Topo

'Não queremos as Forças Armadas se metendo nas eleições', diz Lula

Para Lula, que discursou em Curitiba, as Forças Armadas "não tinham que se preocupar em fiscalizar urna" - Cassiano Rosário/Futura Press/Estadão Conteúdo
Para Lula, que discursou em Curitiba, as Forças Armadas 'não tinham que se preocupar em fiscalizar urna' Imagem: Cassiano Rosário/Futura Press/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

17/09/2022 17h00Atualizada em 17/09/2022 17h05

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse neste sábado (17) que, se for eleito, as Forças Armadas vão voltar a ter o "papel nobre" que está definido na Constituição, sem nenhum envolvimento nas eleições. A declaração faz referência à pressão que as Forças Armadas têm feito junto ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), exigindo, inclusive, a realização de um novo teste de integridade.

"Nossas Forças Armadas não tinham que estar preocupadas em fiscalizar urna. Quem tem obrigação de fiscalizar é a Justiça Eleitoral, os partidos e os candidatos. [Se eu for eleito] Vão ter que cumprir com a sua função de garantir a soberania do país contra possíveis inimigos externos", disse Lula durante comício em Curitiba.

Não queremos as Forças Armadas se metendo nas eleições do nosso país.
Lula (PT), em discurso

A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) também esteve presente no comício, e Lula a saudou como "a mulher mais injustiçada deste país". Na maioria dos discursos do dia, predominaram os pedidos para que os apoiadores de Lula redobrassem os esforços para conquistar mais votos, com o objetivo de terminar a disputa ainda no primeiro turno.

Na última pesquisa Datafolha, divulgada na quinta-feira (15), Lula apareceu com 48% dos votos válidos no primeiro turno. Considerando a margem de erro, que é de dois pontos percentuais para mais ou para menos, não é possível cravar se haverá segundo turno contra o presidente Jair Bolsonaro (PL), que somou 35%.

"Amor" por Curitiba

No início do discurso, Lula negou que tenha "ódio" de Curitiba, cidade onde ficou preso entre 2018 e 2019. Ele lembrou que foi neste período em que conheceu Rosângela Silva, a Janja, hoje sua esposa, e exaltou o apoio de militantes que permaneceram acampados em frente à sede da Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, pedindo sua liberdade.

"A cadeia me fez aprender a amar Curitiba. Porque foi aqui na cadeia que eu conheci a Janja, e foi aqui que nós decidimos nos casar. Então tenho gratidão por Curitiba, tenho respeito por Curitiba e tenho muito mais carinho pelos homens e mulheres desta cidade e deste estado que não mediram esforços para ficar 580 dias pedindo a minha liberdade", declarou.

"Obrigado, Curitiba, por tudo que vocês fizeram por mim e pelo Brasil."

Agronegócio

Lula também afirmou que respeita muito o agronegócio brasileiro e fez aceno aos pequenos produtores.

"A agricultura familiar vai voltar a produzir mais comida, porque se for necessário, o governo vai comprar. Eu tenho um profundo respeito pelo grande produtor de soja, de cana, de milho, mas se ele quiser um franguinho caipira, ele vai ter que comprar da pequena propriedade rural", disse.

Ele acrescentou que, em seu possível governo, "não haverá mais invasão na Amazônia, não haverá mais corte de madeira ilegal, não haverá mais garimpo ilegal".

Religião

A fala de Lula contou, ainda, com muitos acenos para o eleitorado religioso. Ao pegar o microfone, o candidato petista fez o sinal da cruz e, durante o discurso, fez questão de citar encontros com o Papa Francisco e com o Conselho Mundial das Igrejas, além de afirmar que "comer está garantido na Bíblia e na Constituição".

"Alguns mentirosos tentam se aproveitar de Deus usando o nome dele em vão. Acho que não é necessário e acho que vocês compreendem que a gente não precisa que o Estado tenha religião e a gente não precisa que a religião tenha partido. O que a gente quer é que o Estado conviva com todas as igrejas. A gente não pode aceitar que nenhuma desrespeite outra", defendeu.

Ele acrescentou que foi seu governo que regulou a lei de liberdade religiosa, em 2003, e que foi ele quem criou a Marcha para Jesus, que hoje tem sido usada por Bolsonaro como palanque eleitoral.

(Com Estadão Conteúdo)