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Lula reclama de clima 'incivilizado' nessas eleições: 'Nunca tinha visto'

Lula foi entrevistado por William Waack na CNN Brasil - Reprodução/CNN Brasil
Lula foi entrevistado por William Waack na CNN Brasil Imagem: Reprodução/CNN Brasil

Do UOL, em São Paulo

12/09/2022 21h31Atualizada em 12/09/2022 23h51

Durante entrevista à CNN Brasil, nesta segunda-feira (12), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reclamou do clima "incivilizado" no Brasil a poucas semanas das eleições. Ao relembrar de outras disputas eleitorais, o petista disse "nunca ter visto" algo semelhante como a atual situação.

Desde que comecei a fazer política, nunca tinha visto, nunca assisti —e disputei todas as eleições—, eu nunca tinha visto um comportamento incivilizado como estou vendo agora."

"Já houve duas mortes em 2018, já houve tiro, já houve bomba no meu escritório, duas mortes agora", completou o petista, sem citar a facada contra o presidente Jair Bolsonaro (PL) há quatro anos.

Para Lula, o atual chefe do Executivo tem culpa por "provocar e instigar" o clima de violência no país.

"Você viu a humilhação que tentaram fazer com uma moça com a cesta básica. Deixa eu te dizer uma coisa, você não vai querer presidir o país para tentar instigar, sabe, a confusão."

O petista enumerou casos de violência que ocorreram em anos eleitorais.

Esse país precisa de paz para melhorar e quem pode fazer isso é o presidente da República. É o comportamento dele [Bolsonaro] que dita um pouco as regras do que vai acontecer na sociedade. E esse atual presidente vive disso, ele vive de provocar, ele vive de instigar, ele vive de desrespeitar, ele vive de ofender ministro da Suprema Corte."

Escalada da violência. Há dois meses, um bolsonarista invadiu uma festa de aniversário, com tema do PT e fotos do ex-presidente, e matou o guarda municipal Marcelo Arruda, que era militante do partido.

Segundo testemunhas, o agente penitenciário Jorge José da Rocha Guaranho entrou no local da festa e gritou "Aqui é Bolsonaro". Guaranho também foi ferido, mas sobreviveu e está preso.

Na ocasião, Bolsonaro chegou a ligar para família de Arruda e convidar os parentes da vítima que o apoiaram para uma coletiva de imprensa.

"Eu faria isso para vocês terem a imprensa na frente de vocês para mostrar o que aconteceu. Se bem que a imprensa dificilmente vai voltar atrás, porque grande parte da imprensa tem o seu objetivo também, que é desgastar o meu governo", disse o presidente. As declarações de Bolsonaro foram criticadas.

Discussão após 7/9. Na semana passada, um caso parecido se repetiu em Confresa, no estado de Mato Grosso. Um apoiador de Bolsonaro confessou ter assassinado um eleitor de Lula. O ajudante de serviços gerais Rafael Silva de Oliveira foi preso preventivamente por homicídio duplamente qualificado por motivo fútil e meio cruel.

De acordo com a polícia, foram ao menos 15 golpes de faca no olho, na testa e no pescoço de Benedito Cardoso. Rafael ainda tentou decapitar a vítima com um machado.

Lula já havia classificado o caso como "selvageria".

Humilhação na entrega de marmita. No último fim de semana, o vídeo de um homem que se identifica como integrante da campanha de Jair Bolsonaro viralizou nas redes sociais. Ele diz a uma mulher pobre que ela não receberá mais doação de marmitas por ser eleitora de Lula.

O empresário Cassio Joel Cenali teria gritado o nome do presidente antes da gravação. Segundo reportagem, ele já foi condenado pela Justiça por compra de cabeças de gado usando cheques sem fundo em ao menos duas ocasiões. Além disso, recebeu auxílio emergencial no auge da pandemia de covid-19 e deixou de pagar IPTU por quatro anos em Itapeva, no interior de São Paulo.

Após a repercussão negativa de seu vídeo, ele chegou a se desculpar e disse que se arrependeu.