candidato ao governo do estado Sílvio Mendes (União Brasil) de usar a imagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em "santinhos" da campanha. A decisão foi proferida ontem pelo desembargador Hilo de Almeida Sousa. Ao UOL, a assessoria de Mendes negou a produção dos "santinhos".

Nesta semana, o candidato fez uma fala racista em sabatina do jornal Meio Norte, do Grupo Meio Norte de Comunicação. Ao ser questionado pela jornalista Katya D'Angelles sobre planos para proteger as mulheres e minorias, o candidato disse que "você que é quase negra na pele, mas é uma pessoa inteligente, teve a oportunidade que a maioria não teve e aproveitou". Depois da repercussão, ele disse que foi "infeliz" e "aprendeu com o erro".

A representação foi protocolada na justiça pela coligação A Força do Povo (PT, PCdoB, PV, MDB, PSB, PSD, Solidariedade e Pros), que tem entre os líderes o também candidato a governador do Piauí pelo PT, Rafael Fonteles. Mendes é apoiado pelo ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, e tem laços com a campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL).

"(...) O material apresentado foi produzido de forma a criar um falso contexto político no qual o candidato à Presidência da República, Luís Inácio Lula da Silva (LULA), filiado ao Partido dos Trabalhadores-PT, estaria apoiando o primeiro (Sílvio Mendes) e segundo (Coligação Vamos Mudar o Piauí) representados", alegou A Força do Povo. A Coligação Vamos Mudar o Piauí é composta pelos partidos PSDB, Cidadania, PP, PDT, PTB, União Brasil, de Mendes, e Avante.

"É nítido que o material impugnado pelo representante, tenta criar um informação falsa dirigida ao eleitor, onde o candidato à presidência da República Luís Inácio Lula da Silva pertencente a Federação Brasil da Esperança aparece ao lado do candidato ao governo do Estado do Piauí Sílvio Mendes, pertencente a Coligação Vamos Mudar o Piauí criando o falso contexto político onde Lula apoiaria Sílvio Mendes e até mesmo Joel Silva, candidato ao Senado coligação Vamos Mudar, também figurando na mesma propaganda impugnada."

O desembargador ainda ressaltou que Lula "é público e notoriamente apoiador da candidatura de Rafael Fonteles para o cargo de governador e de Wellington Dias para o Senado Federal".

"Logo, o material apresentado tenta criar um estado mental artificial na opinião pública, por consequente, configurando-se uma propaganda eleitoral irregular."

Sousa determinou o recolhimento do material em 24 horas e impediu a publicação da imagem do "santinho" nas redes sociais até que o mérito seja julgado sob pena de multa de R$ 1 mil a R$ 30 mil. O desembargador solicitou que os representados, incluindo Mendes, apresentem suas defesas em até dois dias e que o Ministério Público Eleitoral se manifeste no prazo de um dia.

O que diz Mendes?

Ao UOL, a assessoria de Mendes declarou que, "como gestor, ele atuou ao lado de Lula".

"Entretanto, a equipe de comunicação da campanha de Sílvio Mendes informou que não confeccionou qualquer peça que tenha a imagem dele ao lado de Lula. O processo diz respeito a adesivos feitos por um prefeito, que pagou do próprio bolso para fazer essa divulgação."

Já sobre a disputa, o candidato disse que "mantém a sua postura com relação à disputa nacional".

"Segundo o candidato, se eleito, vai buscar o presidente da República que for eleito, independentemente de quem seja, para que contribua com projetos para os piauienses. Reafirmou ainda que, quando foi prefeito de Teresina, atuou ao lado do então presidente Lula em obras como o Hospital de Urgência (HUT)."