Gilmar diz que críticas de Bolsonaro às urnas são reflexos das pesquisas
O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes afirmou que as críticas feitas pelo presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) às urnas eletrônicas "vêm a calhar", sobretudo ao analisar as pesquisas com intenções de voto que têm mostrado o atual chefe do Executivo "com dificuldades" de ser reconduzido ao posto.
Em entrevista ao site Diário de Notícias, de Portugal, Gilmar defendeu o atual sistema de votação brasileiro e avaliou que esse tema foi "muito politizado" por Bolsonaro e por seus apoiadores nos últimos meses.
"[As eleições] vão acontecer com o voto eletrônico e não há nenhuma dificuldade em relação a isso. A questão foi muito politizada. Eu tenho a impressão de que isso está nessa agenda de encontrar inimigos do que se chama o populismo iliberal", declarou.
Para o ministro, é justamente essa demanda do "populismo iliberal" que faz com que Bolsonaro veja o STF como "inimigo".
Gilmar nega que a Corte seja um "partido de oposição" ao Executivo, e cita, por exemplo, o trabalho em conjunto realizado entre o Supremo e o governo federal para aprovar o orçamento de guerra durante a pandemia de covid-19.
Por fim, Gilmar Mendes apontou que, por se tratar de ano eleitoral, Jair Bolsonaro trocou o alvo, ao priorizar o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) como o novo "inimigo", em vez do STF.
"Muitos apoiadores de Bolsonaro dizem que o Supremo é o partido de oposição. Nada disso, pelo contrário. Em muitos casos, inclusive durante a pandemia, como a criação do orçamento de guerra, nós apoiamos, mas acho que isso faz parte dessa agenda, e agora o novo inimigo é a urna. Desta vez não é o Supremo, é o TSE. Também há a circunstância eleitoral - as pesquisas começam a indicar Bolsonaro com dificuldade em ganhar a eleição, então a discussão sobre a urna eletrônica também vem a calhar", concluiu.
Pesquisa do Datafolha divulgada na noite de quinta-feira (22) mostra que o ex-presidente ampliou sua vantagem para 14 pontos, aumentando as chances de a disputa encerrar no primeiro turno. Lula tem 47% das intenções de voto, contra 33% de Bolsonaro.
Bolsonaro ataca o TSE
Embora ainda faça críticas pontuais ao STF, nos últimos meses o presidente tem concentrado suas críticas ao TSE.
Além de repetir e divulgar informações falsas sobre a segurança e lisura das urnas eletrônicas, Bolsonaro também acusa o TSE de tomar "medidas arbitrárias" com o intuito de prejudicá-lo.
Na sexta-feira (23), durante comício em Divinópolis (MG), Jair Bolsonaro falou em colocar um "ponto final nos abusos" de outro Poder, em referência ao Judiciário.
"O Brasil é um país livre. Vocês sabem que vocês estão tendo cada dia mais a sua liberdade ameaçada por outro poder, que não é o Poder Executivo. E nós sabemos que devemos botar um ponto final nesse abuso que existe por parte de outro Poder", disse.
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