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Toledo: Bolsonaro vai apostar em clima de medo para aumentar abstenção

Colaboração para o UOL, em São Paulo

22/09/2022 20h32Atualizada em 22/09/2022 21h14

Com os dados mais recentes da pesquisa Datafolha, contratada pelo jornal Folha de S.Paulo e TV Globo e divulgada hoje, mostrando que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) segue na liderança da corrida eleitoral, o presidente Jair Bolsonaro (PL) deve intensificar uma tática já adotada para estimular a abstenção no dia da votação. A análise é do colunista do UOL José Roberto de Toledo.

"É um momento bom para Lula e ruim para Bolsonaro, que já fez tudo que podia e nada faz ele sair desse patamar", disse o jornalista, durante o programa Análise de Pesquisas. No Datafolha, o petista registrou 47% das intenções de voto, contra 33% de Bolsonaro.

Segundo Toledo, a pesquisa de hoje consolida a tendência mostrada pelo instituto Ipec no início da semana: Lula atingiu o teto de votos úteis e ainda ricocheteou para cima.

"Se Bolsonaro não consegue empatar com seu principal adversário, fica difícil de — desde que o jogo se dê dentro das 4 linhas do campo — Bolsonaro ganhar essa partida", afirmou.

Por isso, Toledo disse que haverá um reforço na "tática do bolsonarismo" para a reta final das eleições.

"A violência e o medo estão aumentando [contra e entre apoiadores do PT]. Essa é a tática do bolsonarismo: 'vamos criar um clima de medo para ver se as pessoas não vão votar.' Quanto maior for o comparecimento, maior a chance do Lula levar no primeiro turno", apontou.

Brígido: Datafolha mostra voto útil aparecendo e possível migração de Ciro para Lula

"Vemos o voto útil aparecendo [na mais recente pesquisa Datafolha]", avalia a colunista do UOL Carolina Brígido. "Lula teve uma oscilação dentro da margem de erro, mas mostra a tendência típica do voto brasileiro de esperar chegar perto da eleição para votar em quem vai ganhar", completa.

No novo levantamento do instituto, em terceiro lugar aparecem empatados dentro da margem de erro Ciro Gomes (PDT), com 7%, e Simone Tebet (MDB), com 5%. Ciro tinha 8% no levantamento anterior e oscilou negativamente, enquanto Tebet manteve a pontuação.

"Interessante que Ciro oscilou para baixo, e Simone se manteve estável. O que nos leve a acreditar que, talvez, o eleitor do Ciro esteja se bandeando para o Lula, já que Bolsonaro ficou estável", diz Brígido.

Quem impede eleição decida no 1º turno não é Ciro, mas os ricos e evangélicos, diz Toledo

"Se pegar a essência do eleitor bolsonarista, é um homem branco, de renda e escolaridade mais altas, portanto, pessoas que têm melhor situação na sociedade perante os outros", disse o colunista do UOL José Roberto de Toledo. "Do Lula, são mulheres, pretas ou pardas, com escolaridade e principalmente com renda mais baixa — quem sofre e sofreu mais nos últimos anos."

"O voto é o espelho da situação de cada um. Quem está bem, não quer mudar. Quem está mal, quer que seja outra coisa, pois não suporta mais isso", prosseguiu.

"Se dependesse das mulheres, a eleição acabava em 2 de outubro. A mesma coisa entre os mais pobres, menos escolarizados e entre os negros. Ou seja, quem está segurando essa eleição não é o Ciro Gomes."

"Quem está evitando que essa eleição seja decidida em 2 de outubro são alguns segmentos da sociedade brasileira. É o pessoal de renda mais alta e o segmento evangélico", apontou Toledo.

O Análise de Pesquisas vai ao ar sempre após a divulgação de pesquisas Ipec ou Datafolha para presidência da República.

Quando: toda semana após divulgação de pesquisa Ipec ou Datafolha.

Onde assistir: Ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL.

Veja a íntegra do programa: