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Lula diz que tentou contatar família de petista morto por bolsonarista

Do UOL, em Taboão da Serra (SP) e em São Paulo

10/09/2022 12h39

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse hoje que tentou contatar a família do petista assassinado por um bolsonarista com golpes de faca e machado em Confresa (MT) . A investigação aponta para discussão política. Em comício em Taboão da Serra, região metropolitana de São Paulo, Lula disse que o PT tem de ajudar a família da vítima e voltou a relacionar a morte às ações do presidente Jair Bolsonaro (PL).

"Ele foi assassinado numa cidade do Mato Grosso, mas ele na verdade morava numa cidade chamada Santana do Araguaia (PA). Hoje de manhã eu tentei localizar a família, não consegui", disse Lula.

O ex-presidente disse ter ligado para o senador Paulo Rocha (PT-PA) para pedir que ele fosse ao enterro.

"Fiquei sabendo que o enterro tinha sido ontem mesmo, então eu pedi pro nosso senador ir procurar a família dela", completou.

Se ele tem mulher e se ele tem filho, o PT tem obrigação de saber de todas as coisas para ajudar essa família que foi vítima do genocida chamado Bolsonaro. Lula, em Taboão.

Segundo o delegado responsável pelo caso, o apoiador de Lula foi morto com 15 facadas e um golpe de machado no pescoço.

A investigação aponta que a discussão começou por motivos políticos. Os dois eram colegas de trabalho, não amigos, e estavam em uma chácara.

Supremacia Branca. Lula também criticou o uso político das comemorações do dia 7 de Setembro por Bolsonaro e disse parecer a "Ku Klux Klan", porque, para ele, não havia diversidade entre o público que compareceu às manifestações de apoio ao presidente.

Nunca na história do país um presidente da república tentou usurpar do povo brasileiro a comemoração da data da nossa independência e ele fingiu que era dele e fez da independência um ato político dele achando que iria me processar. E agora está me processando porque eu disse que o caminhão dele estava na supremacia branca. Não tinha negro. E eu pensei quase que era a Klux Klan, eu achei que era uma coisa da supremacia branca que não gosta de pobre, que não gosta de negro, que não gosta de pardo, que não gosta de índio, que não gosta de quilombola, que não gosta de mulher, que não gosta de doméstica, que não gosta dos sindicatos, ou seja, é essa gente que está dizendo que vai destruir o PT. Lula

7 de Setembro. Ainda tecendo críticas aos atos de Bolsonaro na data do bicentenário da independência do Brasil, Lula criticou a fala do candidato do PL que, após discurso em Brasília, puxou um coro para si mesmo de "imbrochável":

Ninguém quer saber se ele é brocha ou não é brocha. Isso é problema dele, não é problema nosso. A gente quer saber se vai ter emprego, se vai ter salário, se vai ter educação.

Preço da carne. O petista também disse que é necessário "discutir o preço da carne", ao dizer erroneamente que o Brasil é o maior produtor de carnes do mundo. Na verdade, o Brasil ocupa o terceiro lugar na produção mundial, atrás de China e Estados Unidos.

Nós vamos ter que discutir o preço da carne nesse país. Nós vamos ter que discutir se vai continuar só exportando ou se vai deixar um pouco para nós comermos. - Lula

O ex-ministro Fernando Haddad (PT), candidato ao governo de São Paulo, também relacionou a Bolsonaro esta morte e a de Foz do Iguaçu, em janeiro, quando um homem foi morto durante sua festa de aniversário que tinha o ex-presidente como tema.

Agora eles [bolsonaristas] partiram para a ignorância total. Já mataram dois petistas. Dois bolsonaristas. Um entrou no aniversário da pessoa, na frente dos filhos menores, e disparou uma arma de fogo contra o aniversariante que completava 50 anos. E essa semana, outra vítima do assassinato que o Bolsonaro promove no país, que começou com a pandemia e tem data pra acabar. Essa palhaçada acaba dia 2 de outubro. Não pode continuar. Fernando Haddad, sobre assassinatos

"Eu tenho dito que essa aqui não é uma eleição, numa eleição você escolhe um governo. Aqui estamos escolhendo um regime. Se a gente quer continuar vivendo em liberdade ou se a gente vai jogar o país no abismo do autoritarismo, porque é isso que Bolsonaro representa. É o abismo do autoritarismo", completou Haddad.

Imóveis de Bolsonaro. O deputado Márcio Macedo (PT-SE), tesoureiro da campanha, falou durante seu discurso em Taboão da Serra sobre as casas e apartamentos comprados com dinheiro vivo por Bolsonaro e seus familiares. A informação foi revelada pelo UOL no fim de agosto.

Nós vamos lhe enfrentar nas ruas e nas urnas e não temos problema de falar de corrupção, porque bolsonaro precisa explicar ao brasil como é que ele [Bolsonaro] comprou e a familia dele mais de 50 imóveis com 56 milhões de dinheiro vivo. Bolsonaro precisa explicar o brasil onde é que está o [ex-assessor Fabrício] Queiroz, que é o rei das suas rachadinhas. Bolsonaro precisa explicar ao Brasil por que ele bota 100 anos de sigilo para os picaretas que estão com ele e que tentaram roubar a vacina. Márcio Macedo, sobre Bolsonaro

Um pouco exaltado, o deputado chamou Bolsonaro de "canalha" e disse que, para falar de Lula, era necessário lavar a boca com detergente e água sanitária.

Segundo o UOL apurou, desde os anos 1990 até os dias atuais, o presidente, irmãos e filhos negociaram 107 imóveis, dos quais pelo menos 51 foram adquiridos total ou parcialmente com uso de dinheiro vivo, segundo declaração dos próprios integrantes do clã. O uso de dinheiro em espécie para transações imobiliárias pode indicar operações de lavagem de dinheiro ou ocultação de patrimônio.

Sob o sol. Os comícios de Lula, que chegaram a atrasar até 2 horas em algumas cidades, têm sido mais pontuais. Marcado para as 11h, o de Taboão começou apenas com 23 minutos de atraso. Sob um sol de 29ºC, o ato também foi agilizado, durou menos de 2 horas, e ainda assim duas pessoas tiveram de ser retiradas pelos bombeiros.