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Ciro critica Lula e Bolsonaro, mas diz que não descartará Centrão se eleito

Ciro Gomes (PDT) contou como pretende negociar com os políticos do Centrão caso seja eleito para a presidência da República - TON MOLINA/ESTADÃO CONTEÚDO
Ciro Gomes (PDT) contou como pretende negociar com os políticos do Centrão caso seja eleito para a presidência da República Imagem: TON MOLINA/ESTADÃO CONTEÚDO

Tiago Minervino

Colaboração para o UOL, em Maceió

05/09/2022 15h19

Ciro Gomes, candidato do PDT à presidência da República, criticou a forma como seus adversários, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), mantiveram negociações com os parlamentares do Centrão em seus respectivos governos. O pedetista afirmou que, se eleito, não descartará essa ala política, mas disse que fará de uma forma diferente para não se tornar refém dos deputados e senadores.

Durante participação no programa "Pânico", na Jovem Pan, Ciro disse que Lula conseguiu "crescer" politicamente "denunciando a corrupção dos outros", mas, posteriormente, foi preso sob suspeição de irregularidades em seus governos.

O ex-ministro também destacou que Bolsonaro igualmente se elegeu ao Palácio do Planalto com discurso contra corrupção e o fisiologismo representado na figura do Centrão, mas, hoje, não apenas enfrenta denúncias de corrupção, como está abraçado com esses políticos, sobretudo ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).

"Eu não vou descartar o Centrão, essa é a minha diferença dos dois", iniciou. "O Lula e o PT cresceram denunciando a corrupção dos outros. Tudo no Brasil era corrupto, menos o Lula e o PT, depois nós vimos que isso era mentira, porque virou o epicentro da ladroeira, a corrupção criminosa que se tornou a cúpula do PT", acrescentou, ressaltando ter clareza de que há "muita gente boa" no Partido dos Trabalhadores.

"O Bolsonaro se elege denunciando a corrupção do PT, a corrupção do Centrão, e vai lá e adere [ao fisiologismo], esse é o erro. Estou dizendo ao povo brasileiro que farei o oposto. Estou dizendo que, primeiro, vote nas minhas ideias. Não adianta me mandar para Brasília achando que sou o salvador da pátria, é preciso que nós transformemos as eleições em um plebiscito de ideias, porque o povo elege a mim e as minhas ideias", completou.

Ao ser questionado sobre o fato de o PDT não conseguir eleger a quantidade necessária de parlamentares para evitar barganha com o Centrão, Ciro Gomes ponderou que o ideal seria o seu partido conseguir levar para o Congresso Nacional o máximo de deputados e senadores possível. Porém, diante da realidade dos fatos, ele afirmou que negociará com todos aqueles que sejam eleitos pelos votos dos brasileiros, independentemente da ideologia e da legenda.

Ainda, Ciro alegou que a "grande diferença" de seu eventual governo em relação aos de Lula e Bolsonaro, será o fato de que se reunirá com os prefeitos e os governadores para propor um "pacto" com os estados e os municípios, que hoje se encontram "quebrados", para "reestruturar as dívidas" deles com a União.

Além de propor reestruturação das dívidas, o pedetista contou que pretende deixar entre 12% a 15% das receitas correntes produzidas por cada estado lá mesmo, em vez de enviar esses valores para Brasília, porque assim os governadores e os prefeitos "poderão fazer o programa de investimentos compensando os deputados naquilo que eles pedem", impedindo, portanto, que os parlamentares procurem barganhar com o Executivo Federal.

"O que remanescer de impasse, mandarei direto para o voto popular por meio de plebiscito", acrescentou, salientando que, outra estratégia para não ter que ficar dependente do Centrão, é abrir mão da reeleição.